Dragon Quest Builders 2 – Análise

Joguei o primeiro Dragon Quest Builders desenfreadamente ao longo de duas etapas totalmente distintas, quando foi lançado na PlayStation 4, e mais tarde revisitado na Nintendo Switch, versão que elogiei por tratar-se de um título perfeitamente adequado ao formato. Dragon Quest Builders 2 tem a vantagem de chegar para ambas as plataformas em simultâneo, melhorando em praticamente todos os aspetos aquilo que foi feito no primeiro.

Dificilmente me vou comprometer de igual maneira com ambas as versões desta vez, até porque é incrível a quantidade de conteúdo que conseguiram empacotar na sequela, afinando mecânicas, acrescentando novas e colocando um novo ênfase na história e humor, graças a algumas figura memoráveis que connosco vão interagindo. Pena que tudo esteja restrito a intermináveis caixas de texto, soníferos para longos dias de trabalho.

O início da aventura, e o protagonista por consequência, é enquadrado de modo diferente do original, onde somos um construtor que cai dos céus para salvar o mundo. Neste somos um herói com uma incapacidade crónica em mentir, que primeiro é capturado pelos últimos sobreviventes das Crianças de Hargon (familiar?), e depois atirado para um mundo onde a palavra construtor é blasfémia.

aqueles espinhos que coloquei à porta de casa não são para destruir!

A primeira coisa que vão notar é que não vão estar sozinhos, ao vosso lado estará sempre um fiel guarda-costas que os fãs da saga Dragon Quest devem reconhecer, mas que vos acompanhará ao longo da aventura, atacando os mesmos monstros e derrubando as mesmas barreiras que vocês. Pena que a IA não seja capaz de perceber que aqueles espinhos que coloquei à porta de casa não são para destruir. “Calma, só me enganei no botão!”

Terão também um cão como animal de estimação, para assistir-vos nos contornos “Animal Crossing” de Dragon Quest Builders 2, que se somam às montanhas de quests, tesouros, construções e muitas outras atividades que se escondem mundo fora. Para tornar tudo mais simples foram adicionadas novas áreas de transporte instantâneo, assim como um glide para planar em direção ao horizonte quando estamos em áreas de grande altitude.

A sequela é ainda muito mais competente que o original em dois elementos chave, o primeiro em manter-nos permanentemente ocupados, com mais do que uma quest ativa, o trabalho de agricultor a piscar-nos o olho e a apanhada de corações, que representam a alegria dos concidadãos que se vão juntando à nossa causa e que são fundamentais para a subida do nível da cidade, que são permanentemente espalhados pelas instalações. Sim, incluíndo a casa de banho, onde se forma uma curiosa fila ao final do dia.

A segunda área que mereceu uma reestruturação foram os controlos e respetiva utilização das armas vs. ferramentas. Longe vão os tempos em éramos obrigados a trocar entre as duas constantemente dependendo da necessidade, vendo-as partir na mais imprópria das alturas. Se tivéssemos substituta ainda nos safávamos, caso contrário, convidava-se a frustração. A sequela usa dois comandos distintos para as duas “ferramentas”, adicionando-lhes uns truques como a possibilidade de reordenar os blocos com uma luva, ou carregar água num pote que não acaba.

Com o ampliar do mundo vem mais materiais e possibilidade de construção, um maior convite à exploração, menos limitação de espaço graças aos stacks de 999 blocos e estilos de gameplay variados, com armadilhas, inimigos, puzzles e segmentos que parecem saídos de um qualquer jogo de plataformas.

No meio de tudo isto entra ainda o maior inimigo de qualquer jogador que como eu, seja obcecado em manter o seu espaço organizado. Recorda-me os tempos em que jogava Minecraft, lhe dedicava duas horas e quando reparava, tinham passado dois meses e desaparecido uma montanha. Cavei uma fossa enorme em volta da minha propriedade, deixando uma ponte como único local de entrada, mas como qualquer humano falível, a minha ambição acabou por ultrapassar o espaço disponível, sendo obrigado a empurrar os limites da propriedade uns quilómetros para norte. Como diz a música, “when you have more than you think, you need more space.”

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