Pode Destruction AllStars ser o próximo Rocket League?

Se têm uma PS5 em casa e são subscritores do Plus, ou mesmo se forem apenas um seguidor atento das tendências na indústria dos videojogos, conhecem certamente o novo jogo do Lucid Games e SIE XDev, Destruction AllStars, o multijogador online que foi incluído pela Sony nas mais recentes ofertas do PS Plus e com isso, conquistou os jogadores.

Conceptualmente recorda-nos títulos do passado da PlayStation, como Destruction Derby, mas o seu modelo acessível, que permite saltar rapidamente para um veículo de modo a participar numa partida rápida contra outros jogadores espalhados pelo mundo, lembra-nos Rocket League, o fenómeno da Psyonix, que também foi apadrinhado pelo serviço de subscrição da PlayStation na altura do lançamento.

O Lucid Games procurou criar uma experiência diferenciada, ainda que com inspirações passadas, mas interessa-lhes certamente replicar, tanto quanto possível, o sucesso de Rocket League. Para tentar perceber se isso será possível, olhamos para o conceito, estratégia de lançamento e capacidades multijogador do jogo da PS5.

Período que antecedeu o lançamento

O período que antecedeu o lançamento dos dois jogos foi diferente, mais claro no caso do jogo da Psyonix, que tinha a experiência acumulada com o anterior Supersonic Acrobatic Rocket-Powered Battle-Cars, um jogo que alguns argumentam ter imenso potencial, mas que manteve-se desconhecido durante a maior parte do seu tempo de vida. Para evitar que o mesmo acontecesse com Rocket League, o estúdio aproveitou a crescente popularidade de plataformas como a Twitch para mostrar gameplay ao mundo, uma estratégia que viria a dar frutos como sabemos.

Destruction AllStars teve a máquina de marketing da PlayStation a embalá-lo, mas a verdade é que esteve escondido até muito próximo do lançamento, que se esperava acontecer lado-a-lado com a PS5. Anunciado no verão passado com um prometedor trailer de apresentação, foi apenas com a notícia do adiamento que começamos a ver mais detalhes sobre AllStars, como a confirmação da resolução 4k dinâmica e 60FPS.

Estratégia de lançamento

A estratégia de lançamento de ambos os jogos foi muito similar, nem sempre foi assim é verdade, originalmente o jogo do Lucid Games iria desafiar o mercado com um valor novidade fixo pela caixa, ao qual se acrescentaria a monetização constante via itens cosméticos. Só mais tarde a Sony decidiu, e bem, alterar os planos, podemos argumentar que inspirada em exemplos anteriores de sucesso, como Gall Guys e claro, Rocket League, disponibilizando-o como parte das ofertas do PS Plus para fevereiro de 2021.

Há ainda assim uma diferença importante a considerar. Se em julho de 2015, altura em que Rocket League foi lançado como parte das ofertas do Plus, existia já uma considerável base de jogadores PS4, Destruction AllStars não goza da mesma sorte. A popularidade da PlayStation 5 é inegável, mas para lamento da Sony, a disponibilização de novas unidades não tem conseguido suprir a procura existente.

Originalmente lançada em novembro de 2020, três meses depois ainda há poucas consolas disponíveis, pelos dados anunciados pela companhia durante a apresentação dos resultados do último trimestre, nos primeiros dois meses foram vendidas 4.5 milhões de PS5.

Jogar em Conjunto

Este é para mim o mais importante dos pontos para explicar o sucesso de Rocket League, e como orientação para o que Destruction AllStars ainda precisa fazer. Aqui não me refiro apenas à existência de cross-platform em Rocket League, uma funcionalidade que demorou a receber luz verde por parte da PlayStation e que não entra nas cogitações de Destruction AllStars por ser exclusivo, mas ao facto das opções cooperativo-competitivas demasiado limitadas.

É muito discutível não podermos entrar em equipa com amigos nos modos free-for-all de Destruction AllStars, em nome da integridade do desporto, para que não existam grupos de jogadores a colaborar para eliminar os restantes competidores. A ação é demasiado frenética para que exista grande vantagem em ter um companheiro ativo, talvez em modos como o Gridfall seja compreensível, mas não no tresloucado Mayhem.

Mas o pior é mesmo a inexistência de qualquer tipo de opção muiltijogador em ecrã dividido. Vou continuar a ser o chato que não se cala sobre os méritos do co-op local, acho o elemento social importantíssimo no gaming e o online, apesar dos seus muitos méritos, não tem o direito de tomar esse espaço totalmente para si. Junto várias vezes amigos em casa para umas jogatanas, Destruction AllStars preencheria facilmente uma parte desse espaço, como faz Rocket League com alguma frequência.

Perspetiva do Espetador

Isto leva-me ao último ponto, que é a qualidade de AllStars na perspetiva do espetador. Rocket League levaria sempre vantagem porque se trata de um jogo de regras universalmente compreensíveis, é futebol afinal, mas acredito que qualquer título de cariz competitivo ficaria a ganhar com um Spectator Mode.

Está por ser provado que Destruction AllStars tem potencial para ser um jogo agradável para quem está de fora, mas sendo acessível, qualquer um pode entrar e começar a jogar e é normal que existam milhares de jogadores interessados em ver outros mais experientes a jogar, de modo a aprender e melhorar as suas próprias prestações.

É mais confuso visto de fora, mas vários streamers têm-lhe dedicado o seu tempo, especialmente porque é capaz de provocar gargalhadas e momentos de fúria, especialmente este último, por funcionar em constantes decisões de milésimos de segundo e ser frequentemente dependente do capricho das leis da física.

Falta-lhe subir uns degraus, mas Destruction AllStars tem potencial para alcançar o sucesso, talvez não aos níveis de Rocket League, mas o suficiente para cimentar-se como uma experiência longa na vida da PS5, justificando novos conteúdos e até competições merecedoras de entusiasmo. Acho que alcançaram o mais difícil, acertaram na base do gameplay, o sistema que sustenta tudo é que precisava de mais opções, mais sinergia e capacidade de unir os jogadores, fazer-lhes sentir que partilham o mesmo local e que competem pelas mesmas distinções. Para mais informações, convidamos-vos a ler a nossa análise a Destruction AllStars.


Antigo residente de Azeroth, mudou-se para o mundo real para poder escrever sobre as coisas que o apaixonam. Desconfia-se sonhar ser super-vilão. Podes segui-lo em @Darthyo.

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