Mesmo para quem não acompanha atualmente a WWE, existe uma aura de diversão à volta dos jogos. São um remédio ideal para descomprimir no final do dia, em que podemos dispersar frustrações num oponente de formas criativas e maquiavélicas, como atirá-lo do topo de uma cela, partir uma mesa com ele, dar-lhe com uma cadeira na cabeça, ou a minha favorita, fazer um golpe final do cimo de um escadote.
Nessa ação em particular, a edição de 2023 podia estar melhor. Os ladder finishers são exatamente os mesmos do ano passado e continua sem haver a possibilidade de fazer um chokeslam ou power bomb do cimo da escada. Todavia, estaria a mentir se dissesse que WWE 2K23 é um copy paste. Há mais de 100 animações novas, se contarmos ataques, ataques em equipa, e taunts (gestos, provocações).
Os jogos da WWE sempre foram bons a deixar-nos recriar os espetaculares momentos que víamos na televisão, mas parece-me que a fórmula atual, estreada pelo jogo do ano passado, é a melhor nesse aspeto. Os controlos são simples o suficiente para que ninguém fique assustado, mas também existe complexidade se quiseres fazer algumas coisas mais particulares. Quanto mais jogas e praticas, mais recompensado te sentes. Um jogador experiente não é facilmente vencido por um novato, por exemplo.
O modo showcase destaca a carreira de John Cena
O principal modo de WWE 2K23 tem como destaque John Cena, mas tem uma reviravolta comparativamente ao ano passado. Se em 2K22 controlávamos Rey Mysterio ao longo de vários combates, no modo de 2K23 controlámos os oponentes de Cena. O modo tem narração de John Cena e dá uma ideia de humildade e reconhecimento dos seus erros, até porque nos combates deste modo acaba por ser derrotado.
A variação de controlar um wrestler diferente de combate para combate é interessante e não resulta em tanta fadiga como no modo do ano passado. Os combates continuam a ser interrompidos com transições para um vídeo do combate real, o que às vezes é frustrante porque corta o ritmo. Além disso, às vezes também é preciso ir ao menu ver as instruções do que temos de fazer, nem sempre é imediatamente claro.
Uma das coisas que sinto falta neste modo são os comentários. Da mesma forma que usam trechos dos combates reais para fazer interpolação com a jogabilidade, podiam usar trechos dos comentários para dar mais entusiasmo ao que estamos a jogar. De resto, é um modo com valor e para recordar combates memoráveis que já ficaram para trás.
Cria o teu wrestler e sobe na carreira no MyRise
Enquanto o showcase com John Cena assume contornos mais cinemáticos, o MyRise é mais comparável a um modo carreira. Crias o teu wrestler e participas em várias narrativas até chegares ao pináculo da carreira num PPV. Este ano existem narrativas diferentes conforme o sexo da personagem: homem ou mulher. Para quem adora as rivalidades da WWE, este é de longe o melhor modo. Nem sempre tens liberdade total no que acontece, mas há escolhas que podes fazer que determinam a forma de agir da tua personagem.
As cenas dos bastidores, que surgem com frequência neste modo, podiam ter melhor aparência visual. Há uma diferença notável comparativamente à ação no ringue. Algumas personagens, principalmente nas caras, também têm claramente um modelo inferior, com menos detalhes e piores animações. Porém, pondo na balança todas as possibilidades criativas, é um mal menor. Com muita paciência, podes criar um wrestler com uma cara semelhante à tua (ou outra pessoa), com entrada personalizada, entre outras coisas.
Universe e GM Mode também têm novidades
O GM Mode, que fez um regresso no ano passado depois de insistentes pedidos dos fãs, funciona basicamente da mesma forma, mas tem mais conteúdo. Podes escolher novas caras, como Xavier Woods, Tyler Breeze, Eric Bischoff, Kurt Angle, e Mick Foley. Também podes escolher novas marcas para gerir, como a NXT 2.0 (a NXT UK foi substituída) e a desaparecida WCW. No planeamento dos espetáculos, há mais variedade de partidas para escolher. Mas, a mudança mais importante, é que já não estás limitado a uma temporada. O teu progresso pode continuar por quantas temporadas quiseres, o que é mais encorajador.
A grande novidade do modo Universe (continuas a poder escolher a versão Superstar ou Classic) é um recurso chamado Momentum, que é distribuído no final da partida. O Momentum, quando acumulado, pode ser usado para criar e inflamar rivalidades ao fazer diferentes ações antes ou depois dos combates. Por exemplo, podes fazer um ataque ao adversário antes do combate para enfraquecê-lo, ou continuar a castigar o teu oponente depois da campainha tocar.
Jogabilidade mais polida, com novo sistema de pin
Há menos erros de física do que no ano passado, mas ainda os podem acontecer de longe a longe. A jogabilidade é quase igual, tirando pequenas diferenças. Quem jogou a versão anterior vai reparar numa diferença na mecânica do pinfall, que agora é feita no analógico (no ano passado, tinhas que metralhar nos botões) ao carregar para cima no tempo correcto (fica mais difícil quando mais desgastada está a personagem).
Nos combates terás agora que gerir a stamina do lutador. A stamina é gasta tanto a executar golpes como a sofrê-los. O sistema é demonstrado por duas barras sobrepostas, uma vermelha e outra verde. A verde mostra o nível de stamina. A vermelha mostra o que podes recuperar. Em prática, isto penaliza a execução de poderosos golpes e de andar sempre a correr de um lado para o outro. Nem todos vão gostar, mas é mais realista.
Um jogo sólido para os adeptos da WWE
WWE 2K23 marca o regresso da série ao formato anual. Apesar desta entrega ser melhor do que a do ano anterior, havia margem para melhorias mais significativas com tempo extra de desenvolvimento. A nova fórmula é sólida, tal como o jogo anterior já tinha provado. Mas para quem adquiriu WWE 2K22, a proposta deste ano pode não ter argumentos suficientes para justificar o preço de novo jogo. Há pequenas melhorias aqui e ali. As Tag Teams lutam em conjunto no Royal Rumble, o que faz sentido. Foi incluído o modo War Games. Mas no geral, parece mais uma atualização e não algo novo. É um problema transversal a todos os jogos anuais.
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