Shenmue I & II – Análise

A espera pela terceira entrada da franquia Shenmue tem-se tornado num martírio, principalmente para os fãs que há mais de uma década pediam a Yu Suzuki mais uma história com o protagonista Ryo Hazuki. Anunciado finalmente na E3 2015, através de um projeto de financiamento aberto a toda a gente, o jogo foi sucessivamente adiado, escolheu a Deep Silver como editora e recebeu uma data final de lançamento (esperamos nós) para 27 de agosto de 2019.

Para amenizar (ou aumentar) todo este entusiasmo pela cada vez mais próxima chegada do novo Shenmue, a SEGA decidiu lançar uma coleção que inclui dois clássicos de culto de uma indústria cada vez mais movida pelo lucro que pela paixão de fazer videojogos. Na altura da revelação desta coleção, torci o nariz, principalmente pela janela temporal entre o anúncio e o lançamento ser demasiado pequena. Obviamente que todos queremos que o jogo esteja nas nossas mãos o mais rapidamente possível, mas não sendo prática comum, estranhei.

É impossível negar o sentimento de nostalgia para todos aqueles que já depositaram horas e horas no clássico da Dreamcast (e Xbox) e mesmo para os jogadores retro que nunca tiveram a oportunidade de assumir a pele de Ryo numa aventura de amor e vingança. Mas o mais cativante ainda é que, passados 19 anos desde o seu lançamento no Japão, e com todos os jogos que tecnicamente são superiores (por culpa do avanço da tecnologia), é impossível não percebermos o que Shenmue significou para a indústria.

Arrisco mesmo a dizer que Shenmue não merecia isto.

Suzuki criou, ainda no milénio transato, uma obra digna de nunca cair no esquecimento. Um RPG como nunca antes tinha sido feito, e se a barreira da antiguidade não existir, é fácil perceber ainda hoje que Shenmue é, de facto, um marco nos videojogos. No entanto, o relançamento destes dois títulos em plataformas bastante mais poderosas do que as “velhinhas” Xbox e Dreamcast merecia ser melhor, arrisco mesmo a dizer que Shenmue não merecia isto.

Sempre apoiei as remasterizações, mas nunca numa base de lançar com a pura intenção de fazer dinheiro, e foi isso que a SEGA me fez sentir quando abracei pela primeira vez esta aventura, em 2018. Não se trata sequer de um daqueles casos em que procuram o um pouco mais de financiamento para uma nova entrega, pois a SEGA não está ligada ao projeto Shenmue 3. Trata-se portanto de um port, mascarado de versão melhorada.

A HD Collection dos dois títulos não é mais que a aplicação de um filtro por cima do que já estava feito. O limite dos 30fps continua, as texturas são as mesmas e mesmo as vozes apresentam uma qualidade bastante inferior ao que era esperado. Juntando a tudo isto, as cutscenes (a maior parte) só podem ser visualizadas a 4:3, pelo que as barras pretas nas laterais da televisão saltam, para infelicidade dos meus olhos.

Não me interpretem mal, Shenmue continua a ser um dos melhores jogos algumas vez criados, mas não existem novidades de peso para chegar novamente ao mercado a um preço de tabela. Ainda assim vale a pena assinalar que os controlos foram melhorados, com Ryo a poder ser movimentado com o stick analógico em vez do D-pad. Podem fazer save em qualquer altura do jogo e a interface do utilizador foi melhorada substancialmente. Ah, e foi adicionado suporte total para troféus/achievements.

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