Análise – Age of Empires 4

Costuma dizer-se que quem não aprende com a história, está condenado a repeti-la. No entanto, repetir a história não é necessariamente uma coisa má, e Age of Empires 4 mostra bem isso. Não só repete a fórmula que tornou a franquia num monumento dos jogos de estratégia em tempo real, como lhe adiciona uma boa dose de modernidade.

Aliás, este é um dos maiores elogios que posso deixar a Age of Empires IV – o jogo explora e replica os pilares de uma franquia que marcou toda uma geração de jogadores e que ainda continua a fazer delícias dos fãs de estratégia em tempo real, sem nunca abusar dos seus sentimento de nostalgia.

(…) explora e replica os pilares de uma franquia que marcou toda uma geração…

Desde os primórdios do ano de 1997 que Age of Empires definiu uma fórmula que se manteve praticamente imutável até hoje. Tal como há quase 25 anos atrás, tomamos controlo de uma fação histórica e lideramos o seu destino nos campos de batalha, com mecânicas simples de decifrar, mas profundas ao ponto de nos manter agarrados por horas e horas.

Se já jogaste qualquer Age of Empires, as mecânicas do jogo vão ser extremamente familiares: Os aldeões coletam carne, madeira, ouro e pedra, todas as fações têm unidades básicas similares, há várias idades históricas pelas quais podes progredir para desbloquear novas unidades e tecnologias, está tudo cá. Se és um veterano da série vai ser como voltar a casa, se fores um novato, também não terás qualquer obstáculo para dar os primeiros passos no jogo.

A Arte da Guerra

Isto porque Age of Empires IV oferece um sistema de tutorial extremamente robusto para os novos jogadores, e mesmo para aqueles que querem sacudir a poeira das suas patentes de general. Seja nos primeiros níveis das campanhas ou nos desafios Art of War, este sistema de aprendizagem para além de ajudar a dominar os conceitos básicos do jogo, também ajuda a introduzir elementos mais avançados, que geralmente apenas ficamos a conhecer em jogos contra outras pessoas – e normalmente da forma mais dolorosa possível.

Obviamente nada nos prepara totalmente para a experiência que é jogar contra outros jogadores, especialmente se forem mais fortes do que nós, mas Age of Empires faz um trabalho notável na preparação para esse embate. Mesmo no nível de dificuldade normal, a inteligência artificial é capaz de testar a nossa capacidade e por mais do que uma vez me apanhou desprevenido com ataques simultâneos em vários pontos diferentes. Quando dei por mim, tinha deslocado um esquadrão de soldados para um lado das muralhas de Paris, enquanto o lado oposto era fustigado por um par de aríetes. Foi uma lição dolorosa, mas valiosa, e que me deixou em alerta e melhor preparado para a segunda tentativa.

Enviar cegamente grupos de soldados para a batalha e esperar pelo melhor é receita certa para o fracasso (…)

Age of Empires 4 procura manter-se fiel à velha máxima que tanto sucesso lhe rendeu nos jogos anteriores – as mecânicas base são simples de aprender, mas apresentam nuance suficiente para uma bom nível de profundidade, que recompensa aqueles que dediquem horas ao jogo. Há um preço a pagar no entanto, não esperem que os vossos cavaleiros carreguem heroicamente por um grupo de arqueiros indefesos como se isto fosse um filme de Hollywood, ou que os soldados assumam formações avançadas durante o combate, que nem uma legião romana.

É uma escolha consciente, que no fundo nos obriga a gerir muito mais de perto o nosso exército, especialmente para tirar partido do sistema de pedra- papel-tesoura de Age of Empires. Não esperem que um grupo misto de lanceiros, soldados e arqueiros assuma a gestão das batalhas – esse é o nosso trabalho enquanto jogadores. Enviar cegamente grupos de soldados para a batalha e esperar pelo melhor é receita certa para o fracasso e dificilmente vão deixar uma marca na história se assim for.

Os cercos também receberam uma nova dimensão, com a maior importância dos muros de pedra, que agora podem ser ocupados por soldados. Isto abre uma nova vertente estratégica, dando outra importância aos eternos trabuquetes, aríetes e torres e uma componente épica aos combates nas eras mais avançadas.


Continua…

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