Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento 3D – Análise

Foi há quase 27 anos que aterrou com estrondo nas nossas salas Terminator 2, pela mão e engenho de James Cameron, numa das mais conseguidas sequelas do cinema de ação de sempre. Hoje, recordamos o que um Arnold Schwarzenegger cibernético prometera com a sua voz metálica um I’ll be back!.

Ainda que seja questionável a sua legitimidade, não deixa de ser uma revisão que nos enche as medidas.

E não é que voltou mesmo, desta vez com uma veste de relevo em 3D! É claro que poderemos questionar-nos se haveria mesmo necessidade de fazer esta conversão, mas talvez ainda mais importante seja perceber até que ponto T:2 resistiu ao tempo e se esta nova patine não nos leva a colocar com agrado no nariz os óculos para ver mais além. E a resposta não poderia ser melhor: Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento 3D cumpre o feitiço do tempo e pouco ou nada perde ao longo de quase três décadas de existência, dando mesmo uma lição a muito do lixo digital que vamos engolindo em enésimas e desnecessárias franchises.

Mesmo quando vai apregoando as políticas reacionárias de então, patrocinadas por G.W. Bush, este projeto pessoal de Cameron convive com o melhor da ação dos anos 90, sobretudo pelos kudos ganhos no seu consistente manto narrativo capaz de lidar com questões complexas como a implicação das viagens temporais, a ancestral sugestão da emoção nas máquinas, numa fórmula que apresenta os melhores efeitos visuais da altura, ainda antes do CGI se impor como moda. Ainda que seja questionável a sua legitimidade, não deixa de ser uma revisão que nos enche as medidas.

Vamos aos efeitos visuais que são o engodo para uma nova chamada às bilheteiras, ou até uma sensacional descoberta por quem agora se estrear nesta guerra futurista entre homens e máquinas. Mesmo sem ser novidade, a presente conversão para 3D acaba por impor esse efeito na revisão de uma nova definição de contornos e texturas, sobretudo ao acentuar os efeitos especiais de fogo, as deformações metálicas do cyborgue T-1000, os efeitos de luz, seguramente naquele que será um dos trabalhos de topo (seguramente entre muitos outros) do mago Stan Winston.

Já que falamos de T:2 cumpre recordar Terminator, ou O Exterminador Implacável, apenas o segundo filme de um tal James Cameron que, em 1984, impulsionado por Piranha II, se atira a este avassalador filme paredes meias com a ação e o terror. Só que em vez de um Schwarzenegger com a missão de abater Sarah Connor (Linda Hamilton), este Terminator T-101 regressa do futuro através de um portal para defender o John Connor (Edward Furlong) e permitir que este rapaz possa sobreviver e tornar-se no líder da resistência futura. Ou seja, a ideia revolucionária era precisamente mudar o futuro. Isto a par de uma outra versão, mais sofisticada, o modelo T-1000, programado para aniquilar o rapaz com a ferocidade e determinação imposta por Robert Patrick. E é aqui que o guião de Cameron e William Wisher (que já assinara o filme de 1984) justifica a sequela, ao baralhar os lados da barricada. É que em vez do Terminator letal, a personagem robótica e sem expressão é convencida por John Connor a não ‘terminar’ as suas vítimas, optando antes por tiros no joelho. E até a ensinar-lhe algumas frases mais cool para passar despercebido, “hasta la vista, baby!”

T-1000.

Ou seja, em vez do vilão Schwarzie/Terminator temos agora o herói, já que é capaz de alguma aprendizagem, acabando mesmo por assumir componentes, digamos, mais humanizadas e até a assumir uma figura paternal; precisamente o mesmo de Sarah, que abandona o lado mulher acossada para assumir um lado mais musculado e belicista. É também neste filme que o avantajado ator austríaco passa a incluir nas suas performances um lado mais humorista.

possui aquele estatuto de clássico absoluto do género…

Ora é precisamente nesta variante entre o herói e o vilão que ganha espessura, aliada aqui à menos desenvolvida ligação ao hospital psiquiátrico, onde Sarah tinha sido mantida por advogar as tais premonições de um cataclismo bélico vindo do futuro, durante a primeira parte do filme, para gradualmente passar a assumir um lado mais humanizado e entregue aos sentimentos.

Até a própria ação evoluiu de algo mais feroz e brutal de Exterminador Implacável para uma conceção mais espetacular que inclui as diversas transformações e deformações de líquido metálico de T-1000, algo que usara primeiro em Abismo, de 1990, com a criatura feita de água, mas também as sensacionais perseguições, as mega explosões, aqui sempre com a cancela da ILM (Electric Light & Magic) de George Lucas. E quando chegamos ao final percebemos porque Terminator 2 possui aquele estatuto de clássico absoluto do género que não está ao alcance de todos.

Veredito

I’ll be back! Em versão 3D, apenas para recordar um dos maiores clássicos do cinema de ação dos anos 90, ainda antes da era CGI. James Cameron num dos seus momentos cimeiros, no filme que devolveu a Arnold Schwarzenegger um estatuto de estrela maior, até pelo facto de conseguir o mais amarelo sorriso da história do cinema. Sim, esta bela versão 3D vale bem a (re)visita.

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