Peritos afirmam que a compra da Bethesda pela Xbox não se trata de uma tentativa de monopólio

A indústria de videojogos foi apanhada de surpresa ontem de tarde, com um anúncio bombástico da Microsoft, que anunciou que a Xbox vai adquirir a ZeniMax Media, grupo detentor de estúdios como a Bethesda, id e Arkane. Algumas pessoas começaram a questionar se este negócio é semelhante ao da Disney com a Fox, mas segundo um especialista jurídico, a aquisição da Bethesda pela Xbox é um tipo de negócio fundamentalmente diferente.

Após a notícia da aquisição do grande estúdio por parte da Xbox, surgiram comentários a afirmando que a compra poderia estar ligada a uma tentativa de monopólio, e que existem leis que impedem tais compras. Mas, enquanto a fusão da Disney Fox foi um exemplo de integração horizontal, o negócio do Xbox Bethesda é uma integração vertical, que é mais complicada do ponto de vista da lei antimonopólio.

Diferença entre integração horizontal e vertical

Uma fusão horizontal – que é o que o negócio Disney/ Fox foi – ocorre quando dois concorrentes dentro do mesmo mercado combinam-se. Em contraste, a fusão vertical Xbox/ ZeniMax é quando um distribuidor de conteúdo (Xbox) adquire um produtor de conteúdo (ZeniMax).

“As fusões verticais, que é o que está a ser referido para o propósito de leis antimonopólio, são historicamente menos problemáticas para os reguladores”, disse David Hoppe, sócio-gerente da firma de advocacia Gamma Law.

“[Com a integração vertical] ainda temos de nos preocupar com a escolha do consumidor e os preços de monopólio. Mas essas preocupações serão muito reduzidas porque ainda existem concorrentes independentes.”

Problemas com integrações verticais podem surgir quando esses negócios afetam a concorrência. Hoppe diz que há um argumento hipotético de que os exclusivos da consola podem impactar negativamente a competição, “Por exemplo, se a Microsoft comprar todos os grandes estúdios de jogos, as pessoas não vão querer adquirir uma PS5.”

Mas a exclusividade da consolas não tem sido um problema para o Departamento de Justiça ou mesmo para outros concorrentes dentro da indústria de videojogos.

Hoppe também disse que é uma coincidência interessante que a aquisição da Zenimax aconteça um mês depois da abolição da “Regra Paramount” por juiz federal de Nova York, um decreto de antigo da indústria cinematográfica que impedia os estúdios de cinema de adquirir ou manter cadeias de cinemas.

O fim do Decreto Paramount abriu caminho para a integração vertical na indústria cinematográfica, que Hoppe diz ser uma “situação muito semelhante à que temos aqui”. No entanto, a menos que um fabricante de consolas adquira todos os estúdios independentes de videojogos, não haverá qualquer tipo de preocupação.


André Henriques é o “puto” do IGN Portugal, viciado em jogos Hack and Slash, japonesices, música e basquetebol. Podes segui-lo em @Andretgv0

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