Assassin’s Creed Rogue Remastered – Análise

Lançado originalmente em 2014 para a Xbox 360, PC e PS3, Assassin’s Creed Rogue é visto como uma espécie de “outsider” na série da Ubisoft, um título de segunda linha que foi desenvolvido apenas para que as consolas de anterior geração não ficassem sem um jogo na sua série anual. Tornou-se num título que passou ao lado de muitos jogadores, mesmo dos fãs de Assassin’s Creed, na altura praticamente focados no potencial demonstrado para Unity, o primeiro jogo desenvolvido de raiz para a nova geração e que iria aproveitar o poder das novas consolas para elevar a série a um novo patamar.

Como bem sabes, a realidade não correu como a Ubisoft desejava e enquanto Unity se tornou num dos mais controversos capítulos em Assassin’s Creed, Rogue figurou como um patinho feio que não recebeu a merecida atenção porque os jogadores estavam ansiosos por saltar logo para a nova geração.

Olhando para trás, é totalmente compreensível que Assassin’s Creed Rogue tenha caído no esquecimento. Unity era o “jogo novo”, um título que te levava para Paris num momento tão conhecido da nossa História. A série Assassin’s Creed sempre vibrou com a imersão, com a sensação de te transportar para um novo mundo, de mergulhar em locais que de outra forma seria impossível percorrer. Unity transportou-te para Paris, com gráficos de cair para o lado, enquanto Rogue era apenas uma nova roupa sobre Black Flag. Como bem sabes, Unity não foi o épico que os fãs desejavam e os bugs ou problemas de performance foram apenas uma parte disso. Pelo outro lado, Rogue assumiu-se como um título altamente competente, que apesar de não realizar nada de novo na série, pelo menos conseguia cumprir o seu trabalho.

Saltamos cerca de três anos e quatro meses no tempo, para vermos a Ubisoft a apresentar Rogue a uma nova audiência, a torná-lo num título lançado nas consolas de actual geração, sem se preocupar que possa afectar o protagonismo de Unity. Assassin’s Creed Rogue Remastered é o mais recente título da editora a ser convertido para máquinas mais recentes e num mundo pós Assassin’s Creed Origins, é um exercício verdadeiramente fascinante voltar ao molde anterior desta série. É uma viagem no tempo no jogo e para o jogador, que volta ao gameplay clássico da série, antes das grandes e bem-vindas mudanças que transformaram a Assassin’s Creed num híbrido entre Action RPG e jogo de aventura.

“Rogue destaca-se pela sua tentativa em contar uma história diferente”.

Rogue surgiu como um complemento ao arco Colonial que começou com Assassin’s Creed 3, para continuar a ser explorado em Liberation e Black Flag, sendo um belo exemplo da desmesurada ambição que a Ubisoft almejou para a sua série. Inevitavelmente, com tantos lançamentos em tão pouco tempo, a saturação instalou-se entre os fãs, mas basta olhar para este Rogue para termos uma ideia de como a Ubisoft pretendia desenvolver uma trama complexa, formada por diversas camadas, interligada a vários níveis, capaz de cativar os fãs a procurar respostas e ligações a cada novo jogo. Antes de tudo ser reiniciado em Origins, a Ubisoft estava provavelmente a tornar as coisas desnecessariamente complexas, mas no meio da confusão consegues ver uma incrível ambição.

Rogue é uma espécie de sequela para Black Flag, decorre 37 anos depois da aventura de Edward Kenway, começa antes mas eventualmente decorre em paralelo com a jornada de Connor em Assassin’s Creed 3 e termina como uma prequela para Assassin’s Creed Unity. É um título de segunda linha na série, mas é fácil ver que a Ubisoft tentou de tudo para lhe conferir relevância e o inserir na cronologia da série, especialmente para convencer os mais acérrimos fãs de Assassin’s Creed que iam precisar jogar Rogue, mesmo que o jogo não ofereça nada de verdadeiramente novo.

Tal como o jogo em 2014, o Remaster não te oferecerá nada de realmente novo, apenas a oportunidade de o jogar em novas plataformas, a 4K nas versões mais poderosas da PS4 e Xbox One. O aumento na resolução é acompanhado por ligeiras melhorias gráficas que o elevam acima da qualidade das versões originais, mas não esperes muito mais do que isso. A qualidade visual foi melhorada para acompanha o aumento na resolução, mas muitos dos bugs e deficiências na inteligência artificial permanecem. Isto significa que poderás perder missões sem ter culpa disso, que encontrarás bugs nas animações, acima de tudo, descobrirás que o polimento foi todo para a componente gráfica e o resto ficou como estava.

Esse poderá ser o maior problema em Assassin’s Creed Rogue Remastered, verificar que, tal como o jogo em si, o Remaster não se preocupou em adicionar algo de novo ou relevante. Nem sequer bugs corrigidos. É pena que não tenha sido refinada pois a aventura de Shay Cormac representa um momento único na linha da série. Shay começa como um Assassino que após eventos trágicos decide questionar tudo aquilo que a Irmandade dos Assassinos faz, o que leva para um caminho inesperado. Eventualmente, Shay encontra nos Templários inesperados aliados e choca de frente com os seus anteriores aliados. É uma história de traição com bons momentos e apesar de algumas falhas no argumento, consegue convencer. Aliás, Shay é o grande ponto de Rogue e se alguém te disser para o jogar, será para o conhecer. Para conhecer uma das personagens mais interessantes deste universo.

1Estarás constantemente a alternar entre mar e terra.

Pertencendo à linha Colonial da série, Rogue é uma mistura dos cenários de Assassin’s Creed 3, com o gameplay de Assassin’s Creed 4: Black Flag. Isto significa que percorrerás algumas cidades na costa Este dos Estados Unidos da América, mas passarás a maior parte do teu tempo nos mares do Atlântico Norte. Além de enfrentar outros navios, terás de encontrar ilhas, destruir fortes e acima de tudo viver a vida de um capitão nos conturbados mares da Guerra dos 7 Anos. Nesta espécie de mundos abertos (áreas enormes dividas em três zonas), poderás alternar sem interrupções entre exploração marítima e terrestre, para completar missões, descobrir recursos com os quais podes adquirir melhorias para Shay e para o seu navio ou gerir a tua frota no já habitual “mini-jogo” implementado pela Ubisoft nos jogos da série.

Assassin’s Creed Rogue Remastered apresenta uma oportunidade única para aceder a uma das fatias mais curiosas da série, que foi injustamente colocada de lado por forças exteriores. É um título meramente competente, sem grandes destaques e a todo o tempo é fácil sentir que é um título de série B dentro do mundo Assassin’s Creed. Sem ideias novas, copiando o que foi feito meses antes, mas ainda assim, a história de Shay está repleta de momentos curiosos e o seu tom mais sombrio não deixa de envergar charme.

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