Tom Clancy’s The Division 2 – Análise

A Ubisoft Massive teve uma grande vantagem no desenvolvimento de Tom Clancy’s The Division 2, a possibilidade de aproveitar uma base forte, viabilizada pelo longo processo de criação e afinação do primeiro (2016), que se bem se recordam, prometeu muito, cumpriu uma parte, mas acabou rapidamente eclipsado pela rapidez e ânsia do mercado, especialmente o das consolas.

diferentes grupos que disputam o poder na falta de legitimidade democrática.

E essa base não era apenas mecânica, mas narrativa também. Compreendida a crise pandémica que ficara conhecida como a “Gripe do Dólar”, que arrasou com a cidade de Nova Iorque, é claro que outras grandes cidades norte-americanas também acabaram envolvidas em disputas de diferentes facções. Entre elas, o coração do poder político norte-americano, Washington, D.C., para onde somos enviados de emergência como membros da Strategic Homeland Division, depois de uma total falha de comunicações.

Neste cenário de autêntica guerra civil, partimos ao encontro de Manny Ortega, o nosso contacto da Division na capital, que tem o centro de operações montado em plena Casa Branca. A partir daí existem várias formas de como um agente isolado como nós pode assistir a divisão, sendo que o objetivo global está na reconstrução da cidade, assistindo os sobreviventes e as comunidades que se vão formando em zonas chave da cidade, que diga-se, está brilhantemente representada. Os visuais da sequela, uma Washington virada absolutamente do avesso, são soberbos, e isso inclui não só os ambientes exteriores, mas também os imensos espaços interiores para onde nos levam todo o tipo de missões.

Temos liberdade de movimentos pelo mapa, mas com as zonas segmentadas por diferenças de poder, somos convidados ao tradicional grind de nível para obter mais habilidades, melhor gear, melhores armas e assim progredir em segurança para a área seguinte. Ao longo dos espaços existem muitos pontos de interesse, sendo que entre eles, ainda encontramos eventos dinâmicos, malfeitorias provocadas pelos grupos que disputam o poder na falta de legitimidade democrática. Os líderes políticos assumem-se mortos, e de repente, todos parecem ter a sua forma particular de fazer da “América Grande Outra Vez”.

todos parecem ter a sua forma particular de fazer da “América Grande Outra Vez”.

O grupo mais desorganizado são os Hyenas, formados por gangues criminosos e anarquistas felizes da vida por não terem mais que pagar impostos. Seguem-se os fanáticos Outcasts, um grupo que parece querer vingar-se do anterior poder instituído, que culpam por toda aquela situação. E finalmente, este sim o grupo que vos merece maior atenção como agentes da Division, os True Sons, antigos membros da Joint Task Force, militares ou simples traidores egoístas, que foram encantados pelo carisma do Coronel Antwon Ridgeway.

Reitero, as zonas estão repletas de atividades, desde o salvamento de reféns, obtenção de informações vitais, mantimento de zonas de controlo, missões principais, secundárias, os strongholds, que já exigem uma equipa coordenada para superar e as Dark Zones, o reformular da ideia nobre que a Ubisoft teve para o endgame do primeiro jogo, afinada ao longo de atualizações e sem surpresa, a cereja mais apetecível da sequela. Mas já lá vamos.

É que esta história da ambição das editoras em fazer jogos em mundos persistentes tem mudado, “à força” mas tem mudado. Uma lição que os jogos de preço completo modelados num sistema GAAS (Jogo como Serviço, que lhes garanta receitas contínuas) nas consolas vão acabar por aprender. Os jogadores são cada vez mais sedentos por novidades, não existem mais World of Warcrafts, vão aparecendo fenómenos como Fortnite e Apex Legends, que explodem por serem free-to-play e porque os jogadores gostam de gastar dinheiro naquilo que lhes merece compromisso. Já dizia o outro, se “merece o meu tempo, merece o meu dinheiro”, mas não são estúpidos.

é divertido, da mais simples conquista de uma landmark, até à mais arrojada das bounties…

Tudo isto para dizer que embora mantenha a história dos cosméticos, que permite que quem saiba o significado da expressão “expendable income” possa gastar umas coroas extra, Tom Clancy’s The Division 2 é um jogo de grind, apenas isso, e um extremamente divertido por sinal. “Farmamos” armas melhores para matar inimigos maiores, de modo a ganhar armas ainda melhores, para matar inimigos AINDA maiores. E se no meio de tudo isto, estivermos entre os mais dedicados dos dedicados, ainda podemos ter o prazer de usar essas mesmas conquistas para castigar semelhantes, disfarçando a nossa falta de vida por uma imensa “Skill”, desculpem-me, nestas situações aposto sempre na matemática. E claro que jogas bem, tens 400 horas disto!

E a verdade é que é um prazer imenso fazê-lo, da mais simples conquista de uma landmark, até à mais arrojada das bounties, com amigos então, é inebriante. Mas mesmo que sejam ratos solitários, o sistema de matchmaking de The Division 2 garante que há sempre algo para fazer em companhia de outros, só têm é de aturar uns loadings terrivelmente longos, que me fizeram passar por mal educado uma série de vezes, levanto-me sempre muito cedo, não evitei por isso deixar uns companheiros de equipa na mão por culpa da ressonância.


Continua…

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