Overpass – Análise

A Bigben Interactive, ou como agora é conhecida, Nacon, tem no seu historial uma série de adaptações distintas de vários desportos, com grande destaque para os desportos motorizados, como são os casos de WRC 8 FIA World Rally Championship, V-Rally 4 ou FlatOut 4: Total Insanity. Com Overpass, a companhia não só adiciona mais um título a este cardápio, como vem torná-lo ainda mais diferenciado.

Esta nova entrega, que já está disponível no mercado, coloca o jogador num ambiente totalmente diferente do que os jogos de automobilismo nos oferecem, num conceito mais radical. Deixando a velocidade totalmente de parte, a missão passa por ultrapassar vários obstáculos ao volante de um Buggy ou de uma Moto 4, em pistas organizadas especialmente para o efeito ou circuitos traçados em plena natureza.

Trata-se de uma abordagem diferente e refrescante quando comparada com o que existe no mercado e que apesar de ir de encontro a um grupo específico de fãs de todo-o-terreno, acaba por resultar numa lufada de ar fresco para amantes de rally e de asfalto. No entanto, existem algumas falhas que transformam Overpass num título mediano e com um longo caminho a percorrer.

Na sua essência, o jogador escolhe o tipo de veículo de sua preferência (existem diferenças entre conduzir um Buggy e uma Moto 4) e tenta, no menor período de tempo, ultrapassar obstáculos que vão desde subidas íngremes, terrenos enlameados, percursos rochosos, pneus, troncos de árvores, entre muitas outras coisas.

Tudo isto faz com que o jogador utilize o travão muito mais do que o habitual quando acompanhados dos nossos amigos de quatro rodas, onde o ‘mindset’ terá de ser totalmente alterado para que possamos ser bem sucedidos em Overpass. Não será à primeira, nem à segunda tentativa que vamos conseguir ultrapassar algumas das contrariedades encontradas, sendo um jogo que exige uma enorme dose de compromisso até conseguirmos dominá-lo.

Este compromisso acaba por ser frustrante graças a algumas das falhas de gameplay que, a meu ver, não podem acontecer num jogo que exige tanta concentração e precisão. Em certas ocasiões esporádicas, algumas das pedras maiores no nosso caminho simplesmente não assumiam o seu papel de obstáculo, ou seja, a hitbox não existia e o bólide era basicamente “engolido” pela rocha.

Isto aliado a algumas situações fisicamente questionáveis, visível no comportamento do veículo, colocam Overpass uns furos abaixo daquilo que poderia oferecer. Recordo-me de uma situação em particular onde seguia a uma velocidade média/alta em direção a uma rampa, e ao chegar lá, o impacto em vez de me abrandar fez com que o carro parasse como se de um muro se tratasse; na volta seguinte, a mesma velocidade, o mesmo trajeto, desfecho diferente: saí disparado.

Relativamente ao conteúdo, Overpass oferece-nos modos a solo e multijogador, online e offline. O destaque vai obviamente para o modo Carreira, que possui um sistema curioso de escolhas. Em vez de nos dar um seguimento lógico de corridas/campeonatos, o esquema é traçado através de uma ramificação de escolhas, onde um determinado campeonato desbloqueia outro. Nesta ramificação estão espalhados os vários upgrades que podemos fazer ao carro, por isso, a escolha do nosso caminho é crucial. Com o terminar da temporada, que culmina num evento principal disputado pelos primeiros oito classificados, todos os upgrades são transferidos para a nova.

Os restantes modos passam pelos suspeito do costume nos títulos de desportos motorizados. Destaque para o multijogador local, que pode ser jogado em ecrã dividido ou um jogador de cada vez. O online não possui, pelo menos de momento, qualquer modo competitivo. Nestes modos todos os veículos estarão disponíveis, sem necessidade de desbloqueio, mas em contrapartida, os upgrades conquistados no modo Carreira não poderão ser utilizados.

Dentro das categoria de Buggies, existem um total de doze veículos, todos eles com as três opções de tração: duas rodas, total e diferencial. Já no que diz respeito às Moto 4, estão apenas disponíveis sete, sendo que nem todas possuem as três diferentes trações, algumas contam apenas com tração a duas rodas, nomeadamente as mais potentes. Polaris, Yamaha e Arctic são as marcas representadas nas duas categorias, a Suzuki junta-se às Moto 4.

Numa nota final, a componente gráfica de Overpass é competente, mas não impressiona no que diz respeito ao detalhe, o mesmo no que diz respeito ao som ambiente e comportamento dos motores. Já a banda sonora é curta, e esperem ouvir a mesma música em loop durante vários minutos (existe sempre a opção de a desativar no menu, ufa!).

Overpass foi capaz de distinguir-se e acrescentar valor à oferta de jogos motorizados atualmente no mercado, nomeadamente aos desportos radicais, muito pela falta de concorrência. Possui alguns pontes fortes, mas acaba por ser uma entrega mediana graças a falhas imperdoáveis e físicas demasiadas vezes questionáveis. Apesar disso, trata-se de um título onde fãs de todo-o-terreno certamente despenderão de várias horas, enquanto que servirá de digestivo para aqueles que procuram algo diferente no género.

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