Diablo 4 – Primeiras Impressões do Beta

Diablo 4 tem lançamento marcado para junho e a Blizzard abriu um portal para o mundo de Sanctuary no passado fim de semana, dando-nos o primeiro vislumbre do primeiro capítulo do jogo. Como enorme fã de ARPGs que sou, não pude perder a oportunidade de experimentar o acesso antecipado, onde passei umas boas dezenas de horas a dizimar hordas de monstros e a colher loot, tal como mandam as regras do género.

Naturalmente, tudo o que aqui escrevo é reflexo da minha experiência pessoal e convém não esquecer que muitas coisas podem mudar até ao lançamento completo de Diablo. No entanto, há uma coisa que não irá mudar – Diablo 4 é um MMO, que pode ser resumidamente descrito como uma mistura entre Lost Ark e Diablo 3, algo que se arrisca a afastar os puristas dos ARPGs baseados em loot. Naturalmente, há pontos positivos e negativos nisto e ainda muitas dúvidas em cima da mesa, mas a qualidade da produção da Blizzard é um ponto certo.

O Céu

Diablo 4 não perde um único segundo para nos agarrar, logo nos seus primeiros momentos. As cutscenes são fantásticas, o menu de criação de personagens é surpreendentemente robusto e o mundo é incrivelmente lindo – há uma beleza desoladora e inquietante nas ruínas dos templos, nos corredores escuros das dungeons, ou nos campos cobertos de um manto de neve, polvilhados por cadáveres e rastos de sangue.

Os gráficos de Diablo 4 são um verdadeiro deleite, com detalhes minuciosos nas cidades, nas armaduras, no aspeto de algumas habilidades e muito provavelmente vão definir uma nova bitola no género dos ARPGs de Loot. Tudo isto combina-se num mundo aberto bastante interessante de explorar, com muitas atividades comunitárias para explorar, como dungeons ou eventos aleatórios.

O combate é bastante satisfatório, e obriga-nos a gerir os cooldowns das habilidades dos nossos personagens e a posicionar-nos corretamente para evitar os ataques dos adversários, embora seja relativamente fácil. Ao longo do beta apenas morri uma vez porque me distraí numa luta contra um boss e na luta contra Ashava, um World Boss que me limpou várias vezes, a mim e todos os outros jogadores que o tentaram derrubar.

As classes disponíveis têm uma identidade bem definida, contudo desequilibrada, e um gameplay bastante diferenciado. Na minha experiência, passei maior do tempo com um Barbarian, e ainda que suas as habilidades mais básicas sejam um tanto quanto aborrecidas e indiferenciadas, foi incrível usar a habilidade Upheaval e ver destroços e cadáveres a voar pelo chão. Já os Rogues e os Sorcerers têm habilidades mais divertidas, na minha opinião, e são mais poderosos do que os Barbarians, pelo menos por agora.

O inferno

No outro lado do espetro, alguns elementos do beta não me deixaram tão entusiasmado, a começar pelos itens. O loot é o coração de um jogo deste género e mesmo concedendo que apenas pude jogar até ao nível 25 e os itens únicos não estão disponíveis, não encontrei nenhum item que me tenha realmente surpreendido. A utilidade dos itens está mais relacionada com o seu Item Power, do que propriamente com os seus mods, e ao longo de 25 níveis, a minha tomada de decisão prendeu-se acima de tudo com esse número, sem que tenha sentido o impacto dos mods individuais de cada item.

Mesmo os itens lendários não me convenceram, pois são basicamente itens raros com um mod especial adicional, que pode ser transferido para outros itens através do sistema de crafting – o que até é um ponto positivo. Obviamente que isto pode mudar nos níveis mais avançados, e os Uniques não estavam disponíveis no beta, por isso ainda é cedo para tecer uma consideração final, especialmente quando não tive acesso ao sistema completo de crafting.

Também temos um desequilíbrio notável nas habilidades das classes. Sem skill trees demasiado complexas, algumas habilidades não têm uma identidade bem definida e em alguns casos há ataques que são claramente superiores aos outros disponíveis, o que acaba por limitar a nossa escolha.

O mundo aberto também deixou algo a desejar em alguns momentos. Por muito arrebatador que seja, a densidade de monstros não é particularmente alta, o que se traduziu em alguns momentos com muitas caminhas e pouca ação. Claro que com um mount esta situação será certamente apaziguada, aumentando a velocidade com que nos vamos poder deslocar.

Ao longo do acesso antecipado do Beta de Diablo 4 diverti-me imenso e estou desejoso por voltar ao mundo de Sanctuary já na próxima semana. Foi uma boa experiência, e não tenho dúvidas de que Diablo 4 vai ser um sucesso, ainda que a sua natureza possa afastar os mais puristas do género. Estou ansioso pela versão final, mas cauteloso com o futuro, especialmente no que toca à introdução de microtransações, elementos P2W, por muito subtis que sejam, ou Battle Passes e todos os outros sistemas que teimam em tentar monopolizar o nosso tempo, como logins e missões diárias e que podem ter um enorme impacto na comunidade de Diablo.

Se a Blizzard tomar as decisões certas neste campo e aproveitar o feebdack dos jogadores que participaram no período Beta, Diablo 4 pode estabelecer-se como um novo fenómeno dos MMOs.


Pedro Pestana é viciado em gaming, café e voleibol, sensivelmente nesta ordem. Podem encontrar alguns dos seus devaneios em @pmnpestana

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