PlayStation 5 – O que queremos na próxima consola da Sony

A PlayStation 4 chegou ao mercado europeu em novembro de 2013, há quase cinco anos atrás, tendo conquistado de imediato a confiança dos jogadores, provavelmente superando as expectativas da própria Sony, e provando rapidamente que sim, o mercado estava pronto para novas consolas. Podemos dizer que a geração anterior à PS4 se esticou ao limite da capacidade dos estúdios e boa vontade dos jogadores, cerca de 7 anos presos à mesma máquina era demasiado tempo na altura, sendo quase impensável nos tempos que correm, em que o progresso tecnológico é bem mais rápido e o apetite dos entusiastas é mais voraz do que nunca.

Não foi por isso tão estranho assim quando Sony e Microsoft decidiram optar por uma atualização de hardware a meio do atual ciclo, permitindo que as suas consolas pudessem abraçar as nomenclaturas mais modernas, como o 4k ou o HDR, sem passar vergonha. Olhando em frente, a mais recente atualização da Microsoft com a Xbox One X coloca a companhia norte-americana numa posição de maior segurança para o que aí vem, a Nintendo não deverá demorar para apresentar uma revisão da Switch (convicção pessoal, não saltem já da cadeira), e no caso da PlayStation, estamos certos que o mesmo acontecerá em breve… talvez mais cedo do que antecipávamos.

Branding

O conceito tradicional de “geração” deverá mesmo ter acabado, mas acredito que ao “dar o salto”, a Sony não corra muitos riscos, como não correu quando apresentou a PlayStation 4 (apesar do número ser muito pouco auspicioso para os japoneses). Assim, o mais provável e inteligente será chamar à sua próxima caixa proprietária de videojogos PlayStation 5, é o que o mundo espera, é no que os investidores confiam, e mais importante ainda, é o que os seus jogadores desejam.

Ainda sobre o branding, gostava de ver a companhia a promover mais uma das suas evoluções, não muito drástica e talvez com um toque de passado, afastando-se do azul que temos atualmente, no sentido do que vimos com a famosa edição 20º aniversário da PS4, cinza com o logótipo original, vermelho, amarelo, verde e azul. Adicionalmente, talvez seja pedir demais mas gostava do regresso ao género de caixas da era da primeira PlayStation, mas com um plástico bem mais resistente (ou será a nostalgia a falar?).

Design

O design é um dos elementos chave da próxima consola da Sony, tendo sido desde logo um dos segredos para o sucesso da PS4. A primeira versão é quase um milagre de engenharia, a forma como Mark Cerny e companhia conseguiram montar uma máquina acessível e eficiente, dentro de uma pequena caixa elegante e que dispensava o sempre irritante transformador externo.

Olhando hoje para as linhas do primeiro modelo da PS4, embora estejam longe de desadequadas aos padrões atuais, há espaço para fazer muito melhor. Algumas coisas foram corrigidas com a Pro e o novo modelo padrão, este último é mais sóbrio e elegante, corrigindo algumas das irritantes limitações da original, de que são exemplos os dois botões de ejectar e power, cujos símbolos são quase imperceptíveis e exigem um doutoramento para aprendermos a desligar a consola sem aceder ao correspondente HDMI na TV + Comando.

Poder

Este é talvez o ponto mais sensível porque afeta diretamente aquilo que é possível fazer com a consola a nível de design, e especialmente porque vai determinar o preço final da máquina, que não pode mesmo ultrapassar os €500. Com a PS4, a Sony conseguiu atingir o price point ideal para o ataque ao mercado, demonstrando que tinha aprendido com o erro cometido na geração anterior.

[A PS5] não pode mesmo ultrapassar os €500…

Já se passeiam online alguns supostos detalhes sobre as configurações técnicas, que apontam para que a Sony jogue pelo seguro, baseando-se na arquitetura Navi da AMD, com um CPU de 8 núcleos (“8 Core Zen CPU”). O mesmo documento fala em capacidades adicionais direcionadas ao apoio do PlayStation VR, algo que falaremos mais para a frente.

De uma forma geral, e a nível totalmente especulativo, diria que a PlayStation 5 deve possuir um nível de poder bruto ligeiramente superior ao da Xbox One X, não devemos esperar revoluções, até porque acredito que os intervalos [de poder] entre as consolas, que são hoje bem menores do que foram em tempos, serão ainda menores no futuro.

DualShock 5

O DualShock 4 é um comando bem desenhado, mas é um ponto em que a Sony continua atrás da concorrência, tendo sido o maior embaraço para a companhia na altura do lançamento devido à pobreza do material usado para certos componentes, em especial os analógicos, que são botões sujeitos a elevados níveis de pressão ao longo da utilização.

poupem nos gimmicks, nunca nos materiais…

O comando da PS4 é hoje um monstro diferente, bastante mais resistente, e ainda bem porque não é nada barato, mas merece claramente uma evolução de design na PS5. Nunca comprei o abandono do Start-Select em nome da ascensão do aspeto social, embora enfim, admito que o problema não seja por aí. O touch pad foi uma ideia engraçada mas que acaba por inflacionar em demasia o preço do equipamento para aquilo que oferece. Outra coisa, e já o disse a representantes da PlayStation, se permitisse trocar a posição do D-Pad pelo analógico esquerdo, seria um comando perfeito para mim, que tenho polegares curtos e por isso revelo dificuldade em alcançar alguns ângulos específicos com a atual posição.

Em suma, um possível DualShock 5 teria sempre de incluir uma evolução de design respeitosa com a tradição dos comandos PlayStation, mas já que nos fazem pagar cerca de €60 por um comando, a qualidade é obrigatória, poupem nos gimmicks, nunca nos materiais da nossa arma de jogo.

Compatibilidade

A questão da compatibilidade é o “elefante na sala” e provavelmente a primeira coisa que eu, assim como milhares de outros jogadores, vou querer saber quando a próxima consola da Sony for anunciada.

A estratégia atual da concorrente Microsoft passa por fazer os antigos jogos da Xbox e 360 compatíveis com a One, método que já elogiei várias vezes e que não deverá mais ser abandonado pela companhia. Como líder de mercado, a Sony não precisa olhar para trás, embora adorasse poder jogar o meu Red Dead Redemption PS3 sem ter de trocar de consola, mas julgo fundamental a Sony considerar a retrocompatibilidade, olhando para a frente.

não me digam que se tratam de jogos datados e que ninguém jogaria…

Parem uns minutos para pensar no atual catálogo de jogos da PS4, e imaginem que este estava disponível desde a primeira hora na PlayStation 5. Imaginem ligar o vosso brinquedo novo e ver todo o investimento digital que fizeram na PS Store ao longo dos últimos anos, ali à disposição e totalmente relevante. E não me digam que se tratam de jogos datados e que ninguém jogaria de qualquer forma, como a própria Sony quis sugerir a certa altura, não estou a ver títulos como Bloodborne, Uncharted 4, God of War, Spider-Man, RDR2 etc tornarem-se irrelevantes, ou “datados”, num futuro próximo.

A compatibilidade com a PS4 já foi sugerida anteriormente, faz todo o sentido para a Sony, convida à manutenção da sua gigantesca base de jogadores e garante que a nova consola entra no mercado com uma invejável biblioteca de jogos disponível desde a primeira hora. Tem apenas uma desvantagem, comercialmente falando, que é o evaporar de qualquer possibilidade para remasters SuperUltraMegaHD dos jogos da geração transata. Compromissos, compromissos…

Futuro é Digital, mas será Virtual?

O digital é um dos pilares do ecossistema PlayStation, desde a PS Store ao serviço de subscrição PlayStation Plus. O futuro é digital e a PlayStation 5 tem de vir preparada para a inevitável evolução desse lado do negócio. Neste capítulo, um dos aspetos mais importantes é a capacidade de disco, 1TB é o mínimo exigível nos dias de hoje, um SSD para correr o sistema já era pedir demais, mas o que dizer de um disco externo, que nos possibilitasse transportar a nossa biblioteca digital para casa de um amigo, trazendo um pouco do aspeto [verdadeiramente] social que o gaming perdeu com a modernidade. É improvável, mas pedir não paga imposto.

Finalmente a realidade virtual, uma das fortes apostas que a Sony fez na era PlayStation 4, que ficará para a história como o ano 0 da tecnologia. Os números apresentados pela companhia são razoáveis, mas certamente que estão muito longe do desejado pela Sony quando se iniciou nesta aventura. A capacidade superior da PS5 deverá ser capaz de oferecer melhorias às experiências VR, mas neste campo, ainda temos de lidar com as limitações do próprio PlayStation VR, e mais importante ainda, do software disponível, que está longe de conquistar os jogadores da marca. Não me parece que a Sony esteja disposta a atirar a toalha ao chão no que ao PSVR diz respeito na sua próxima geração, mas mantendo o nível atual de investimento, vai continuar ao mesmo ritmo de crescimento, independentemente da sua próxima consola. Assim disse Nostradamus.


Aníbal Gonçalves é um entusiasta de videojogos, amante de comics e obcecado pelo que acontece numa galáxia muito distante. Podes segui-lo em @Darthyo

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