Hori Real Arcade Pro Tekken 7 Edition – Análise

Os acessórios ocupam um papel central nos videojogos. Com eles é possível melhorar uma experiência, tornando-a mais rica e gratificante. Um jogo de automóveis poderá ser melhor explorado se adicionarmos um volante, mais ainda se juntarmos um conjunto de pedais e, para culminar a verdadeira sensação de condução, uma backet. No limite e se forem suficientemente engenhosos podem criar um sistema hidráulico capaz de produzir vibrações. O mesmo sucede com a variante arcade noutros géneros, através de sistemas equipados com um joystick para manobrar uma personagen e botões de rápida sensibilidade ao toque para um desempenho de movimentos perfeito. As arcadas notabilizaram-se durante décadas e mesmo hoje, apesar do manifesto declínio, perduram nalguns salões, quanto mais não seja mantendo a chama do passado acesa e mostrando que aquelas máquinas foram criadas para durar e suportar uma utilização permanente.

No domínio arcade, há uma ligação muito grande com os “fighting games”. Este género nasceu e cresceu nas arcadas, ganhando dimensão nas consolas por força do amplo mediatismo e popularidade. Os jogadores habituaram-se a jogar nos moldes com que foram criados, através de peças tão imprescindíveis como um joystick e botões fixos a uma superfície, a fim de executarem com mais facilidade as combinações e movimentos específicos das personagens. Não quer dizer que através de um comando ou pad não seja possível obter combos cruciais e golpes. A versatilidade de um “pad” é uma das maiores conquistas desta indústria. Com um pad é possível jogar todos os jogos, mas o mesmo já não se pode dizer da base de uma arcada, construída para géneros muito específicos.

A pensar no crescimento das consolas, há muito que as fabricantes passaram a desenvolver acessórios pensados justamente em experiências de cariz arcade, especialmente os “fighting games”. A geração passada, por ocasião do lançamento de Street Fighter IV, em 2009, a Mad Catz lançou uma série de produtos com o selo oficial da série, em colaboração com a Capcom. Desde “fight pads”, passando por uma gama de “fight sticks” mais acessíveis até ao exigente “tournament fight stick” (o topo de gama), os jogadores foram contemplados com uma oferta significativa, oriunda de uma empresa que começou por destacar-se ao comercializar acessórios mais acessíveis antes de passar a distribuir produtos dotados dos melhores materiais numa arcada japonesa, nomeadamente botões e joystick sanwa.

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Licenciado pela Bandai Namco e pela Sony, pode ser ligado à PS4, PS3 e PC.

No mês de lançamento de Street Fighter IV acabei por encomendar no eBay um “tournament fight stick” da Mad Catz para a Xbox 360, que não só utilizei nos jogos de luta mas também em clássicos de plataformas e outros jogos de cariz arcade, nomeadamente do XBLA. Ainda hoje e depois de uma utilização intensiva, permanece num estado impecável, assegurando uma elevada performance.

Com a chegada das consolas da nova geração, o apoio aos acessórios da anterior geração levou um grande corte. Usando na PS3 um “fight stick” da Namco da época da PS2 com facilidade, o mesmo não acontece na PS4 e por isso acabei por dar um salto para um novo acessório. A escolha incidiu sobre o Hori Real Arcade Pro Tekken 7 Edition, um stick arcade lançado pela Hori por ocasião do lançamento de Tekken 7, que contou ainda com o apoio da Bandai Namco e da Sony para a sua produção.

“Existem duas linhas de oito botões num formato próximo da arcade Sega Astro City e um pouco diferente do modelo adoptado pela Hori no Real Arcade Pro 4”

A Hori é uma empresa que detém já uma vasta produção de acessórios do tipo arcade há muitas décadas e por isso não é surpresa nenhuma ver os seus produtos mais recentes ganharem uma especial exposição depois do encerramento da Mad Catz (que entretanto está de volta). Os retalhistas portugueses têm expostos grande parte dos seus produtos, especialmente comandos e acessórios para a PS4. Depois do lançamento de Tekken 7, foi um tanto surpreendente constatar que algumas superfícies colocaram à venda, ainda que em unidades limitadas, o Arcade Pro Tekken 7, quando em grande parte dos maiores retalhistas europeus o acessório se encontra indisponível.

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Além dos botões, existe uma entrada para auscultadores na lateral frontal.

Nos mercados internacionais, a Hori tem comercializado imenso uma gama especial, o Real Arcade Pro 4 Kai, em formato normal e premium, com várias cores. Este modelo, curiosamente ainda não chegou a Portugal mas talvez seja uma questão de tempo. Ao invés de encomendar de um retalhista europeu, e tendo em conta os lançamentos da Arcade Edition de Street Fighter V e a chegada de Dragon Ball FighterZ já amanhã, optei por comprar o Arcade Pro Tekken 7. Ao fim de uma semana de utilização, o resultado é o esperado para um produto construído com materiais de qualidade, resistente e apto para uma experiência arcade.

O primeiro aspecto a sublinhar é a dimensão generosa. O Arcade Pro é grande e um pouco pesado mas tem a vantagem de assentar bem sobre as pernas se optarem por jogar dessa forma (também podem pousá-lo sobre uma superfície, já que existem aderentes para impedir a deslocação). Torna-se mais estável e a sua generosa dimensão permite pousar as mãos e os braços sem qualquer acanhamento. Há um painel de arte todo Tekken 7, no qual podemos ver uma cena do combate eterno entre Heihachi e Kazuya, exclusivo da versão noir, escura, configurada com botões originais “hayabusa” escuros e um “joystick” preto, igualmente hayabusa. Este painel pode ser alterado, a partir do acesso efectuado pela zona interior do acessório, mudando os botões se estiverem voltados para uma vertente “mod”. Quanto a isso não só há espaço para improviso para uma série de modificações como o acesso é bastante simples, sem grandes bloqueios. Contudo e depois de possuir um “stick” com botões brancos, um todo escuro está dentro das minhas preferências e mesmo a base artwork de Tekken 7 está bem conseguida.

Ao fim de uma semana de utilização em jogos como Arcade Edition de Street Fighter V, Under Night In-Birth EXE [st] e alguns “shmups” (Raiden V, Battle Garegga Rev.16), as sensações são muito boas

Quanto ao tacto e resposta dos botões, a sensação é muito boa. Existem duas linhas de oito botões num formato próximo da arcade Sega Astro City e um pouco diferente do modelo adoptado pela Hori no Real Arcade Pro 4, com os botões mais próximos e uma descida menos pronunciada. A adaptação é imediata e rapidamente se desenvolve uma interacção quase natural no acesso aos botões, através do bom posicionamento. A resposta é muito boa e a sensação de controlo deveras eficaz.

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Com este acessório a Hori replica a experiência arcade em casa.

Quanto ao “joystick”, também uma peça hayabusa, a sensação é muito boa, mostrando-se rápido e suficientemente elástico em qualquer direcção, e ao mesmo tempo sólido e sem fazer grande ruído. Acima de tudo, para além dos materiais muito resistentes e da notável sensação de contacto com os botões, destaco o divertimento e o gozo que dá em usar isto num “fighting game”. A sua generosa base torna a experiência cómoda e gratificante, permitindo um bom apoio, o que é óptimo para longas sessões e para que não ocorram deslizes em momentos cruciais.

A dimensão extra da base permite o alojamento de uma série de botões no canto superior esquerdo. Noutros “sticks” da Hori esse posicionamento é lateral, o que dificulta um pouco o acesso, mas nesta base há espaço suficiente para calibrar os turbos e aceder a outras funções, usando a mão esquerda. Na lateral traseira, à direita, está um pequeno painel rectangular sensível ao toque, em todo semelhante ao Dual Shock 4. Já o botão “option” que funciona também como “start” encontra-se coberto por uma tampa de modo a prevenir algum acesso descuidado durante o combate e evitar as sempre terríveis pausas num jogo de torneio. Para acederem a esse botão só precisam de deslizar uma pequena porta. A solução é um tanto inusual, mas bastante eficaz.

Ao fim de uma semana de utilização em jogos como Arcade Edition de Street Fighter V, Under Night In-Birth EXE [st] e alguns “shmups” (Raiden V, Battle Garegga Rev.16), as sensações são muito boas. A experiência da Hori fica mais uma vez patente neste “fight stick” de vocação “pro”, apontado a quem pretenda um produto sólido para uma utilização intensiva. Os materiais não só são de muito boa qualidade, como ainda oferece uma base cómoda e sólida para longos períodos de utilização. Claro que terão de gostar da arte de Tekken 7 porquanto o jogo é uma edição dedicada ao jogo da Bandai Namco (assim como da variante escura como alternativa ao branco), mas para os peritos em “mods” é possível levar a cabo uma série de mudanças e criar a arte colocada na base. O preço (200 euros) é um pouco mais elevado que o Real Arcade Pro 4 (só o premium é mais caro), mas o stick é significativamente melhor e oferece uma utilização mais cómoda. Se são fãs de “fighting games”, jogos do tipo arcade e “shmups”, então esta é uma opção recomendada.

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