Ruined King: A League of Legends Story – Análise

A onda de sucesso da Riot Games parece não ter fim, vivendo uma das alturas mais atribuladas para o estúdio de Santa Monica, pelos melhores motivos possíveis. Esta corrente trouxe consigo Ruined King, o esperado título proveniente da iniciativa Riot Forge, lançado sem aviso prévio, apanhando todos de surpresa e revelando-se uma entrada em grande no vasto leque de jogos associados a League of Legends e ao universo de Runeterra.

Anunciado a 12 de dezembro de 2019, Ruined King: A League of Legends Story pretendia servir de introdução ao conto de Viego e de Shadow Isles durante o longo evento que decorreu ao longo de 2021. Infelizmente o seu adiamento acabou por empurrá-lo para o fim do ano, já com o evento finalizado em League of Legends, desassociando-o do que ocorre agora no MOBA.

Este atraso acabou por ser mais positivo do que se imaginava, permitindo que o jogo de estratégia por turnos fosse finalizado, dando-lhe simultaneamente espaço para respirar. Agora que está disponível para todos, Ruined King mostra todo o seu potencial e valor, com o traço único de Joe Madureira a destacar-se em ilustrações que carregam uma narrativa bem construída, explorando de forma brilhante uma das centenas de histórias que Runeterra tem para oferecer.

(…) aventura explora algumas das mais famosas personagens de League of Legends…

Tal como o próprio nome indica, esta é uma história sobre Viego e a sua jornada, mas na verdade, é bem mais do que isso. Esta aventura explora a relação e forma de ser de algumas das mais famosas personagens de League of Legends, dando mais profundidade às suas personalidades e forma de agir. Do bem-disposto Braum, que vê o lado positivo por entre o caos e desolação, até Yasuo, o solitário e calado espadachim ioniano. Para além destes dois temos Miss Fortune, Illaoi, Pyke e Ahri, formando uma equipa composta por variados guerreiros de diferentes pontos de Runeterra.

Talvez o mais interessante deste título acabe por ser a forma como vemos e interagimos com locais que apenas visitamos através dos contos e cinemáticas da Riot, da interação natural entre todos, expandindo o lore como muitos poucos jogos do estúdio, focando-se apreciavelmente na narrativa.

A arte de Joe Madureira dá vida à narrativa e combate.

Neste aspeto assemelha-se a um Final Fantasy ou Baverly Default, com uma história intrínseca e repleta de objetivos para concluir, mas apresenta uma jogabilidade um pouco diferente, mais à semelhança de um Darkest Dungeon ou Slay the Spire, dois títulos indie que cimentaram o seu lugar no mercado pelo gameplay.

O sistema de combate é formado pelos comuns papeis de DPS, Tank e Healer, e divide-se em três lanes diferentes que determinam a velocidade e dano/ potência de cada habilidade. Speed Lane permite que golpeiem o inimigo rapidamente sacrificando dano, o oposto acontece na Power Lane, sendo a Balance Lane o intermédio entre as duas.

(…) uma espécie de jogo de xadrez, onde temos de pensar duas jogadas à frente…

É um jogo de cintura e adaptação interessante, com vários inimigos a exigirem habilidade e ataques em lanes especificas, obrigando a um planeamento prévio de cada jogada, com efeitos especiais positivos e negativos, como Poison e Healing a promoverem esta dança estratégica.

É uma espécie de jogo de xadrez, onde temos de pensar duas jogadas à frente, com o sistema de Ruined King: A League of Legends Story a exibir uma complexidade extraordinária em encontros com bosses e fora deles. É um RPG profundo com as mais variadas mecânicas do género, incorporando alguns toques e pormenores diretamente retirados de League of Legends.

Desde os equipamentos que podemos alterar em função de melhorar certos atributos, um sistema de Enchantment para os encantar concedendo-nos bónus extra, das habilidades que vamos debloqueando a cada nível com uma skill tree própria, às runas que oferecem poderosos benefícios. Tudo isto moldável e totalmente personalizável a qualquer altura, incentivando a experimentação dos diferentes membros.

Tudo isto forma um jogo desafiante, que nos surpreende e apanha muitas vezes despercebidos, contudo, existem alturas em que temos picos de dificuldade pouco convidativos. Em momento algum o jogo indica que necessitamos de um grind especial, com muitas das batalhas a serem facilmente ultrapassadas, até a encontros frente a bosses que nos provam errados e nos destroem com um golpe.

Ainda assim, o contraste entre cutscenes retiradas dos mais belos livros de banda desenhada e o grafismo pastel servem para amenizar estes segundos de frustração, encantando-nos com uma direção artística que nunca tínhamos visto, dando força a esta aposta da Riot Games e à iniciativa Riot Forge.

A Airship Syndicate tinha a difícil tarefa de ditar aquilo que podemos esperar dos futuros projetos da Riot Forge, com Ruined King: A League of Legends Story a provar-se uma jogada acertada. A dinâmica e profundidade de combate, juntamente com o grafismo e estilo visual singular, alimentam um dos melhores Turn-Based RPGs deste ano, que desenvolve o lore e história de Runeterra e dos campeões de League of Legends com os quais jogamos há mais de 10 anos mas sobre os quais pouco ou nada sabíamos.

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