Track Lab transforma-se num brinquedo de música

Track Lab é um dos próximos jogos a chegar ao sistema de realidade virtual da Sony, o PlayStation VR, já a 22 de Agosto, criado pelo estúdio holandês Little Chicken Game Company.

A Sony conheceu esta ideia que nasceu há aproximadamente 20 anos, começou como projecto em 2D mas ganhou validade no novo formato da realidade virtual. Um longo trajecto que nos contou Yannis Bolman, CEO do estúdio holandês, criado em 2001.

Eurogamer PT: Quando é que nasceu o conceito de Track Lab?

Yannis Bolman: O conceito deste jogo remonta a 20 anos. Na altura começou como um jogo em 2D e agora é um jogo para realidade virtual.

EGPT: Pareceu-vos que o PS VR é a melhor forma de materializar o conceito?

YB: No começo um dos nossos parceiros disse-nos para experimentarmos a realidade virtual, porque seria mais divertido. Nós reparamos que quando estás a utilizar o sistema de VR tens a música e podes escutá-la ao teu redor, o que é diferente de estares no sofá com o comando. Basicamente foi assim, nós enviamos uma demonstração para a Sony e eles acolheram o nosso projecto.

Quando experimentavam as pessoas começavam a dançar, a deslocar-se, porque quando estás dentro da realidade virtual tendes a mexer o corpo, é muito mais corporal e mais especial.

EGPT: Tiveram que adaptar o conceito ou foi facilmente implementado como jogo de realidade virtual?

YB: Originalmente era uma ideia em 2D mas quando passamos para o sistema VR experimentamos outras coisas. Tínhamos uma esfera à tua volta com a música mas isso acabava por confundir as pessoas porque eles perdiam o ritmo à música e o sentido de progressão desta, e tentamos criar um campo onde as pessoas podiam criar a música, mas acabavam por se perder. Assim passamos a fazer pequenas porções, chamadas “tracks”, as quais podes construir e juntá-las para criar uma nova música.

1 Yannis Bolman é o CEO deste estúdio holandês que encontra no PS VR a oportunidade para materializar um conceito nascido há quase duas décadas.

EGPT: Como descreveria esta experiência?

YB: É aquilo que nós falamos como um brinquedo de música (risos). É importante ensinarmos os jogadores a jogar Track Lab porque é um conceito um pouco abstracto. Não há nada parecido e as pessoas não sabem o que é se olhares para o jogo. Usamos puzzles para explicar as diversas ferramentas à tua disposição. O que os espelhos fazem, os efeitos das molas, abrandar ou aumentar a velocidade da música. Este é basicamente o elemento de “gameplay” e também o usamos para desbloquear mais conteúdo. Quantos mais puzzles resolveres mais amostras terás à tua disposição.

O modo criação é basicamente o fim do jogo, é uma folha em branco que te deixa criar aquilo que quiseres, funciona como um instrumento. Tens imensas amostras para tocar, são 50, desde house ao techno, metal e rock, chiptune.

EGPT: Está a usar algum conteúdo licenciado?

YB: Não, todas as pistas e amostras são originais, criadas a partir de um estúdio holandês, no qual editamos as amostras e depois ainda temos membros na equipa que criaram as músicas para servir de base de trabalho.

Não sei se já tocaste algum instrumento de música. Quando começas é sempre algo impressionante, tens algumas dificuldades na criação e desta forma o que nós queremos é ajudar e dar-te algumas pontas por onde possas pegar e começar o teu percurso.

EGPT: Em certa medida é um jogo para todos, que qualquer pessoa pode jogar?

YB: O que nós queremos é reduzir o nível de dificuldade para as pessoas que querem entrar na música. Achamos que cada pessoa pode jogar no PS VR e fazer música no Track Lab.

EGPT: O que diria sobre a mais significativa característica do jogo?

YB: Diria que tudo o que tu fazes, tu ouves. Se fizeres algo de errado não soa bem. Vais reparar nisso, a sensação de que o que tu estás a fazer sai bem ou mal. Por outro lado também quisemos que tudo o que visses fizesse sentido, de modo a que as pessoas se sintam preparadas para criar as suas músicas e até colocar os seus vídeos no Youtube.

2 Em Track Lab o jogador pode criar as suas composições ou jogar os puzzles que permitem obter mais samples para misturar.

EGPT: Acredita que este jogo pode despertar o sentido da música em pessoas que ainda não tenham dado conta que podem criar algo capaz de surpreender?

YB: Sim, é isso que nós queremos atingir com o Track Lab. Nós vemos isso acontecer no nosso estúdio. Algumas pessoas já tocam bem e conhecem instrumentos musicais, mas outras são principiantes e podem saltar para o mundo da música, criando composições. Depois tudo depende se queres ser criativo e criar a tua música ou se apenas pretendes fazer puzzles.

EGPT: Já tem uma data de lançamento para o jogo?

YB: Sim, no dia 22 de Agosto. É a data de lançamento para a Europa.

EGPT: Como foi colaborar com a Sony neste projecto?

YB: Foi muito bom. Eles adoraram o conceito, e agradou-lhes que mantivéssemos a ideia original. Além disso foram de uma grande ajuda de modo a que tudo estivesse pronto a tempo, no campo das traduções e localizações para todos os territórios, testando e assegurando que estaríamos a tempo. Foi uma grande colaboração.

EGPT: Que planos, em geral, tem o estúdio depois de Track Lab?

YB: Para já queremos ver qual é a reacção dos jogadores, ver que mais eles possam querer. Temos mais ideias para conjuntos de amostras, talvez mais puzzles ou composições de amostras que possas trabalhar e eventualmente conseguir que DJ’s famosos possam fazer as suas músicas a partir do jogo. Veremos o que acontece depois do lançamento, mas claramente iremos apoiar o jogo.

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