Bravely Default 2 – Análise

Desenvolvido pelo estúdio Claytechworks, a equipa que devolveu o sucesso financeiro à franquia no Japão, Bravely Default 2 vai ficar para sempre na minha memória, se por mais nada, por ter recuperado para os videojogos um momento especial do dia-a-dia. A Game Boy Advance SP é uma das consolas que recordo com maior carinho, em grande parte por ter ocupado, durante anos, o momento que antecede o sono, para o qual designava sucessivamente títulos de enorme compromisso temporal. Os Zelda portáteis, a série Advance Wars ou RPGs como Golden Sun ou Final Fantasy Tatics.

Os smartphones tomaram para si esse espaço, graças ao gaming também e não só às redes socias ou impulsos voyeuristas, mas nada bate a sensação de continuar uma jornada por um mundo de fantasia, num modelo que dá primazia à estratégia em detrimento da execução, convidando-nos a ignorar os obstáculos que nos esperam no dia seguinte. Tudo isto para dizer que Bravely Default é um JRPG enorme, que vos vai “retirar” imensas horas de vida, ou de sono se o encaixarem no conforto da cama graças ao formato portátil da Nintendo Switch.

Trata-se do terceiro jogo da série Bravely Default, depois do original e End Layer da Nintendo 3DS, jogos que infelizmente me passaram ao lado. Tem lugar no continente de Excillant e segue um grupo inédito de protagonistas, cujo nome é fácil de decorar devido à suspeita relação com a música. Com exceção do marinheiro Seth, que podemos renomear com a nossa “alcunha de guerra” e Gloria, princesa do reino perdido de Musa, sobre a qual gira parte da problemática da história, somos acompanhados de Elvis e Adelle, e nem sequer estou a brincar.

Vai-vos “retirar” imensas horas de vida, ou de sono se o encaixarem no conforto da cama…

A história é introduzida de forma suave, em cutscenes que podem ser ignoradas mas que não se alongam em demasia e têm a vantagem de acompanhar os tradicionais textos com voice acting. Esse está longe de ser o forte da sequela, especialmente quando comparado com uma excelente banda-sonora orquestral, mas permite-nos seguir a narrativa mais facilmente, à medida que percorremos os reinos de Excillant em busca dos quatro cristais que mantêm a ordem no mundo, cujo poder foi o que salvou Seth, o principal protagonista da equipa.

Grande parte do tempo é passado obviamente em combate, à media que deambulamos pelo mundo de jogo em direção à quest principal ou um das muitas atividades secundárias oferecidas pelos NPCs com quem vamos interagindo. Fora das cidades, castelos e masmorras o mundo de jogo não tem grande detalhe, mas é apaixonante graças a uma estética de tons suaves, como se de uma pintura se tratasse, por onde deambulam os modelos 3D de figuras fantásticas, numa constante alternância dia e noite.

Os monstros vão saltar-vos em cima logo que vos avistarem, mas é possível evitá-los se os corredores não forem demasiado estreitos e dominarem o suficiente a navegação em corrida. Claro que sendo este um JPRG tradicional por turnos, vão sentir o impulso de limpar constantemente as áreas, um grind interminável que pode transformar uma viagem de 2 minutos, num circuito de meia hora. Na primeira metade das cerca de 12-13 horas que lhe consegui dedicar até ao momento, e não tenho quaisquer intenções de parar, senti que estava a progredir demasiado lentamente, exatamente porque ia de combate em combate, por vezes desesperado apenas para voltar atrás até ao exterior de uma masmorra, para poder gravar.


Continua…

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