Mario Kart Live: Home Circuit – Análise

Mario Kart é um nome incontornável no mundo dos jogos de corrida arcade, tendo conquistado este lugar muito graças à sua jogabilidade, fácil o suficiente para qualquer pessoa pegar, e profunda que chegue para os fanáticos dominarem e acima de tudo impiedosa para ambos, num equilíbrio difícil de alcançar.

A franquia nasceu em 1992, na SNES, e desde então tem feito as delícias dos adeptos de corridas, tornando-se numa das melhores franquias para se jogar com amigos, partilhando um sofá com muita rivalidade à mistura.

Chega-nos agora às mãos Mario Kart Live: Home Circuit, que dá o inovador passo de aliar a realidade aumentada a um carrinho telecomandado, colocando-nos cada vez mais perto de um kart a sério. Mais real que isto, só mesmo se vestirmos umas jardineiras e saltarmos para o volante de um Kart.

A premissa é simples: Tu crias o teu próprio circuito no conforto da tua casa, utilizando 4 pórticos e baias direcionais para percorrer e tentar bater na Switch, controlando remotamente o carrinho. Depois de instalar o software do jogo bastaram-me poucos minutos para criar uma pequena pista, sem grandes obstáculos, para começar a acelerar com o canalizador.

No que toca à criação das pistas existem algumas limitações, acima de tudo ligadas ao hardware e ao espaço físico em si. A ligação entre a Switch e o kart físico funciona no máximo a cerca de 5 metros de distância, o que limita a possibilidade de montarmos pistas grandes, no entanto, será sempre necessário um local razoavelmente espaçoso e arrumado, para criar uma pista divertida.

tudo depende dos jogadores para criar percursos desafiantes e divertidos.

Mesmo dentro de um raio de 5 metros, a ligação entre a consola e o Kart nem sempre foi a melhor, com algumas perturbações e variações, que causam uma distorção na representação visual do circuito e causam muitas dificuldades na condução.

Tapetes, móveis, cabos e animais domésticos são enorme obstáculos para estas corridas, especialmente os últimos, que por esta altura já devem ser protagonistas de um número considerável de vídeos no YouTube à caça dos karts.

E no que toca aos obstáculos, o Kart é surpreendentemente forte e sólido, portanto, se têm tendência a encalhar, podem ficar descansados, ele aguenta. Posso-vos dizer que passei mais tempo do que devia a bater com o Kart na porta da casa de banho da redação, enquanto os meus colegas lá estavam. Muito divertido para mim, não tanto para eles.

Voltando aos percursos, e sem contar com as limitações físicas e de hardware, é importante referir que a criatividade tem aqui um importante papel, afinal, tudo depende dos jogadores para criar percursos desafiantes e divertidos.

No que toca ao lado virtual de Mario Kart Live, a câmara do carro telecomando tem qualidade suficiente para transmitir uma boa imagem da corrida, com a realidade aumentada a fazer o resto, dando uma nova cor e aspeto ao jogo. Para além de nos dar uma excelente noção de velocidade, bastante superior à realidade, aumenta imenso a nossa imersão, com vários temas e condições meteorológicas.

Por exemplo: com neve, a sala onde criei o meu circuito surge pintada em tons de branco, e tive de evitar blocos de gelo para não perder velocidade, enquanto que com tempestades de areia a minha visibilidade ficou reduzida e foi mais difícil controlar o kart, que tende a virar na direção do vento.

o Kart é surpreendentemente forte e sólido(…)

Todos os efeitos virtuais refletem-se de alguma forma na condução física do Kart. Se fores atingido por uma carapaça vermelha, o kart imobiliza-se durante um par de segundos, se ficar preso a uma Chain Chomp, vira automaticamente na direção que esta puxa e se pisares uma banana então vais perder por completo o controlo do kart. Estes efeitos práticos ajudam a acrescentar mais uma camada de complexidade aos circuitos, com novos desafios e condicionantes.

Mario Kart Live vem acompanhado de um sistema de progressão respeitável. À medida que conquistamos moedas nas partidas, desbloqueamos novos itens cosméticos que alteram o aspeto virtual do Kart, a roupa de Mario e a buzina – que infelizmente é exclusivamente virtual. Para além disso, ao conquistarmos o primeiro lugar nas competições recebemos a hipótese de aceder a novos escalões onde temos 50CC, 100CC, 150CC e 200CC com uma clara diferença de velocidade entre as classes.

Ainda assim, se não tiveres um amigo ou mais amigos para o modo multijogador, a diversão acaba por tornar-se repetitiva em pouco tempo. A inteligência artificial dos oponentes da Switch não é a melhor e não precisas de ser um condutor exímio para os bateres sem muita dificuldade. Para não mencionar que uma das melhores sensações da série Mario Kart é esmagar os nossos amigos com uma carapaça azul nos derradeiros momentos das corridas, para depois esfregar-lhes a derrota na cara.

Mario Kart Live: Home Circuit não deixa de ser uma forma inovadora e divertida de experienciar a reconhecida adrenalina da franquia, ainda que com pouca profundidade quando experienciada a solo. As limitações e exigências físicas que impõe são consideráveis e talvez a maior seja o preço necessário para desfrutar do modo multijogador, que exige pelo menos dois conjuntos, um investimento que pode facilmente ultrapassar os 200 euros.

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