SEGA Mega Drive Classics – Análise

Há tempos atrás, quando um amigo próximo casou e nos calhou a responsabilidade de organizar a ‘despedida de solteiro’, fizemo-lo da forma mais fiel possível a um verdadeiro regresso aos tempos da nossa juventude. Ligamos uma Mega Drive a um velho CRT, colocando-a a correr clássicos como Micro Machines 2: Turbo Tournament, Mortal Kombat II, os Streets of Rage, etc, jogos que nos acompanharam ao longo de toda uma tarde, juntamente com uns baralhos de Magic, até à hora de jantar (o que veio depois não interessa a ninguém).

nem todos têm as respetivas consolas em casa, nem tão pouco um CRT funcional ou a paciência para sintonizá-lo…

Parece ridículo, mas foi a forma mais genuína que imaginámos para um regresso ao passado (o nosso pelo menos), e uma maneira de pelo menos durante uns momentos, alcançarmos novamente aquela inocência e despreocupação com a vida, às incontáveis horas que dedicamos a tantos dos jogos que passaram pela consola da SEGA, absoluta rainha em Portugal durante a sua geração.

Este SEGA Mega Drive Classics está longe de ser a primeira coleção da era 16-bit a brindar as consolas ‘modernas’, estas amálgamas são quase uma garantia em cada geração, sobrevivendo graças ao fator nostalgia enraizado em cada jogador. Admitamos a sua utilidade, nem todos têm as respetivas consolas e cartuchos em casa, nem tão pouco um CRT funcional ou a paciência para sintonizá-lo em busca da frequência da consola.

É desde logo a coleção Mega Drive mais completa que me lembro de ver chegar aos monitores modernos, trazendo consigo 53 tesouros da nossa infância, fielmente representados numa estante virtual, que serve de menu inicial. O contacto inicial com a interface é aliás o primeiro grande jorrar de nostalgia a que terão direito com SEGA Mega Drive Classics, a interface é representada como um quarto de um felizardo adolescente dos anos 90, com direito a televisor, Mega Drive, estante repleta de jogos, aparelhagem, secretária para enganar os estudos, tudo para garantir um feel verdadeiramente retro.

Entre a enorme coleção de jogos, mais extensa do que poderia sonhar na altura, um jogo no aniversário e outro no natal era um privilégio, estão verdadeiros clássicos da consola da SEGA, mas infelizmente também se notam algumas ausências de peso (onde anda o Sonic & Knuckles, e o Ecco?). Para facilitar as considerações, segue-se a lista dos jogos disponíveis:

  • Alex Kidd in the Enchanted Castle
  • Alien Soldier
  • Alien Storm
  • Altered Beast
  • Beyond Oasis
  • Bio-Hazard Battle
  • Bonanza Bros.
  • Columns
  • Columns III: Revenge of Columns
  • Comix Zone
  • Crack Down
  • Decap Attack
  • Dr. Robotnik’s Mean Bean Machine
  • Dynamite Headdy
  • ESWAT: City Under Siege
  • Fatal Labyrinth
  • Flicky
  • Gain Ground
  • Galaxy Force II
  • Golden Axe
  • Golden Axe II
  • Golden Axe III
  • Gunstar Heroes
  • Kid Chameleon
  • Landstalker
  • Light Crusader
  • Phantasy Star II
  • Phantasy Star III: Generations of Doom
  • Phantasy Star IV: The End of the Millennium
  • Ristar
  • Shadow Dancer: The Secret of Shinobi
  • Shining Force
  • Shining Force II
  • Shining in the Darkness
  • Shinobi III: Return of the Ninja Master
  • Sonic 3D Blast
  • Sonic Spinball
  • Sonic the Hedgehog
  • Sonic the Hedgehog 2
  • Space Harrier II
  • Streets of Rage
  • Streets of Rage 2
  • Streets of Rage 3
  • Super Thunder Blade
  • Sword of Vermilion
  • The Revenge of Shinobi
  • ToeJam & Earl in Panic on Funkotron
  • ToeJam & Earl
  • Vectorman
  • Vectorman 2
  • Virtua Fighter 2
  • Wonder Boy III: Monster Lair
  • Wonder Boy in Monster World

A grande falha da coleção está, claro, nos jogos de editoras externas, é impossível não notar as ausências de títulos como Strider, Aladdin ou Castlevania: Bloodlines, alguns dos melhores da história dentro do seu género, que dariam outro brilho à coletânea. No caso dos jogos de luta, ninguém se vai satisfazer com Virtua Fighter 2, que só agora percebi como é mau, quando podia jogar Super Street Fighter II ou qualquer um dos Mortal Kombat clássicos.

Ainda assim, temos tesouros como Shining Force 1 e 2, os três Streets of Rage ou o excelente The Revenge of Shinobi, jogos de tempos em que o detalhe era menos importantes, em que completávamos toda a informação no ecrã com a nossa imaginação. Adicionalmente, e porque as máquinas de hoje oferecem outras capacidades, os jogos vêm com a opção “fast forward”, fundamental para alguns títulos onde a ação é demasiado lenta (é excelente para apanhar os goblins do Golden Axe!), rewind e até um modo mirror, cuja utilidade escapa ao meu entendimento.

Nem todos os jogos sobrevivem igualmente ao teste do tempo, tanto a nível gráfico como mecânico, mas enquanto que para o segundo não há nada a fazer, a coleção oferece várias opções de emulação que possibilitam mitigar qualquer questão que possam ter com os visuais, incluíndo uma hipótese de aumentar a contagem de pixels, que nos possibilita jogar os vários títulos com as texturas mais suaves, nem sempre com resultados tão satisfatórios como desejávamos.

Nem todos sobrevivem igualmente ao teste do tempo, tanto a nível gráfico como mecânico…

Finalmente, e considerando que os jogos deste tempo foram desenvolvidos para o formato 4:3, existe a opção de usar diferentes tipos de enquadramento, incluíndo a opção de jogar numa TV dentro da TV, se é que isso faz sentido, sendo ainda possível distorcer ligeiramente as pontas da imagem de jogo, de modo a simular o ecrã de um CRT.

Além dos tradicionais troféus e achievements, que só por si são um bom aliciante para convidarmos um amigo para voltar a completar alguns dos jogos da coleção, SEGA Mega Drive Classics inclui diferentes objetivos para certos jogos, e cuja dificuldade promete desafiar qualquer veterano desta era. O modo online é outra aliciante, embora imagine que não vá ser fácil encontrarem companheiros ou adversários para o vosso jogo de eleição.

Veredito

O SEGA Mega Drive Classics é uma boa coleção retro adaptada aos tempos atuais, não só pela extensão e qualidade do catálogo, mas pela homenagem que presta a um momento muito específico da história dos videojogos no geral, e da SEGA em particular. A companhia foi rainha em Portugal durante os anos 90, pelo que será impossível ficarem indiferentes a esta coleção, que infelizmente, também não esconde certas ausências importantes.

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