Dirt 5 – Análise

Dirt 5 marca a entrada da série na nova geração de consolas e a Codemasters fez questão de a celebrar com uma festa, num jogo de corridas de arcada, onde a diversão e simplicidade ocupam o lugar de piloto e co-piloto.

Isto fica claro desde os primeiros segundos do jogo, sem qualquer margem para dúvidas: aqueles que procuram uma simulação mais fiel à realidade ficarão muito melhor servidos com Dirt Rally 2.0, enquanto que aqueles que só querem pé a fundo no acelerador e ondas de lama, têm horas de diversão garantidas com Dirt 5.

Para trás ficam as mecânicas mais complexas de Dirt 4 e agora é inteiramente possível saltar da estaca zero diretamente para detrás do volante, com uma curva de aprendizagem quase impercetível. Não precisei de muito tempo para me familiarizar com os pequenos truques de condução – um pequeno toque no travão de mão para derrapar, uma travagem no momento certo antes das curvas – a verdade é que são simples o suficiente para até um amador como eu ter imenso sucesso desde a primeira volta, às vezes até demasiado sucesso.

simples o suficiente para até um amador como eu ter imenso sucesso desde a primeira volta…

Com primeiro lugar atrás de primeiro lugar, a progressão no modo carreira foi fácil e constante, ainda que linear. Para desbloquear a fase seguinte é necessário acumular um certo número de pontos, e há sempre pelo menos uma alternativa no que toca às corridas. São várias provas e modalidades espalhadas pelo mundo, num roteiro diversificado que vai desde as favelas e Cristo Redentor do Rio de Janeiro até às selvas de bamboo da China, dos Himalaias a Itália, numa longa lista que confere uma lufada de ar fresco no que toca à diversidade das pistas.

Ainda assim, mesmo com toda a diversidade das pistas, o comportamento dos veículos é similar, independentemente do terreno – quer seja gravilha, terra ou lama – e dentro da mesma classe de carros não há grandes diferenças de condução entre por exemplo, um Peugeot 306 Maxi e um Subaru Impreza S4 Rally.

Há exceções, especialmente nas corridas com gelo, que têm um modo dedicado chamado Ice Breakers, que põe à prova as nossas capacidades de condução em superfícies congeladas e escorregadias e nas provas afetadas por eventos meteorológicos extremos, um dos momentos altos do jogo. Chuvas torrenciais, tempestades de neve e elétricas não só impressionam a nível visual, como também alteram gradualmente a condução ao longo da corrida, com o acumular de neve e lama a afetar o comportamento dos veículos nas voltas finais.

Dos vários eventos, alguns são extremamente similares entre si, onde a única diferença é a década de fabrico dos carros, ou seja, clássicos dos anos 80, 90 até aos tempos modernos. Saltam à vista os modos Stampede com veículos 4×4 e pistas desafiantes e a introdução dos Sprint Cars, que trocam a lama dos rallies pela velocidade. Estes últimos são um autêntico desafio para controlar, com uma condução completamente diferente de todos os outros veículos, acrescentando uma necessária variedade neste departamento.

Finalmente, de notar o esforço da Codemasters em criar uma narrativa à volta do modo carreira. A história é contada em pequenas intermissões entre as corridas, sob a forma de um podcast, narrado por Nolan North e Troy Baker. Embora tenha ficado surpreendido pela inclusão de uma história num jogo de corridas de arcada, passou-me ao lado, até porque enquanto jogador, fui sempre um mero espetador passivo da mesma.

Fora do modo carreira, a única opção merecedora de destaque é o Playgrounds, que permite a criação e partilha de pistas, com várias já disponíveis – e aqui pode estar um ponto a favor do jogo, caso haja uma comunidade ativa e criativa. É todo um arsenal de opções disponível, extremamente fácil de usar para dar aso à imaginação, entre rampas, arcos flamejantes e pilares para drifts.

Finalmente, uma palavra para os gráficos e performance do jogo, testado numa Xbox Series X. Embora ainda não consigam deslumbrar totalmente, já nos dão uma pequena amostra do que pode vir a ser o futuro dos jogos nas novas plataformas. Com dois modos à escolha, que se focam na performance e na qualidade visual respetivamente, o jogo mantém-se sempre com uma frame rate estável, mesmo nos momentos mais caóticos, com carros a chocar, lama a saltar e reflexos nas poças da pista, exacerbados pelos eventos meteorológicos. Os fortes contrastes e cores apelativas ajudam a dar vida a Dirt 5, naquela que já é a sua assinatura visual.

Dirt 5 é um jogo de arcada puro e duro. Não foi feito para os puristas que passam horas a afinar até à perfeição todas as características dos veículos e sim para aqueles que apenas querem pé a fundo no acelerador. Com gráficos e uma performance que abrem as portas da nova geração, é uma experiência que embora não sendo a mais profunda, cumpre a sua missão, com conteúdo extremamente acessível e divertido.

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