FIFA 22: EA não quer abandonar loot boxes, nem que a lei mude

Um executivo da EA defendeu a monetização do lucrativo modo Ultimate Team de FIFA, mesmo quando vários governos estão a preparar leis que classificam as loot boxes como gambling, ou jogos de azar, equiparáveis aos jogos de casino.

Numa entrevista com a Eurogamer, o Chief Experience Officer da EA, Chris Bruzzo debruçou-se sobre a temática, abordando a possibilidade de serem erguidas novas leis para regulamentar as loot boxes no Reino Unido, um dos maiores mercados de FIFA.

“Vamos trabalhar com o governo,” esclareceu Bruzzo. “Estamos prontos. Já estamos sentados na mesa. Vamos trazer ações a toda a hora, vamos trazer mais. Estamos prontos.” No entanto, Bruzzo fez questão de realçar que não prevê que a monetização de loot boxes venha a ser alterada, devido à sua importância financeira no desenvolvimento dos jogos de FIFA, ano após ano.

Depois de assinalar que a evolução da indústria significa que os produtores já não podem descansar depois do lançamento de um jogo, Bruzzo falou sobre como o dinheiro das loot boxes é essencial para a EA:

“Então, se estamos a lançar um produto de grande valor, e aparentemente estamos, porque 100 milhões de pessoas estão a jogá-lo, e quando alcanças tantas pessoas em todas as plataformas em que podes jogá-lo, sim, isso é uma grande escala e pode gerar receitas significativas. E precisamos dessas receitas para continuar a pagar aos nossos produtores para que eles possam continuar a gerar mais valor e tornar o jogo mais divertido com o tempo. Não vejo isso a mudar. Acho que os jogadores estão claramente respondendo à diversão que eles estão a ter com o conteúdo atualmente distribuído no jogo. Acho que vamos continuar a fazer isso.”

Embora Bruzzo não veja uma razão para a alterar a monetização do Ultimate Team, uma mudança na lei britânica pode forçar a EA a mudar a forma como é implementada. Caso as leis venham a ser impostas, a EA pode ser forçada a obter uma licença de ‘gambling’ no Reino Unido, o que também a iria obrigar a implementar um sistema de verificação de idade, para impedir o acesso de menores ao conteúdo considerado ‘gambling’.

Ainda que a EA insista que os seus FUT Packs e loot boxes não são ‘gambling’, os seus próprios documentos fiscais (página 17 e 18) realçam que alterações nas leis podem vir a afetar o seu modelo de negócios no futuro. Convém relembrar que em meados de abril deste ano, a EA viu-se envolta em mais uma polémica, depois de terem sido revelados documentos oficiais é revelada a estratégia da empresa em afunilar os jogadores para o modo FUT.

Quando a Bélgica baniu as loot Boxes, a EA simplesmente parou de vender FIFA Points no país, tornando-se apenas possível comprar os pacotes FUT através da moeda normal do jogo. Tendo em conta os comentários de Bruzzo, é pouco provável que a empresa siga adote a mesma abordagem noutros países.

No entanto, Bruzzo deixou claro que EA está atenta aos casos extremos, onde os jogadores gastam em demasia no jogo e quer combater este tipo de comportamentos. “Eu acho que precisamos de falar sobre os extremos. Eu acho que precisamos de trabalhar em soluções reais para esses jogadores que se encontram numa situação extrema onde perderam controlo do gastos.”

Por muito que a EA argumente que os sistemas de FIFA não são gambling, um relatório da caridade GambleAware verificou ligações “robustamente verificadas” entre loot boxes e ‘gambling’, onde indivíduos que apresentam comportamentos de risco são particularmente vulneráveis e geram “lucros desproporcionais nas loot boxes” para os produtores.


Pedro Pestana é viciado em gaming, café e voleibol, sensivelmente nesta ordem. Podem encontrar alguns dos seus devaneios em @pmnpestana

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