The Mageseeker: A League of Legends Story – Análise

League of Legends é aquele jogo que nos acompanha durante décadas, causador de inimizades, frustrações, picos de raiva e até algum afastamento da humanidade. É mau demais para se suportar, mas bom demais para queremos sempre voltar, passem os anos que passarem. A lore de League of Legends sempre foi pouco explorada, com apenas os trailers e demonstrações dos champions a destaparem o pano que esconde um universo bastante complexo, com um potencial sem fim para ser esmiuçado.

Ainda assim, League of Legends conseguiu sempre manter a sua relevância com uma estrutura e sistema de jogo bem montados, algo que considero um fenómeno, pois um dos elementos fundamentais que sustenta a relação dos jogadores com os videojogos é precisamente a história e personagens relacionáveis. Durante anos, League of Legends foi alimentado pela vertente competitiva, mas agora dá passos largos na conquista de um público mais abrangente. Arcane, da Netflix, abriu portas à imaginação da Riot, e hoje é possível sonhar com infindáveis possibilidades de novo conteúdo dentro deste apaixonante universo.

The Mageseeker: A League of Legends Story surge agora com a missão de nos contar mais factos sobre a lore, no entanto, conseguiu muito bem concluir a missão secundária: suscitar o interesse de alguém que não é fã de jogos 2D pixelizados: eu. A Riot demonstra uma vontade insana em fazer conteúdo a pensar nos jogadores, e para tal uniu-se ao estúdio Digital Sun Games para este projeto, através da Riot Forge, o seu departamento de publishing. The Mageseeker: A League of Legends Story vai, certamente, agradar todos os fãs do universo, mesmo aqueles que o rejeitariam pela sua arte.

A Supressão da Magia

The Mageseeker: A League of Legends Story segue a história de Sylas of Dregbourne, também conhecido por Sylas, The Unshackled. Tudo aquilo que sabemos sobre ele é-nos revelado pela respetiva descrição em League of Legends, algo que agora temos a oportunidade de aprofundar e experienciar em primeira mão. Aqui começam os primeiros desafios para o tipo de jogador que não aprecia este género de jogos. Acompanhar uma narrativa torna-se desinteressante pela ausência de voice-acting, diálogos animados ou elementos envolventes que preenchem o campo visual do jogador, completando-o com informação adicional e detalhada.

Mas The Mageseeker: A League of Legends Story não precisou de nada disso para captar a minha atenção, e logo desde início fiquei “agarrada” ao ecrã a ler todas as falas, não deixando escapar nem uma, permitindo (talvez pela primeira vez) que a minha imaginação desenhasse a animação. Em tempos, achei que tinha um gosto sofisticado. Quanto mais animação, tecnologia, e fogo de artifício houvesse, melhor! Nunca estive tão enganada. Agora, entendo a paixão pelo 2D pixelizado, que nos entrega uma experiência com a capacidade de nos focar naquilo que é realmente importante: a história que sustenta tudo. (Aceito sugestões de mais jogos do género, obrigada!)

Não querendo desvendar grandes detalhes sobre a história – porque acreditem, vão querer descobrir sozinhos – tudo aquilo que nos é dito sobre Sylas em League of Legends é o ponto de partida para o desenrolar da ação em The Mageseeker: A League of Legends Story. Sylas foi preso quando era pequeno por causa da sua magia – esta que não era bem vista em Demacia. Durante anos na prisão, e já em adulto, o protagonista acaba por acumular uma quantidade bem choruda de magia e consegue soltar as correntes que o mantinham amarrado àquelas paredes sombrias.

E assim se apresenta este champion, oficialmente. De correntes atadas aos punhos, com raiva e magia acumuladas capazes de lutar contra todos os caçadores de feiticeiros. De certa forma, faz lembrar um pouco de Fantastic Beasts, do universo de Harry Potter, onde há pessoas com e sem magia. A diferença é que em Demacia, os perseguidos são os feiticeiros. Sylas assim o foi durante anos, e agora está pronto para a vingança. “Watch me break a kingdom” (observa-me a acabar com um reino), e “You picked the wrong side” (escolheste o lado errado) são umas das falas mais conhecidas de Sylas em League of Legends, e agora ganharam todo o seu significado.

Correntes corrosivas

Não é difícil adivinhar que tipo de habilidades Sylas possui, não só porque já o conhecemos de League of Legends, mas porque aquelas correntes não escapam à vista de ninguém. Sylas é capaz de golpear os inimigos com as correntes, mas também usa a magia para fazer habilidades com a capacidade de causar dano extra e ainda criar alguns momentos de vantagem durante o combate.

Uma funcionalidade muito interessante é a capacidade de Sylas para roubar a magia dos adversários e usá-la contra inimigos de magia oposta. Ou seja, podemos roubar a magia de um inimigo que usa o elemento de fogo, e usá-la contra inimigos do elemento água. Ao todo temos seis elementos, o que aumenta a complexidade do combate, ainda para mais quando somos confrontados com a presença de vários inimigos na mesma sala.

Outro ponto que não podia deixar de referenciar é a profundidade que os bosses têm. Eles não estão lá apenas porque é necessário garantir os elementos básicos de um videojogo, mas sim porque contribuem de forma pertinente para a história de Sylas. No que concerne ao combate contra os bosses, fiquei verdadeiramente surpreendida com a diversidade das mecânicas apresentadas. Houve bosses que levaram a melhor de mim por várias tentativas, o que tornou o jogo verdadeiramente desafiante, e ao mesmo tempo, impossível de desistir.


Continua…

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