Portugal forte na final europeia do FIA Gran Turismo Championship

Depois de ter dado aos videojogos alguns dos melhores simuladores de condução da história e de ter transformado gamers “normais” em condutores profissionais com o GT Academy, a série Gran Turismo, da Polyphony Digital, arrancou com uma iniciativa que elevou a competição GT a um nível verdadeiramente global, com o FIA Gran Turismo Championship, que no último fim-de-semana, viu a Madrid Games Week receber as finais europeias.

Para o mais distraídos, o FIA GTC é um evento motorizado organizado em colaboração com a FIA (Fédération Internationale de l’Automobile), que começou com o ‘Sport’ mode de ‘Gran Turismo Sport’, e que vai coroar o campeão do mundo de GT numa final Mundial, cuja data está ainda por confirmar. Nas finais europeias participaram dois pilotos portugueses, o portuense Carlos Salazar e o açoriano Diogo Cordeiro.

Depois de uma emocionante fase de apuramento que viu a qualificação do portuense Carlos Salazar para a fase final, o vencedor foi determinado numa competição organizada com pompa e circunstância, decidida em três distintas modalidades transmitidas em direto para todo o mundo, a partir de um autêntico estádio virtual montado pela PlayStation em plena Madrid Games Week.

O português Carlos Salazar não começou mal, partindo da nona posição da grelha, alcançou o quinto lugar na primeira prova, no entanto, na segunda modalidade, quando era importante que conseguisse melhorar a posição para chegar-se aos lugares da frente, um problema técnico custou-lhe mais de 20 segundos de tempo, o que obviamente, o empurrou para a última posição. Carlos acabaria por recuperar e terminar com uma sexta posição no final da competição.

“Considero a 2ª corrida como a Bitter sweet Symphony: tinha um grande carro para pontuar, o Porsche RSR Gr.3, um dos meus carros favoritos e a minha tática era utilizar pneus médios durante 6 das 9 voltas na corrida, trocar os pneus para os mais suaves e dar o máximo nas últimas voltas. Contudo, e como nas corridas no mundo real, tudo pode acontecer, inclusive problemas técnicos,” disse Carlos Salazar ao IGN.

“No final da 8ª volta o volante deixou de funcionar e, uma tática que tinha tudo para dar certo, deitou um plano inteiro por água abaixo. Quando o problema se resolveu (temporariamente), já estava em último a 24 segundos de diferença do 9º lugar,” continuou.

O alemão Mikail Hizal dominou por completo a final europeia e merece as honras de destaque, vencendo nas três modalidades graças a uma notável consistência e um seguro plano de escolha de pneus. Vi-o como uma espécie de Alain Prost virtual, muito cirúrgico e aparentemente imune ao erro.

A segunda posição ficou para o britânico Adam Suswillo, mas o favorito do público, pela audácia e agressividade, foi o italiano Giorgio Mangano, a versão Ayrton Senna da prova, que já no dia anterior tinha captado a atenção do público pelo “mau feitio” na hora da derrota, e que depois de um pequeno despiste que o atirou para o último lugar na primeira prova, executou uma notável recuperação até ao segundo posto, pilotando sempre no limite das leis da física. Chegamos a acreditar nele até à última modalidade, cujos pontos valeriam o dobro, mas nada se revelou capaz de abalar a eficácia germânica de Hizal, nem a surpreendente prestação do homem da casa, o espanhol Jorge López.

Mais importante que os resultados da final europeia é mesmo o facto dos 10 pilotos estarem qualificados para a grande final mundial, prova que vamos acompanhar com atenção, e onde estes vão competir com os restantes continentes para encontrar o melhor piloto do mundo de GT, e que receberá da FIA as mesmas honras de um profissional do desporto motorizado “real”. Força Carlos, vamos lá estar para te apoiar.

“Para a final mundial as expectativas estão super elevadas. Penso que vai ser um evento de uma dimensão nunca antes vista no mundo dos eSports a nível mundial. Os jogadores são de outro mundo (aliens, digamos…), o seu nível é muitíssimo elevado. Tenho a certeza de que vamos ter corridas tão acesas como a corrida da repescagem que me deu acesso à final mundial.”

“Acima de tudo, vou dar o meu melhor para representar o nosso país e fazer com que as cores de Portugal fiquem bem no topo do pódio, o nosso lugar,” concluiu Salazar.


Aníbal Gonçalves é um entusiasta de videojogos, amante de comics e obcecado pelo que acontece numa galáxia muito distante. Podes segui-lo em @Darthyo

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