Crash Bandicoot 4: It's About Time – Análise

Existem poucas personagens que se distingam pelo seu legado, pela sua história, trespassando a barreira para se tornarem numa marca que representa toda uma geração. Do veloz ouriço azul da Sega, ao canalizador italiano da Nintendo. O carismático marsupial criado pela Naughty Dog fez parte dos anos de ouro da PlayStation original, tornando-se instantaneamente num dos embaixadores da plataforma.

Negligenciado, Crash acabou por cair no esquecimento, até que em 2017 a Activision começou por corrigir os seus erros com o lançamento da N. Sane Trilogy e em 2019 com Crash Team Racing Nitro-Fueled, duas remasterizações de sucesso que provaram que o bandicoot ainda tinha lugar nesta pequena grande indústria.

Felizmente não tivemos de esperar muito por uma sequela digna desse nome, que abraça o melhor dos três primeiros jogos numa experiência divertida e cuidada, oferecendo-nos aquele que poderá ser o melhor título da série.

Crash Bandicoot 4: It’s About Time não é um simples jogo numerado com a intenção de espremer o que ainda resta da propriedade, pelo contrário. O respeito pela personagem deu vida a um título que traz de volta tudo o que há de melhor na franquia, adicionando algumas melhorias não só visuais como mecânicas.

O jogo continua os eventos que concluíram Crash Bandicoot 3: Warped, com Dr. Cortex a escapar da prisão temporal ao lado de Uka Uka e N. Tropy. O regresso destes vilões faz com que se abram múltiplos portais por todo o universo, cabendo-nos reunir as Quantum Masks para trazer de volta a tranquilidade e equilíbrio à linha temporal, passando por distintos mundos repletos de cores e detalhes que vão fazer-vos saltar entre gozo e frustração, numa questão de segundos.

este é o Dark Souls dos jogos de plataformas

Não se deixem enganar pela palete de cores vibrantes e modelos retirados de um filme da Dreamworks, em jeito de brincadeira, este é o Dark Souls dos jogos de plataformas. Crash contraria o seu look ao voltar a oferecer níveis onde necessitamos de ser extremamente precisos em cada ação, onde cada morte serve de lição e aprendizagem, tal como acontece com os jogos da From Software.

Logo de início o jogo permite que se selecione entre Moderno (sem limite de mortes) e Clássico (três vidas por cada nível), mas claramente este último só foi adicionado para apelar aos fãs mais acérrimos. Nenhum nível foi criado para ser ultrapassado com apenas 3 vidas, algo que só serão capazes após múltiplas tentativas e horas perdidas. 20 a 30 mortes por cada missão foi uma constante durante a minha experiência.

É exclamado em alto e bom som “VAIS MORRER”, e assim é. A imprecisão dos saltos permanece, as hit boxes dos inimigos continuam a fazer-nos levar as mãos à cabeça, e apesar de tudo isso ser frustrante, é Crash como sempre foi, e ainda bem que não mudou. O sentimento de alívio após a conclusão de um nível ou boss é tão gratificante quanto uma vitória face ao mais imponente dos inimigos de um dos vários RPGs de renome.


Continua…

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