World War Z – Análise – Acção sem cérebro

Este é um jogo divertido para jogar sem compromissos em curtas sessões, capaz de se tornar aborrecido passadas algumas horas.

A popularidade dos zombies nesta indústria diminuiu muito ao longo dos últimos anos e uma das maiores provas disso é que em 2019, um jogo como World War Z consegue ser uma proposta diferente, até refrescante, diriam alguns. Estas criaturas que atacam com grande violência e apenas querem saborear o sangue e carne dos humanos chegaram a ser dos mais populares elementos na indústria, mas será que ainda conseguem patrocinar a diversão num videojogo?

A Saber Interactive acredita que sim, especialmente se for feito através de uma experiência inspirada numa série como Left 4 Dead, imaginada para a actual indústria. Talvez seja essa a forma mais fácil de resumir este World War Z – um jogo inspirado na aclamada série da Valve que dorme há 10 anos. A ideia é mesmo essa, já passou tanto tempo desde o último Left 4 Dead que recriar a experiência em 2019 cheira a fresco.

Uma coisa é certa, resulta. World War Z aposta nessa experiência FPS cooperativa assimétrica, na qual poderás entrar numa campanha cooperativa dividida inicialmente em 3 partes (entretanto já foi adicionada uma quarta parte) ou em modos multi-jogador competitivos, onde terás de disparar para todos os zombies que surgem no ecrã e gerir o teu inventário. A quantidade absurda de hordas de zombies torna difícil poupar munição, mas a diversão é precisamente essa – disparar sem pensar no dia de amanhã.

Podemos dizer que World War Z é uma cópia de Left 4 Dead, mas é mais justo dizer que é um jogo do mesmo género feito em 2019. No entanto, as bases são as mesmas – campanha cooperativa dividida por partes, onde 4 sobreviventes tentam escapar às enxurradas de mortos-vivos que atacam incessantemente. As tuas balas também são mais que muitas e poderás disparar para o que mexe ou atacá-los com facas ou canos quando se aproximam demasiado. É uma experiência com um estilo quase arcade, sem compromissos. Cada nível tem cerca de 10 a 15 minutos e rapidamente acabas a campanha.

Jogar em dificuldades superiores torna a luta pela sobrevivência muito mais intensa, com menos recursos, friendly fire, maior dano sofrido e consequentemente menos margem para erro, e a necessidade de gerir melhor a munição. Aqui, World War Z pode tornar-se brutal e não banal, como nas dificuldades reduzidas. É uma boa forma de prolongar uma campanha curtíssima, que terás de repetir incessantemente para subir de nível, desbloquear mais habilidades por classe, acesso a novas armas e pontos para comprar armas ou habilidades.

É aqui que surge o choque de realidades em World War Z – um gameplay simples e imediato, capaz de se tornar intenso quanto maior a dificuldade, preso num loop de gameplay que o torna aborrecido passadas algumas horas. Seja no movo PvE ou nos modos PvP (existem 6 diferentes onde a Saber Interactive te dá uma versão zombie de populares modos como captura de zonas ou captura de bandeira), sempre que jogas estarás a ganhar XP para a classe escolhida e arma, juntamente com pontos sempre que sobes de nível geral. Com pontos, podes comprar novas habilidades de classe e subir de nível com a classe ou tipo de arma usada, ganhas a possibilidade de comprar mais coisas.

Isto significa que terás de repetir diversas vezes a campanha para subir de nível e obter armas/habilidades necessárias para enfrentar as dificuldades superiores, onde World War Z se torna mais interessante. No entanto, o processo para lá chegar, o loop de repetir missões curtas para ficar mais forte para enfrentar versões mais difíceis dessas mesmas missões curtas, poderá acusar um inesperado desgaste após algumas horas de jogo. Esta economia introduzida pela Saber até poderia resultar, se existisse conteúdo suficiente para a sustentar a longo prazo.

Para obter acesso ao segundo patamar de um tipo de arma, terás de usar essas armas, o que significa que terás de repetir diversas vezes os mesmos níveis ou longas horas de PvP para desbloquear os 5 patamares de um tipo de arma. Agora imagina repetir o processo para os cerca de 20 tipos de armas diferentes. Além disto, tens 6 classes diferentes – com benefícios específicos, que dão variedade ao gameplay e se tornam importantes nas dificuldades superiores. Terás de chegar a nível 30 com todas para obter todas as habilidades – o que te obriga a repetir a campanha com todas elas. Além disto, tens ainda de comprar com pontos as habilidades desbloqueadas.

1 Tu e 3 companheiros contra uma horda de zombies – isto é a premissa do jogo.

No modo PvP, existem 10 classes com armas Primária, Secundária e Heavy (especiais) e equipamento específicos, com grind separado e específico. Isto separa os esforços PvE dos que farás no PvP e aumenta o grind em torno de World War Z. É precisamente este penoso grind e a sua importante relevância no design de World War Z que torna o gameplay loop tão penoso. A Saber sabia que tinha pouco conteúdo e tenta manter-te no jogo através de um enorme grind, pedindo-te para repetir incessantemente as mesmas tarefas, mas com armas ou classes diferentes.

World War Z não tem estofo para te manter envolvido e interessado nas suas exigências a médio e longo prazo. A diversão e energia que sentirás nas primeiras horas, enquanto completas a curtíssima campanha, rapidamente se vão extinguir e ficarás perante a questão – queres mesmo repetir tudo vezes sem parar para obter mais coisas? World War Z está repleto de sistemas e economias que contrariam a natureza directa do seu gameplay e isso acaba por afectar o seu valor.

Numa era de mundos abertos e experiências que podem exigir demasiado de ti, World War Z vai verdadeiramente buscar a sua essência aos seus maiores protagonistas – os zombies. É um jogo para jogar sem compromissos (nas dificuldades mais baixas até podes desligar o cérebro), em curtas sessões e que consegue entreter com amigos. No entanto, o gameplay loop que te leva a repetir as mesmas missões para desbloquear melhorias cansa a médio prazo. Apesar da experiência dinâmica quase estilo arcade, com toques de sobrevivência, World War Z peca por tentar compensar as suas fraquezas e repetição com mecanismos artificiais.

Prós: Contras:
  • Gameplay simples e dinâmico
  • Experiência de acção intensa estilo arcade
  • Bom para sessões curtas de jogo
  • O gameplay loop torna-se rapidamente aborrecido
  • Poderá tornar-se repetitivo após algumas horas
  • Missões cooperativas demasiado similares
  • Grinding excessivo para prolongar artificialmente a longevidade

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