Não sobram desculpas para não jogar Final Fantasy VII Remake

De miúdos a graúdos, se são ou foram fãs de videojogos em alguma parte das vossas vidas, então certamente já ouviram falar de Final Fantasy. Diferentes números e títulos foram o início e primeiro contacto do universo criado por Hironobu Sakaguchi, mas nada se equipara ao arriscado e altamente bem-sucedido jogo de 1997.

Dentro dos JRPGS, nenhum outro tem tanto nome quanto Final Fantasy, dentro dos Final Fantasy nenhum outro tem tantos fãs quanto o 7, e dentro dos Remakes, nenhum chega ao entusiasmo gerado por Final Fantasy VII Remake, com reações verdadeiramente memoráveis por todo o YouTube aquando da sua revelação.

Depois de anos de pedidos e solicitações, a Square Enix fez o impensável, dando a (re)conhecer um clássico pintado a cores modernas, moldando todo o seu sistema e mecânicas à era atual.

Final Fantasy VII Remake é um daqueles títulos que não fica indiferente a ninguém, um marco na história da indústria, que provou que a voz dos jogadores é ouvida. Agora que o temos disponível no PlayStation Plus, restam poucos motivos para não se aventurarem por um dos melhores de 2020, com o mesmo encanto e entrega que nos avassalou em 1997, quer seja o primeiro encontro com a série, ou a centésima passagem.

Não se deixem enganar, embora dividido por partes, a duração e conteúdo é igual à de qualquer outro AAA, prendendo milhares de fãs à cadeira em abril do ano passado. O peso imposto à Square Enix é sentido em todos os detalhes e isso passa para nós jogadores, sobretudo nos diálogos e cutscenes, elevados a um patamar idêntico ao de grandes produções para cinema.

Tetsuya Nomura e toda a sua equipa não tiveram medo de arriscar, expandindo o primeiro ato narrativo e tudo aquilo que tinham como referência…

Confesso que estava receoso quanto à minha experiência, talvez por medo de manchar a imagem que tinha do original, mas aconteceu o oposto. Tetsuya Nomura e toda a sua equipa não tiveram medo de arriscar, expandindo o primeiro ato narrativo e tudo aquilo que tinham como referência, dando a conhecer novas histórias e perspetivas de um intrínseco conto que vai mais além dos típicos universos dos JRPGs, com uma história madura e até algo fria, mais marcante agora, graças à tecnologia que temos ao dispor.

Ao contrário do que acontece com o Remake de Resident Evil 2 e 3, Final Fantasy VII Remake não se mantém 100% fiel às fundições que o originaram e isso é algo positivo. Todo o combate foi reinventado, abolindo as lutas por turnos típicas da série, dirigindo-se mais para algo focado na ação, comum dos jogos Hack and Slash. Uma união entre novidade e nostalgia que resulta na perfeição e que apresenta algo novo a todos os jogadores, quer tenham jogado o original ou não.

lembro-me dos discursos de Jessie, da inocência de Aerith e sobretudo, da beleza de Midgar.

As horas investidas durante a minha análise alimentaram uma aproximação a todas as personagens adicionais e ao combate, de uma forma que o jogo de 97 não tinha conseguido. Talvez por ser mais velho, talvez por tudo estar elevado a um novo patamar. A verdade é que passou-se um ano e lembro-me na perfeição do combate frente ao boss final do jogo, dos discursos de Jessie, da inocência de Aerith e sobretudo, da beleza de Midgar.

Não existe desculpa para não dar uma oportunidade a este universo, a um reencontro com algo que nos é querido. No final do dia, é um sonho tornado realidade. Ver o toque de midas da Square Enix em algo que diz tanto a tanta gente é simplesmente sensacional, dando a conhecer todas as personagens e vida aos mundos repletos de arestas da era da primeira PlayStation, no fundo, como sempre os vimos na nossa imaginação.

Final Fantasy VII Remake foi o primeiro título de 2020 que me fez pensar nos nomeados para jogo do ano, 8 meses antes do que era suposto. Tardes perdidas a ouvir as composições de Masashi Hamauzu, horas investidas em teorias sobre o que virá a seguir, do que esperar de uma segunda parte, caindo assim na realidade, inteirando-me que havia terminado algo que entregou tudo aquilo que pretendia, enquanto fã e enquanto jogador.

Do combate à história, do mundo à música, dos bosses imponentes às cómicas intervenções que só um estúdio japonês consegue criar; esta é a primeira parte de uma obra maior, esta é a representação máxima daquilo que a Square Enix e Final Fantasy foi, é e será.


André Henriques é o ex “puto” do IGN Portugal, viciado em jogos Hack and Slash, japonesices, música e basquetebol. Podes segui-lo em @Andretgv0

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