Cientista ensinou ratos a jogar Doom 2

Parece algo saído da mente de um cientista louco, mas é bem real: Viktor Toth, um engenheiro neural, ensinou ratos a jogar Doom, através de um sistema de realidade virtual adaptado aos pequenos roedores.

Toth explicou o processo de criação do sistema VR à Mindsoft, revelando que precisou de cerca de 4 meses para montar a engenhoca. Toth recorreu a uma impressora 3D para criar as peças necessárias para o sistema VR, que consite numa bola inserida numa base que lhe permite rodar fixa num ponto. A isto juntam-se sensores de movimento que registam os movimentos da bola. O rato é colocado no topo da bola com um arnês, virado para um ecrã curvo, onde o jogo é exibido. Quando o rato se desloca numa direção, o jogo responde movimentando o personagem de Doom no mesmo sentido.

Basicamente, é similar às bolas que se costumam utilizar com os hamsters, mas em vez dos roedores estarem lá dentro, estão no topo. Para treinar os roedores, Toth usou um sistema de reforço positivo, que lhes dava água adocicada.

O desafio dos ratos era relativamente simples, pelo menos em termos humanos. Consistia em percorrer um corredor reto, do primeiro nível de Doom 2. Quando o rato chega ao final do corredor, o jogo está programado para voltar ao início para que o rato possa continuar com a experiência.

Toth usou 3 ratos para esta experiência: Romero, Carmack e Tom. Segundo explica, Romero, que adora comer uvas, foi o que teve mais sucesso em navegar pelo corredor. Eventualmente, após seis semanas de treino, Romero aprendeu a percorrer o corredor de forma consistente. Ao início demonstrou alguma confusão, mas depois adaptou-se ao sistema e podes ver no YouTube os seus dotes de jogador.

Toth também brincou um pouco com os ratos, tentando-os ensinar a alvejar os inimigos quando levantavam as patas, algo que nunca conseguiram replicar de forma consistente.

Qual é o ponto desta experiência? Para além do feito espantoso e igualmente adorável de ensinar ratos a jogar videojogos, Roth quer desenvolver um sistema mais eficaz para realizar experiências com ratos recorrendo a software em vez de hardware, como por exemplo labirintos.

“Quando conseguirmos de forma consistente treinar os animais a jogar videojogos, desenvolver uma experiência torna-se um problema de software, em vez de um problema de hardware, muitas vezes mais caro,” explicou Toth.

Ainda assim, este sistema ainda está longe de ser consistente ao ponto de poder ser utilizado. Nos testes que realizou ao longo de onze dias, Toth precisou sempre de ajudar os ratos a subir e descer da bola.

Tão cedo não vamos ter ratos a jogar Doom, nem tão pouco a dar-nos tareias em multiplayers, mas quem sabe um dia este sistema venha a ser utilizado para desbloquear progressos científicos.


Pedro Pestana é viciado em gaming, café e voleibol, sensivelmente nesta ordem. Podem encontrar alguns dos seus devaneios em @pmnpestana

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