Entrevista Betclic Apogee Parte 1 – Ambição do projeto e objetivos da equipa

O IGN Portugal teve a oportunidade de entrevistar a recém anunciada equipa da Betclic Apogee, uma conversa onde exploramos vários tópicos, desde os objetivos gerais deste novo projeto, até ao estado atual do FIFA e a nova geração de consolas.

O anúncio da parceria e dos novos membros aconteceu no dia 27 de janeiro a partir de uma transmissão em direto no canal oficial de Twitch da equipa, além das lives de Ric Fazeres e Daizer, que acompanharam toda a revelação.

Durante o vídeo de anúncio, ficamos a saber que a equipa criada por Gonçalo Brandeiro será composta por Gonçalo “RastaArtur” Pinto, um dos mais reconhecidos atletas portugueses no cenário de FIFA, Tiago Araújo, atual campeão nacional, Gonçalo “Troppez” Brandão, campeão nacional em FIFA 19 e o jovem Júlio “Marqzou” Lourenço, que tem dado que falar no cenário competitivo.

A nível internacional contamos ainda com Lucas “Daxe” Guillerier, atleta francês que se sagrou campeão da Enations em FIFA 19 e que irá aliar-se aos quatro jogadores mencionados em cima, comandados pelo experiente treinador português Jorge “JMSilva” Silva, Alan “Zal” Brin, famoso antigo jogador francês que conquistou 5 mundiais de FIFA e ainda Manel “Iputzz” Barrocas.

Esta é apenas a primeira de duas partes da entrevista, focando-nos inicialmente no projeto Betclic Apogee.

Como foi a aproximação para o projeto da Betclic Apogee? Não acharam ambicioso apontar ao título de campeões do mundo?

Gonçalo Brandeiro (fundador da Betclic Apogeee): Não me choca nada, sempre apontamos para o topo, primeiro a nível nacional e agora temos condições para apontar a nível internacional. Aqui o RastaArtur que não me deixa mentir. Quando lhe perguntei o objetivo dele ele disse: “Ser campeão do mundo”.

Gonçalo “RastaArtur” Pinto: Obviamente. Olhando para o cenário do FIFA enquanto equipa e enquanto jogador individual, acho que a nossa ambição tem passar por querer ser sempre o melhor, para isso acontecer temos de olhar para níveis internacionais. A Betclic Apogee é neste momento um projeto internacional, com jogadores com muita experiência, portanto lá está, o trabalho está sempre associado à ambição e nós somos responsáveis por ter os melhores resultados possíveis.

Quais os vossos objetivos individuais, uma vez que se encontram ao lado de ex campeões do mundo?

Gonçalo “Troppez” Brandão: É sempre um privilégio trabalhar ao lado de pessoas como estas, neste caso temos o Daxe (Lucas Guillerier) que já foi campeão do eNations, o Zal (Alan Brin) que já foi campeão mundial inúmeras vezes e o Rasta que já fez Top 8 num mundial. Trabalhar ao lado de pessoas com esta bagagem e experiência é sempre enriquecedor e só tenho a aprender com eles, aumentando assim o meu nível competitivo. Sempre que trabalhamos em equipa conseguimos retirar algo extra, isto não aconteceria se estivéssemos sozinhos. Agora é esperar que todos nós aprendamos em conjunto e consigamos alcançar o sucesso.

Como tem sido a preparação desde o arranque do projeto? Já haviam treinado juntos, jogado juntos?

Jorge Silva (treinador): Alguns destes jogadores já se conheciam. A comunidade portuguesa sempre teve muito espírito de entreajuda por isso muitos dos atletas já tinham treinado juntos. Dentro da Betclic Apogee já tínhamos começado a trabalhar no início da época, ou seja, em Setembro, apesar da equipa só ter sido revelada agora. Da minha parte passou por perceber as necessidades individuais de cada um, o que precisam e tentar criar um plano para extrair o máximo deles, quer fosse através de treinos, quer através de estratégias de jogo.

O que pretendem alcançar pessoalmente esta época?

Júlio “Marqzou” Lourenço: O meu objetivo para esta época é chegar à grande final, o ano passado já tinha conseguido um TOP 16, um resultado que considero bom para primeira época, mas tenho de dar o step up e é por isso que estou na Betclic Apogee, para passar a um patamar superior. Estou a aprender, na calada, sem nunca apressar o meu desenvolvimento.

Tiago “TiagoAraujo10” Araújo: Os meus objetivos passam por ganhar todas as competições em que competimos. Este ano já conseguimos trazer quatro títulos por isso é manter.

De que forma vos afetou a pandemia? Como foi a procura de investimento e patrocínio das marcas?

Gonçalo Brandeiro: Falando a nível de investimento, é óbvio que a pandemia afetou os principais fatores de investimento das equipas, ou seja marcas e patrocínios, mas a nível pessoal e da Betclic Apogee, posso dizer que só trouxe coisas boas. A pandemia deu relevância aos esports por serem o único desporto que continuou a operar naquela altura de março e abril, em que o futebol e outros desportos estagnaram.

Isso trouxe visibilidade, com as marcas a incluírem esports nos seus planos, e a Apogee que já tinha uma parceria com a Betclic, conseguiu expandir a mesma num projeto mais ambicioso. No geral considero que teve um impacto positivo ao olhar para o caso de Portugal, para o resto do mundo penso que foi mais negativo, com grandes equipas a largar ou encerrar projetos, e marcas a recuarem nos apoios.

Contudo, acho que depois de Setembro do ano passado, depois da “estabilização” da pandemia, as marcas e equipas aprenderem a lidar com a situação, começando a evoluir toda a scene, gerando um crescimento geral.

A nível desportivo, em que sentido vos afetou e o que sentem mais falta?

Gonçalo “Troppez” Brandão: Não ter eventos presenciais é algo chato, falando por mim, é aquilo que considero ser o ponto alto de cada jogador. Chegar a uma final, pisar o palco, olhar para os milhares de fãs a assistir, quer em casa quer no evento, enquanto defrontamos um adversário que está diante de nós é algo mágico e completamente diferente de estar a jogar atrás de uma câmara, cada um em sua casa.

São ambientes diferentes, estados de espírito diferentes. A pressão e os nervos desempenham um papel muito diferente quando estamos em eventos físicos do que quando estamos em casa, portanto acho que nem sequer é comparável, algo que eu e a maioria sente falta, mesmo que muitos beneficiem de não haver, mas pessoalmente preferia voltar aos tempos de glória e voltar a ter eventos presenciais.

Jorge Silva: Acho que os grandes jogadores se veem nos grandes momentos e mesmo que se tenha visto o Tiago a jogar contra o Rasta na final da FPF eSports Masters, faltou aquela magia do público. Existe, como o Gonçalo referiu, alguns jogadores que se sentem mais confortáveis a jogar assim, enquanto outros sentem-se mais afetados não tendo público, por não ter aquela adrenalina extra.

Em termos de treino tivemos de fazer algumas adaptações. No início do projeto reuni-me várias vezes com o Gonçalo Brandeiro para discutir a possibilidade de realizarmos várias atividades para aumentar o espírito de equipa e coisas a fazer com os jogadores, algo que infelizmente, não se pôde concretizar e tivemos de arranjar outras ideias. Mas guardamo-las para o futuro, para quando estivermos num momento adequado.

A segunda parte da entrevista será publicada mais tarde no IGN Portugal, onde iremos explorar como se encontra o FIFA a nível competitivo, o que é necessário para começar nos esports e qual o jogador que mais se tem destacado no FIFA 21.


André Henriques é o ex “puto” do IGN Portugal, viciado em jogos Hack and Slash, japonesices, música e basquetebol. Podes segui-lo em @Andretgv0

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