Evil West – Análise

A Flying Wild Hog comprometeu-se a entregar aos fãs uma nova fórmula, mas com raízes bem assentes, naquela que é a única forma de trabalhar da produtora: fazer jogos à lá Shadow Warrior, onde a diversão é infinita e o botão para desligar do mundo exterior é automático.

Evil West é a mais recente aposta e presenteia-nos com momentos frenéticos de ação, violência e sangue, conseguindo ser surpreendente ao nível da narrativa – esta que se mostra irreverente, tornando dois mundos únicos num só. Criaturas sinistras como vampiros são introduzidas no velho Oeste, liderados pela ameaça fatal que é Felicity.

Na pele de Jesse Rentier, caçador de vampiros, partimos numa aventura de perseguição (i)mortal pela pequena e aparentemente inofensiva miúda vampira. O gameplay desenrola-se na terceira pessoa, ao contrário de Shadow Warrior, focando-se em combos e ataques encadeados, bem ao estilo beat ’em up.

Narrativa vs. Gameplay

Existem imensos títulos que apresentam um gameplay soberbo, mas com uma narrativa pouco explorada; por outro lado, há aqueles que têm uma história com um potencial incrível, mas que o gameplay não acompanha. Em novo solo, a Flying Wild Hog podia ter seguido um destes dois caminhos, mas escolheu ir na direção certa. Evil West tem como pano de fundo uma história que cativa qualquer pessoa fã do género de fantasia. Jesse Rentier é uma personagem relacionável que mostra ter algumas dificuldades em manter uma relação harmoniosa com o pai; a rebeldia de querer escolher o próprio caminho e não aquele que lhe está previamente destinado; e a resiliência para reivindicar o que é seu e lutar pela honra e memória dos mais próximos. Ora, estas características estão extremamente vincadas no perfil da personagem e é impossível ficarmos indiferentes.

O gameplay é aquilo que nos leva à ação, e é por isso que digo que a produtora fez um excelente trabalho em combinar todos os elementos que envolvem Evil West. Até nos apercebermos do terror que nos espera, rapidamente assimilamos as mecânicas de combate e o sistema que compõe a jogabilidade. É, por isso, uma entrada bastante suave que, ainda assim, não deixa de nos desafiar. O jogo começa e pouco tempo depois estamos a lutar contra hordas de vampiros, cada um mais horripilante que o outro, até que chegamos ao ponto em que a produtora nos quer colocar. Aquele que, após lá chegar, já não temos como largar o comando. A miúda vampira, Felicity, por vingança, organiza um exército de vampiros com o objetivo de atacar a nossa base de operações, o Instituto Rentier. Aqui, o pai de Jesse é mordido e transforma-se num vampiro.

Tendo em conta aquilo que a Flying Wild Hog decidiu mostrar-nos acerca de Jesse, já prevemos aquilo que se segue dali para a frente. A trama está inteligente e estrategicamente bem plantada, e no meio da vingança, inicia-se o movimento de tentar capturar Felicity e impedir que esta domine o mundo.

Elementos técnicos

Evil West está carregado de inspirações. A presença das criaturas vampíricas e o ambiente sombrio remete-nos para Van Helsing; a temática dos cowboys leva o nosso pensamento até Red Dead Redemption; as mecânicas de hack and slash e RPG dão-nos um cheirinho de Devil May Cry e God of War. Talvez seja por isso que resulte num perfeito Weird Wild West: tem de tudo um pouco e mantém a sua própria pegada com o carimbo Shadow Warrior.

O curioso é que todas estas inspirações estão devidamente implementadas nos elementos mais técnicos do jogo que influenciam positivamente o combate. Iniciamos a jornada com apenas uma ferramenta – uma espécie de soqueira – mas rapidamente desbloqueamos outras armas e habilidades. As armas possuem munição infinita, pelo que não temos de nos preocupar em vaguear pelo mapa à procura de munições. No entanto, têm tempo de recarga. De uma forma geral, diria que todas as armas estão bastante equilibradas, cada uma delas com a sua pertinência situacional.

É impossível não sentir entusiasmo aquando dos combates que estão completamente recheados de golpes, combos e tiros que conferem uma certa graciosidade do Oeste às batalhas.

Os mais pequenos são os piores

Ainda que a produtora tenha feito um excelente trabalho com Evil West, o que é certo é que existem alguns defeitos que acabam por comprometer a qualidade final do jogo.

O sucesso do título está na fórmula equilibrada entre gameplay e narrativa, porque se fosse, em algum momento, depender apenas do gameplay, podia resultar em alguns momentos aborrecidos e repetitivos. Em Evil West, o desafio é constante. São-nos apresentados variados tipos de vampiros, com designs interessantes, ainda que a partir de certo potno, já não haja um tipo de vampiro novo a dar à costa. Para além disto, somos confrontados com alguns bosses que acabam por trazer o fator diferenciador ao ritmo do jogo.

De qualquer das formas, é impossível ignorar este esquema rítmico implementado no jogo, em que ao longo de 16 níveis, já nos faz cansar, principalmente se estivermos a ter algumas dificuldades em limpar determinada área. Apesar das mecânicas dos bosses serem de fácil entendimento, o que é certo é que são as criaturas mais pequenas que nos dão dores de cabeça. Ou andam atrás de nós para combater corpo a corpo, ou atingem-nos a longa distância de forma insistente – o que nos impede de focar no boss. Por isso, o meu conselho passa por matarem primeiro os mais pequenos. Em algum momento podemos até sentir a necessidade de recorrer ao multiplayer, mas se tiverem a mesma sorte do que eu, não vão encontrar ninguém para se juntar ao massacre.


Continua…

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