Watch Dogs: Legion – Análise

Watch Dogs Legion marca o regresso das aventuras da DeadSec, o coletivo de hackers justiceiros, desta vez com duas grandes novidades: não há uma figura central como nos primeiros dois jogos e a ação toma lugar em Londres, num futuro que hipoteticamente, pode não estar assim tão longe.

Aqui não existe um protagonista, um herói em torno do qual gira a história: em Watch Dogs 3 qualquer londrino pode ser o motor da revolução. Após um atentado terrorista que vitimou centenas de pessoas, Londres encontra-se sob domínio tirânico por parte de uma companhia militar privada, com o governo a mostrar-se pouco presente. Como se isso não fosse suficiente, a cidade é também assolada por um sindicato criminal impiedoso. Junte-se um pouco de gigantes tecnológicas sem respeito pela privacidade e temos em mãos as cores que pintam um cenário negro, distópico e estranhamente familiar.

Estamos numa Londres pós-Brexit, sob um aparente manto de normalidade, onde cidadãos europeus são colocados em centros de detenção para serem deportados, sem-abrigo povoam as ruas, manifestações exigem melhores condições de vida e pessoas inocentes estão sempre sob vigilância e em risco de serem presas.

A Ubisoft construiu um mundo impressionante, não só a nível gráfico – Watch Dogs Legion merece mesmo ser jogado num PC de topo ou nas consolas da nova geração, é absolutamente belo – como também a nível de imersão, sendo que para a experiência muito contribuiu o monitor Odyssey G9 49″ que a Samsung Portugal nos cedeu para utilização nas análises gaming. Desde as conversas dos NPCs, a forma como eles reagem aos jogadores, os detalhes espalhados pela cidade, os programas de rádio que avisam para os perigos do fascismo, tudo ajuda a tornar Londres real.

Cabe à DeadSec retomar as ruas de Londres, galvanizando uma revolução onde qualquer um pode ser o herói. Esta é a segunda grande novidade de Watch Dogs Legion: ao longo da aventura, o jogador pode recrutar qualquer londrino, cada um com a sua história e um conjunto de habilidades diferentes. Desde operários de construção armados com martelos e chaves inglesas e capazes de chamar drones de produção; hooligans peritos em combate corpo-a-corpo ou até espiões, com carros dignos de James Bond: de Camden a Southwark, não falta escolha.

(…) não é assim tão difícil dar uma sova em vários guardas ao mesmo tempo, mesmo no controlo de uma idosa com flatulência.

No início da aventura temos disponível apenas um par de revolucionários, e logo a partir daí nada nos impede de fazer crescer o nosso grupo. De fato, a liberdade que o jogo oferece é imensa, com todo o mapa aberto desde os primeiros minutos. De qualquer forma, esta é uma tarefa necessária, até porque Watch Dogs Legion é uma experiência que deve ser jogada com o modo Permadeath ligado, isso dá uma nova dimensão ao jogo. Saber que um erro pode custar a vida de um dos nossos valiosos agentes faz toda a diferença. A morte é um preço a pagar em qualquer revolução, mas tem um sabor amargo quando calha a um agente com habilidades raras e valiosas.

Embora interessante, o sistema de habilidades é pouco profundo e um tanto quanto desequilibrado. Há habilidades que são claramente superiores a outras, enquanto que as características negativas não oferecem qualquer contrapartida. Pode ser extremamente hilariante ser descoberto numa missão de infiltração porque o personagem que controlamos sofre de flatulência, mas para além da piada aleatória, não há muito mais a ganhar com o mau funcionamento dos intestinos do nosso agente. Enquanto isso, um personagem que tenha um uniforme da Albion consegue tornar uma grande parte das missões num simples passeio, enquanto um hacker facilita imenso praticamente todas as missões.


Continua…

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