Marvel’s Avengers – Análise

Dos seis membros principais dos Vingadores, um tema polémico porque aqui refiro-me àqueles que o cinema impôs nos últimos anos com o Universo Cinemático da Marvel, apenas Clint Barton ficou de fora dos materiais promocionais de Marvel’s Avengers, um truque da Marvel e Square Enix, que esconderam o personagem até à revelação dos inevitáveis DLCs, procurando imitar a febre que se gerou com a ausência de Hawkeye de Vingadores: Guerra do Infinito.

No seu lugar entra Kamala Khan, figura que faz a ponte entre os veteranos e os mais jovens dos fãs, a geração Ultimate se quiserem. A Square apresentou-a como “a protagonista” de Marvel’s Avengers, sempre desconfiei da exclamação, quase tanto como da garantia de que o Cap está morto, mas a verdade é que a jovem serve na perfeição como veia introdutória ao jogo, que tem início durante as preparações para o A-Day, servindo-se de um jorrar de delicioso fan service no qual Kamala é figura de proa, depois de ganhar o direito a participar num concurso acessível apenas aos verdadeiros fãs da banda-desenhada.

Esse segmento inicial envolve muito daquilo que jogaram na beta, mas é bem mais do que isso, especialmente graças a um excelente enquadramento e diferentes pormenores que imiscuem um toque da personalidade de cada Vingador, nomeadamente com uma entrada em grande do homem que paga aquilo tudo, Tony Stark. No dia da revelação do Chimera, o novo Helicarrier dos Vingadores, momento que devia ser de celebração para os ‘Earth’s Mightiest Heroes’, a tragédia abate-se sobre San Francisco quando um cristal que alimenta a base de operações do grupo explode, causando várias vítimas e induzindo pessoas com habilidades especiais, transformando-as em inumanos (“inhumans”).

Dos escombros do A-Day resulta uma profunda alteração da ordem mundial…

Dos escombros do A-Day resulta uma profunda alteração da ordem mundial, incitada pela culpa que cai sobre os Vingadores, sem acordos de Sokovia que os consiga salvar, pelas vítimas e principalmente pela morte do Capitão América. Com os Vingadores sobreviventes no exílio, George Tarleton, um dos cientistas que sobreviveu ao desastre em estado de graça, prospera ao apoderar-se da tecnologia Stark, usando-a para alimentar a sua própria organização, A.I.M., e perseguir os novos Inumanos que receberam os poderes do cristal.

Cinco anos depois e com um franco crescimento da sua massa cinzenta, Tarleton é cada vez mais perigoso, cabendo à jovem Kamala a tarefa de reunir os Vingadores para fazer-lhe frente. Este pode ser considerado o “Lado A” de Marvel’s Avengers, a campanha, que esconde altos e baixos narrativos mas no geral é uma boa história de super-heróis, quase sempre bem interpretados se ignorarmos alguns bugs risíveis com as expressões faciais, sendo que ao longo do tempo vão sendo introduzidos novos elementos à equipa, o que abre todo um novo universo de possibilidades acessíveis via War Table, a mesa central do Helicarrier onde Jarvis procura guiar as nossas ações.

uma boa história de super-heróis, quase sempre bem interpretados…

É nesse processo contínuo que vão sendo apresentados os diferentes sistemas que compõe um jogo gigantesco, que por maior que seja o esforço de design não evita complicações que tornam este Marvel’s Avengers demasiado complexo para o utilizador comum. Mesmo os denominados “gamers” vão demorar algum tempo a perceber a diferença entre nível base e power level, a entender os benefícios dos artefactos, ou do gear, a habituarem-se às diferentes habilidade que emprestam um estilo distinto a cada Vingador, mais ainda ao preencherem a árvore de talentos divididos entre bom e agradável, ou a conseguir identificar os diferentes tipos de objetivo, que podem envolver a defesa de áreas contra vagas ininterruptas de agentes A.I.M. ou uma mini Arathi Basin demasiado caótica para nos mantermos parados na defesa de um dos locais de controlo.

Antes de falarmos do “Lado B” de Marvel’s Avengers, um elogio para a equipa da Crystal Dynamics que tratou das animações dos personagens e do combate, e que preparam já a introdução de novos heróis, alguns já anunciados (incluíndo um certo cabeça de teia). Em primeiro lugar na navegação, a forma como Kamala consegue esticar os seus membros para agarrar-se a plataformas distantes, isto num ambiente de jogo com excelentes visuais, ou como o Homem de Ferro alterna o modo de voo com o pressionar de um botão, mudando de estilo de combate para um modelo on-rails, a capacidade de ativar o modo furtivo de Black Widow para dobrar quaisquer defesas adversárias. E claro, nada bate o prazer de atirar e invocar o Mjolnir, fantasia que nos conquistou no passado com um certo Deus da Guerra. Tudo isto, em modo co-op se assim desejarem.


Continua…

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