Tony Hawk's Pro Skater 1+2 – Análise

Bons eram os tempos em que a prática do Skate era moda. Jovens de boné para trás, calças largas e sapatilhas a nadar no pé com o atacador desapertado. Longe de mim estar a criticar estas escolhas, sobretudo tendo feito parte delas e talvez por isso, Tony Hawk Pro Skater me faça regressar a infância, agora enquanto (jovem) adulto, da melhor forma possível.

Nunca tive uma PS1, mas todas as tardes após a escola dirigiam-me para casa de um vizinho para desfrutar de inúmeros jogos que moldaram o meu gosto para aquilo vivo hoje como trabalho. Exceptuando a impactante cena do Zombie a rodar a cabeça no Resident Evil 1, Tony Hawk foi daqueles títulos que marcaram e cujas horas passavam a voar. É por isso que tenho todo o prazer em dizer que este remaster/remake dos dois títulos originais é um deleito para os fãs, uma visão certeira por parte da Activision.

Há mais de 15 anos que não contávamos com um Pro Skater com esta qualidade, com a magia da Neversoft a perder-se desde então. Tudo aquilo que se recordam dos originais permanece intacto e se tal como eu não tiraram o pó da consola para experienciar os truques e manhas do jogo, então preparem-se para um abanão como já não sentiam há muito tempo.

Tony Hawk Pro Skater 1+2 é bem mais difícil do que me recordava, não retirando a diversão que se sente a explorar zonas repletas de encanto, como Downtown e Venice Beach, enquanto executamos manobras e somos vítimas de muitas, muitas quedas. É um daqueles jogos que a prática faz-se sentir, promovendo a que iniciemos o jogo para mais uns minutos numa viagem de verdadeira nostalgia.

… Torna-se evidente que este é um projeto criado por fãs para fãs

Apesar do jogo focar-se nos primeiros dois títulos, vai buscar truques e elementos de sequelas, assim como novidades únicas, elevando ainda mais o gameplay arcade e a experiência no geral. Challenges acrescentam longevidade ao jogo, oferecendo desafios para superarem de forma a adquirirem novas pranchas, emblemas e uma série de outros cosméticos, juntando isso ao facto de vermos manobras como Wall Plant de Tony Hawk’s Underground, é possível afirmar que Pro Skater 1+2 reúne o melhor da série.

Graficamente, é uma das remasterizações mais impressionantes que vi nos últimos tempos, não pelos brilhantes visuais 4K HDR, mas sim pelo cuidado presente e que se faz notar, tornando evidente que este é um projeto criado por fãs para fãs. Os mapas deixam para trás o “nevoeiro” da PS1, ganhando nova vida e cor, repleto de pormenores únicos que só agora conseguimos reproduzir.

Para além do regresso da experiência Tony Hawk, ressurgem os skaters originais, agora um pouco mais velhos. Ver Jamie Thomas e Chad Muska a usar calções, colares e camisas de outros tempos é hilariante e homenageia alguns dos melhores da modalidade, não só do passado, como no presente. Aori Nishimura e Nyjah Huston são alguns dos nomes da nova geração, uma espécie de passar de testemunho que nos permite redescobrir os super-heróis da atualidade.

O Create a Park permite que montemos parques à nossa visão, desde simples zonas repletas de rampas e corrimões, a tresloucadas invenções que forçam umas boas gargalhadas. De momento a oferta ainda é limitada, mas tenho certeza que com a simplicidade das ferramentas de criação, é uma questão de tempo até ao aparecimento de autênticos recreios para masterizar.

No que toca ao modo multiplayer… parece limitado, pelo menos no lado competitivo, colocando 8 jogadores a lutar pelo maior número de pontos. É divertido até olhar para tabela e ver alguém a destacar-se com x32 no multiplicador passados 10 segundos, um problema meu e não do jogo, vamos ser honestos. Espero que no futuro sejam introduzidos mais modos competitivos, até lá fica o prazer de experienciar livremente os belos parques recriados pela Vicarious Visions, juntamente com outros jogadores, sem ter que olhar para pontuações.

Por fim fica a cereja no topo do bolo, a banda sonora. Apenas 3 das músicas dos primeiros dois títulos não foram incluídas, algo que nem se faz sentir dada a qualidade da seleção musical. Ouvir Rage Against the Machine enquanto pairamos no ar é fantástico, uma experiência que se repete vezes e vezes sem conta com Papa Roach, Billy Talent, Anthrax e muitas outras bandas que me preencheram a infância.

Ainda hoje Tony Hawk’s Pro Skater 2 permanece como um dos melhores jogos de sempre segundo o metacritic, tendo marcado uma geração inteira de jogadores que tal como eu, recordam-se dos bons momentos e centenas de horas passadas diante de uma televisão CRT. Passados 20 anos recebemos uma remasterização que faz jus às nossas memórias, presenteando-nos com um título com a mesma diversão e música de outrora, numa fórmula que se distingue no presente e que volta a elevar a série Tony Hawk ao patamar que merece.

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