Carta aberta aos jogos em mundo aberto

Gosto muito de vocês, gastei inúmeras horas a jogar-vos, mas honestamente já começo a ficar farto. Sim, eu sei que a culpa não é vossa! Vocês são meramente uma vítima num sistema capitalista que explora qualquer fórmula de sucesso até à exaustão. Não é uma forma saudável de negócio, mas os lucros falam mais alto. Espremer a vaca até à morte e passar de seguida para próxima vaca leiteira. É assim o estado dos videojogos, é assim o estado do sistema em que vivemos. Os mundos abertos (ou open-world se preferirem o termo original em inglês) tornaram-se em palavras quase obrigatórias para tornar qualquer jogo mais apetecível, são palavras que chamam a atenção e que vendem.

Actualmente, o vosso género nunca foi tão comum. Digo mais, são uma praga! Nem sempre foi assim. O primeiro estúdio a especializar-se em vocês foi a Rockstar Games com Grand Theft Auto (GTA). O esmagador sucesso que a série alcançou depois de Grand Theft Auto 3, que revolucionou para sempre os jogos em mundo aberto, tornou-vos altamente apetecíveis, no entanto, naquela época criar um jogo como vocês não era uma tarefa ao alcance de qualquer equipa devido às limitações do hardware. Foi na geração seguinte, com a PS3 e Xbox 360, que vocês começaram a alastrar-se.

O vosso sucesso contínuo, com excelentes exemplos como Assassin’s Creed 2, Red Dead Redemption, Batman Arkham City, The Elder Scrolls IV: Skyrim, Fallout 3, Far Cry 3, inFamous, Just Cause 2, ditou que as editoras começassem a apostar cada vez mais em vocês. De facto, a vossa premissa, para quem cresceu numa época em que os jogos ainda tinham bastantes limitações, é fantástica. Posso ir para qualquer lado, alcançar o cimo daquela montanha ou edifício no horizonte, espalhar o caos, roubar veículos, visitar cidades e aldeias diferentes! Isto soa mesmo bem. No entanto, como já diz o ditado, tudo o que é demais é erro. Infelizmente, vocês, os jogos em mundo aberto, são demasiados para o próprio bem do género.

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