HITMAN 2 – Análise

Cresci habituado a ouvir que nós, os portugueses, somos mestres da improvisação, ou seja, temos uma propensão natural para a capacidade de resolver um problema utilizando as ferramentas e métodos à disposição mais imediata.

A forma como Hitman 2, sequela do reboot de 2016, desenvolvido pelo IO Interactive, enfatiza essa mesma capacidade do famoso Agente 47 poderia levar os mais distraídos a pensar que o misterioso passado do protagonista tinha ligações ao nosso país. Isso obviamente, não é o caso, no entanto, é interessante notar que as origens do agente servem de mote para o lançamento da sequela, que em muito bebe dos pilares lançados pelo reboot, sendo por isso aconselhável jogarem o anterior título episódico, antes de mergulhar em Hitman 2.

47 trabalha com a organização ICA numa busca de informações sobre o grupo conhecido como Providence, do qual supostamente fazia parte o misterioso Shadow Client, antagonista do primeiro jogo, que alega ter as tais informações acerca do passado de 47. É esse o mote que levará o assassino a diferentes partes do globo, seis localizações muito diferentes entre si, e onde as suas capacidades serão colocadas como nunca à prova.

Hitman 2 chegou ao ponto de confrontar a minha consciência…

Pensem nas localizações como mini-mundos abertos, cada um desenhado para correr ao seu próprio ritmo independentemente das nossas ações, mas por onde nos podemos passear para alterar cuidadosamente as variáveis. É como um jogo de xadrez à disposição da mestria assassina de 47, que tem mias dificuldade do que nunca em cumprir os seus contratos utilizando a força. A mente, é a sua melhor arma.

Trata-se de uma jogada que tem tanto de inteligente, por focar-se no estilo de gameplay que distingue realmente a série, como de limitador. 80% das missões que conclui ao longo da história da série “deram para o torto”, ou seja, terminaram comigo a balear indiscriminadamente o alvo, fugindo que nem uma lebre logo de seguida. Mas se é verdade que isso me permitiu alcançar a vitória nos respetivos jogos, nada é mais satisfatório do que ver um plano a dar certo, ver 47 a enganar uma equipa de seguranças disfarçado de enfermeiro, só para encaminhar o respetivo alvo para a casa de banho, dando-lhe depois o beijo da morte. Como se o estivesse a convidar a entrar numa câmara de gás. É duro, Hitman 2 chegou ao ponto de confrontar a minha consciência, mas é extremamente gratificante ao mesmo tempo.

Alternativamente, o método afirmativo de usar as armas de fogo para abrir caminho até ao objetivo são muito pouco eficientes nesta sequela, em primeiro lugar devido à surpreendente capacidade dos inimigos em acabar com as nossas intenções ao tiro, e em segundo lugar por causa de um motor de física que não foi desenhado para um modelo de ação. Isso fica bastante claro quando corremos, ou mesmo quando interagimos como os elementos do cenário. Uma porta por exemplo, parece uma cortina de papel a embater contra o corpo do protagonista.

O combate também mudou bastante para acomodar as alterações, com a introdução de QTE’s rápidos e simples, que inicialmente têm algum impacto, mas que se vão tornando repetitivos com o passar do tempo. Felizmente, a melhor forma de jogar Hitman passa por garantir que não precisarão de dar um único soco.


Continua…

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