Little Nightmares 2 – Análise

Ser pequeno é assustador. Rodeado de gigantes, incompreensíveis, com uma linguagem e comportamentos só deles, é uma experiência por si só incrivelmente avassaladora. No fundo, faz parte de ser criança, e Little Nightmares 2 pega nessa experiência e retira-lhe praticamente toda a cor, alegria e ingenuidade, para nos levar por um mundo cinzento e opressivo, do qual somos constantemente uma presa.

Controlando Mono, começamos a nossa aventura numa floresta sombria, um lugar comum nos jogos de terror. Cedo percebo que todos os erros são fatais e que este mundo não foi feito para uma criança daquele tamanho, uma certeza ao longo do jogo, reflete bem a fragilidade do protagonista.

Seguindo as passadas do primeiro título, o Tarsier repete a fórmula do primeiro jogo, redobrando a aposta nos pontos fortes que o tornaram num título de culto, recomendado a todos os fãs de terror. Através de cenários meticulosamente criados, guiamos Mono através de um mundo 2.5D, enquanto nos esquivamos de gigantescos e deformados monstros, caricaturas de aquilo que outrora, foram pessoas.

Tal como os pesadelos, a história é intimamente única a cada jogador.

Por entre armadilhas e obstáculos, encontro logo no capítulo inicial Six, protagonista do primeiro jogo, que se torna na minha companheira de viagem ao longo deste pesadelo. Sem trocarem uma palavra ao longo, a relação entre Six e Mono é escrita pelas suas ações e pequenos pormenores, que nos podem passar ao lado se não estivermos atentos – Little Nightmares requer toda a nossa atenção, a história é contada através de detalhes, na música, nos sons, nos rabiscos feitos nas paredes e sempre deixada à nossa interpretação.

O primeiro capítulo marca um arranque um tanto ou quanto pausado, que guarda o melhor para o fim, enquanto fugimos do Caçador, uma das várias figuras que atormentam Mono e Six. Armado com uma caçadeira, persegue-nos desenfreadamente, e por entre tiros, esgueiramo-nos até uma cidade onde decorre o resto da ação. As perseguições são um lugar-comum ao longo do jogo, e por vezes tornam-se frustrantes pois baseiam-se em mecânicas de tentativa e erro, onde a mais pequena falha significa que temos de repetir a secção. Felizmente os checkpoints abundam e os tempos de loading são francamente rápidos, o que ajuda.


Continua…

Share