O futuro da saga Assassin’s Creed na nova geração

Com a nova geração de consolas, começa a chegar todo um novo leque de jogos, que dão agora os primeiros passos numa nova era, mergulhando lentamente nas capacidades das novas plataformas. Ainda que de forma tímida em muitos casos, os jogadores já conseguem saborear o que o futuro lhes reserva.

Ainda que estejamos pelas entradas, já podemos sonhar com os pratos principais que os estúdios estão a cozinhar nos seus fornos. Para abrir o apetite da nova geração, ainda pode não haver assim tanta escolha, mas a que há tem qualidade e vou destacar aqui um jogo e a respetiva franquia que representa – Assassin’s Creed Valhalla.

Com génese em 2007, Assassin’s Creed criou um novo molde para os jogos de ação e subterfúgio, com elementos que se tornaram icónicos na franquia: O mapa aberto, as missões de assassinato, o arsenal variado, a exploração e as passagens por vários períodos temporais da história mundial.

Com cada entrada, a Ubisoft foi-se tornando cada vez mais ambiciosa, criando mundos maiores e mais detalhados, com uma forte ênfase na exploração, trazendo ao mundo títulos que levam os jogadores em aventuras de dezenas, senão centenas de horas.

Valhalla segue a tendência dos títulos anteriores, com um mundo extremamente grande e aberto, tirando partido das capacidades da velocidade de carregamento da nova consola da Sony. Embora os tempos de loading ainda estejam presentes, eles são rápidos e apenas surgem em momentos muito específicos do jogo, sem quebrar a imersão no rico mundo da Inglaterra do séc. IX.

Se alguns jogadores não ficaram muito contentes com o menor peso que os elementos de subterfúgio e infiltração têm no gameplay – afinal, os vikings não eram conhecidos pela subtileza – a verdade é que AC: Valhalla se tornou no título mais bem sucedido da série.

Talvez pelo ânimo de uma nova geração e de tudo aquilo que traz, talvez por ser objetivamente um bom jogo, AC: Valhalla deixa as portas abertas para um futuro risonho da franquia, não só pela natural expansão dos jogos da série, com mais funcionalidades a cada lançamento, mas acima de tudo pela inovação que a nova geração lhes pode conceder.

A primeira melhoria é óbvia e clara à primeira vista: os gráficos. Um dos cartões de visita da nova geração de consolas é precisamente esse, a fidelidade visual que conseguem recriar: Raytracing, texturas 4K, frame rates altíssimas que ajudam a dar vivacidade aos mundo, tudo se para criar paisagens de cortar a respiração . Una-se isto a tempos de loading que quase passam despercebidos, para uma imersão total. As possibilidades são enormes, e certamente vão permitir a coexistência de cidades densas, que transbordam vida, recheadas casas para explorar e visitar, com paisagens que se estendem por quilómetros, rasgadas por rios, montanhas e bosques, que também escondem segredos no seu seio.

De forma algo tímida, e em parte devido ao período histórico que explora, as cidades de AC: Valhalla nem se comparam às vistas em títulos anteriores da série, que tinham uma abordagem muito mais urbana. Exceção clara para os as regiões míticas de Jottunheim e Asgard, que embora “desligados” da região de Inglaterra e da Noruega, um exemplo do potencial da nova geração5.

Se por um lado os mundos de Assassin’s Creed podem ser crescer e tornar-se mais belos, acredito que a grande inovação que a PlayStation 5 pode trazer está literalmente nas nossas mãos.

Estou a falar do DualSense, o comando que em termos criativos abre um inimaginável leque de opções no que toca às mecânicas do jogo, podendo estabelecer mais uma vez um novo molde no género.

Valhalla apenas tocou ligeiramente nas funcionalidades do comando após uma atualização, explorando apenas a ponta do icebergue do seu potencial.

Imaginem só o futuro: Face a uma porta trancada, podemos tomar a decisão de a arrombar à bruta, alertando os inimigos, ou usar uma ferramenta para abrir a fechadura, num minijogo onde a pressão dos gatilhos do comando é essencial para realizar a nossa tarefa. Aquilo que em jogos como Fallout ou Skyrim rapidamente se torna num aborrecimento (quem já jogou sabe do que falo), tem a chance de se tornar numa tarefa desafiante, enquanto procuramos aquele “sweet spot.”

E vamos mais longe: quem se lembra do sensor antipessoal de Metal Gear Solid 2 e 3? O pequeno mecanismo detetava os batimentos cardíacos dos inimigos, recriando-os nos comandos das PlayStations. Porque não um mecanismo similar no próximo AC, que através da vibração do comando nos indica a posição dos guardas?

Não fiquemos por aqui, passemos ao combate, onde a força que pressionamos nos gatilhos pode mudar a intensidade dos nossos ataques, ou a distância que atiramos pedras, garrafas, ou armadilhas para distrair os nossos inimigos, com o nosso protagonista a dançar por entre inimigos, oscilando entre a elegância e a brutalidade, na forma como os gatilhos são pressionados.

As possibilidades do futuro dão aos fãs muito com que sonhar, e espero que a Ubisoft faça o esforço de aprofundar as capacidades do DualSense, mesmo sabendo que Assassin’s Creed é um lançamento multiplataforma.

Ainda é cedo, e até ao próximo título de AC vamos ter de nos contentar com o imenso conteúdo de Valhalla e das suas expansões, que irão levar Eivor à Irlanda e depois a Paris. Quem sabe nessa altura já consigamos sentir nas mãos um pouco mais daquilo que a PlayStation 5 nos tem para dar.


Pedro Pestana é viciado em gaming, café e voleibol, sensivelmente nesta ordem. Podem encontrar alguns dos seus devaneios em @pmnpestana

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