Notáveis da comunidade dão a opinião sobre FIFA 22

Faz hoje uma semana desde que os jogadores puseram as mãos em FIFA 22. Parece ter sido uma das edições mais polarizantes dos últimos anos, com a comunidade dividida entre o otimismo e o ceticismo. Por isso, a IGN Portugal decidiu falar com algumas das principais figuras de FIFA no nosso país, desde streamers a profissionais, e medir os sentimentos da comunidade face à mais recente edição do simulador de futebol da EA Sports.

Fizemos um conjunto de perguntas diferentes para streamers e profissionais de FIFA, pedindo a cada um para atribuir a sua própria nota ao jogo, de 0 a 10.

Streamers

Ric Fazeres

Nota: 7,5/10

A Mudança mais Diferenciadora: A fluidez do jogo, graças à nova geração, logicamente.

Um jogador Overpowered: Para já, tens os de topo os ‘meta’: Cristiano Ronaldo, Messi, Mbappé, Neymar, etc. Por outro lado, houve muitas cartas que perderam ‘stats’, que de um ano para o outro, pelo menos para a EA, deixaram de ser bons jogadores. Mas sei perfeitamente o porquê. Aliás, todos sabemos: para que durante a época sejam criadas dezenas de cartas novas com melhores stats, apelando à compra de Fifa Points.

Pedro Tim

Nota: 9/10

A Mudança mais Diferenciadora: Provavelmente o melhor FIFA dos últimos anos, isto na PS5. Está fantástico! Estamos a assistir a uma transição de plataformas. Na PlayStation 5, as coisas mudaram, o FIFA está mais realista, divertido e com a novidade do HyperMotion. O motor de jogo está melhor, guarda-redes melhorados e algumas animações foram adicionadas.

Um jogador Overpowered: Até agora, os jogadores de que estou a gostar mais, falando na parte do Ultimate Team, são sem dúvida Bruno Fernandes, Ruben Dias e Raphinha.

Movemind

Nota: 9/10

A Mudança mais Diferenciadora: O realismo no futebol, o facto de as fintas não serem o fator chave do jogo, o que torna a coisa mais real.

Um jogador Overpowered: Dos que testei, aquele de que mais gostei foi o Frenkie de Jong, mas o Ronaldo, como sempre, está muito bom.


Profissionais

Raquel Martinho “RaquelTy” – Jogadora do CD Tondela Esports

Nota: 7/10

Principal melhoria para o FIFA Competitivo: O jogo mudou completamente. Nota-se uma simulação mais parecida com o futebol: um jogo mais lento, mais passado. Tens mesmo de perceber um bocado de futebol, não é só fazer fintas. Tens de saber defender, tens de saber atacar com calma. Muitos profissionais queixam-se de que preferiam o FIFA 21, porque estavam habituados a fazer a finta deles, e este FIFA é muito mais lento. Com o HyperMotion, vem uma bola do ar e sentes uma receção mais passada, mesmo de futebol. Mas, por exemplo, quando estás na área e queres fazer um remate de primeira, o HyperMotion atrapalha-te.

Desejo para os próximos patches: Os Finesses Shots estão ridículos. Fazes um remate com um jogador com 60 de Remate e entra. Eles vão corrigir isso (e acho bem). Diziam que deviam manter essa característica no jogo, e que o problema era de as pessoas não defenderem bem. Consigo concordar um bocado com isso, mas um jogador como o Saint-Maximin, com 60 de remate, conseguir marcar, não traz muito realismo ao jogo.

Guilherme Costa “Costaport” – Treinador de Pro Clubs dos Betclic Apogee

Nota: 8/10

Principal melhoria para o FIFA Competitivo: Acho que o jogo veio com definições muito mais manuais do que os FIFA anteriores. Os processos de data learning estão mais evoluídos do que antes, apesar de ainda haver um longo percurso a fazer. Acho que o jogo está muito engraçado de se jogar, e bastante mais manual. Acho o jogo divertido, jogável, e acho que tem um skill gap superior. Os processos defensivos já não são tão automáticos. Dificultaram a defesa, o que é algo positivo, porque torna o jogo mais trabalhável

Desejo para os próximos patches: Essa pergunta é sempre complicada! (risos) Há sempre algo a melhorar, mas o problema é que os patches da EA ao longo dos últimos anos têm trazido mais coisas negativas do que positivas. Com base no histórico, preferia que não fizessem nenhum patch, mas pensado pela positiva, acho que os guarda redes fazem defesas que para mim, são um bocado impossíveis. Seria um ponto que mudaria. A malta queixa-se muito dos Long Finesses, mas eu estou confortável com isso. É uma boa adição, de modo a obrigar as equipas e os jogadores a pressionarem. A tendência das pessoas é fecharem-se muito atrás, naquele Park The Bus (“estacionar o autocarro”), e haver um recurso para marcar de longe é positivo.

Gonçalo Miguéis “BombNuker” – FIFA Team Manager dos SAW

Nota: 8/10

Principal melhoria para o FIFA Competitivo: A diversidade de jogo. Se olharmos para o que têm sido os últimos anos de FIFA, tem sido muito focado em saber skill moves, e a melhor combinação possível para ultrapassar o adversário. Acho que acabou por se tornar num jogo em que os cruzamentos funcionam, os remates de fora da área funcionam, a circulação de pé para pé, passe a passe, funciona, e acaba por ser um jogo mais apelativo em termos competitivos, porque não estás restrito a um estilo de jogo, o que infelizmente acabava por ser a norma nos últimos FIFA. Os guarda redes estão muito melhores no jogo dentro de área, e em contrapartida, em remates de fora da área, quando fazes um remate em jeito, têm umas animações muito estranhas, dão um passo em frente, e acabam por ficar completamente “desposicionados”. Gosto do facto de os guarda redes darem muito mais segurança, mas fora da área tem de se melhorar um pouco. Quem não gosta deste FIFA provavelmente gosta mais do aspeto das fintas, driblar, etc. E este jogo não é tão virado para isso, é mais futebol. Agora, a questão é esta: queremos que o FIFA seja mais virado para simulação ou arcade? Quantas vezes é que vemos o Neymar a fazer um cabrito e duas vírgulas de seguida? Não vemos!

Desejo para os próximos patches: Dentro da área, não me importo que o guarda redes seja o super herói. É difícil, mas é desafiante, e acho que faz sentido. A única questão são os remates fora da área. Acho que devem funcionar, e acho que é importante que funcionem para evitar o que acontecia nos outros FIFA, que era as equipas entrarem todas dentro da área e não havia perigo de um remate de fora da área, ninguém pressionava. Por outro lado, acho que um remate quase da bandeirola, só porque vai em jeito e em green time, não tem que dar golo! (risos).

João Afonso “JAfonsogv” – Jogador da Diogo Jota Esports

Nota: 7,5/10

Principal melhoria para o FIFA Competitivo: O formato de apuramento para os qualificadores. Acho que foi uma boa adição, mas pode ser ainda melhorada. Para mim, no FUT Champs, o ideal seria 30 jogos. No Rivals, é muito fácil qualificar-se. Na Divisão de Elite, onde deviam estar os melhores jogadores da Europa, é muito fácil apurar-se. Hoje em dia, qualquer jogador consegue apurar-se para a Divisão de Elite.

Desejo para os próximos patches: Os guarda-redes… se a 30 metros da baliza não é difícil marcar golo, a cinco metros é impossível. Está um pouco desequilibrado. Os Finesse Shots são uma mecânica que não é muito difícil de aprender. [quanto à necessidade dos Finesse Shots para evitar táticas muito defensivas] Acho que neste jogo o Park The Bus não é tão OP como foi em anos anteriores. Pelo que tenho notado, a defesa desce muito e abre espaço entre o meio campo e a defesa. Há muito espaço no meio campo para jogar.

Diogo Pombo “Tuga810” – Jogador dos Movistar Riders

Nota: 8,5/10

Principal melhoria para o FIFA Competitivo: O 2V2 está cada vez mais patente. A EA está a dar muita ênfase a essa vertente, o que atrai mais equipas e mais patrocinadores. Este lado mais novo, mais dinâmico, traz mais espetáculo ao jogo. Por outro lado, a EA Sports mudou bastante o tom do jogo em si, a forma como se joga. Está tudo mais manual, é preciso ter mais noção de ocupação de espaços. Requer que te adaptes mais, e há mais skill gap. Mas há outras nuances, como os guarda redes mais fortes, que permitem que jogadores menos bons não sofram tantos golos.

Desejo para os próximos patches: Queria que houvesse um pouco mais de skill moves efetivos. Este ano, a EA Sports tentou tornar o jogo mais realista, retirando essa parte dos skill moves. Por um lado, gosto muito dessa parte por ser mais realista, por outro, não acho que tenhamos de ser tão extremistas. Porque também retira um pouco de skill gap não havendo fintas, temos de jogar só em passe, passe, passe. Há mais uma ou outra parte, mas para mim teria de ser a adição de um ou dois skill moves. [Quanto aos Finesse Shots] acho que fui dos jogadores que se adaptaram melhor. Estão muito fortes, mas há uma coisa de que gosto muito: apesar de estarem overpowered, é preciso atacar o Green Time Finish. É difícil fazer esse Green Time, e acrescenta esse skill gap. Vi muitos jogadores a queixarem-se da eficácia desses Finesse Shots, mas não faço parte dessa comunidade, porque há uma forma de evitar, que é mexer o guarda redes. Muitas vezes, percebo que o adversário quer fazer esse remate, e antes disso, tenho de mexer o guarda redes para o sítio certo (há uma funcionalidade, carregando no R3) e assim consigo parar esses remates. Consegue-se defender esses remates, tem é de se estar concentrado.

Diogo Loiro “diogol13” – Responsável pela secção de Pro Clubs da TS Warrior Player

Nota: 8/10

Principal melhoria para o FIFA Competitivo: O jogo é mais tático. É um jogo ligeiramente mais pautado. Já não há tantas correrias como anteriormente, em que se pegava num jogador e ele fazia tudo sozinho. Acho que envolve um pouco mais de inteligência tática. E a nível competitivo acho que vai ajudar bastante as equipas, porque como estão todos a mexer ao mesmo tempo, deixamos ter aquele jogo de skill, sempre a puxar as ‘croquetas’. Este ano vai reduzir um pouco mais o fator sorte, e vai haver mais qualidade a vir ao de cima. [Quanto às dificuldades a defender em FIFA 22] Não tenho sentido isso. Tanto no um para um, como no Pro Clubs… quem sabe, sabe. E quem não sabe, tem de aprender.

Desejo para os próximos patches: Não estraguem o jogo! (risos). O hábito da EA é estragar o jogo, porque o pessoal que gosta muito de fintar começa a dizer que não dá para abusar nas fintas e depois vão estragar o jogo. O que espero é que, talvez, no um para um, corrigir os guarda redes, porque está claramente exagerada a forma como eles defendem. E talvez os Finesse Shots fora da área. E, sinceramente, não mudaria muito mais. Gosto do jogo como ele está, não alterava nada de nada.

Veredito

No final, a média das notas dá-nos um 8/10 para FIFA 22, uma nota superior ao 7 que lhe garantimos na nossa análise. Mantém-se a ideia de um FIFA divisivo, com as opiniões polarizadas sobre os remates em jeito e o papel dos guarda redes. Resta saber como é que o jogo vai evoluir a partir do próximo patch, que deve chegar às consolas algures este mês.


Gonçalo Taborda nasceu a chorar, estudou para falar e viveu a jogar. Foi ele que inventou esta frase e orgulha-se muito disso. Adivinhou a plot twist do SW:KOTOR antes do final da história e chegou a Silver V no LoL, por um dia. Podes segui-lo no Twitter: @OMelhorTaborda

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