Gran Turismo 7 – Análise

Nove anos depois, Gran Turismo volta a receber uma entrada na linha principal de jogos. Gran Turismo 7 promete honrar o passado, mas manter os olhos no futuro. Será que a Polyphony consegue recuperar a coroa da simulação automóvel?

A metáfora do ‘Rei dos Videojogos de Corridas’ aplica-se particularmente à franquia Gran Turismo. A classe da sua apresentação, que foi mudando ao longo dos anos mas parece manter uma identidade distinta de qualquer outro título, invoca valores de nobreza próprios de um monarca. A própria música clássica, que toca logo no vídeo de abertura, parece colocar-nos de volta na era feudal, como quem diz “se houvesse videojogos na altura de Afonso III, ele provavelmente jogaria GT”.

Por outro lado, a banda sonora é igualmente virada para o futuro, com alguns sons modernos (Vroom, de Lil Tjay, The Fanatix, Idris Elba, entre outros, é um dos exemplos). É aqui que temos um vislumbre da mentalidade da Polyphony face a Gran Turismo 7.

No que ao offline diz respeito, o World Map está de volta, num menu que pouco muda face às edições anteriores, mas que parece mais responsivo desta vez, sem o cursor a fugir para uma opção que não tínhamos selecionado. O GT Café é o grande destaque e serve como o Hub da campanha offline. Aqui, são-nos dado Menus, com diferentes temáticas – na maioria dos casos, temos de colecionar três carros de um género específico. Uma vez completado o Menu, recebemos uma recompensa e a próxima tarefa.

A recompensa vem sob a forma de uma pequena aula virtual sobre os carros que acabámos de colecionar. Temos uma cutscene a exibir os veículos e a sua história, de uma forma condensada e simples de entender. É nisto que Gran Turismo brilha e sempre brilhou: um respeito sem reservas pelo automobilismo, pela arte de fazer e conduzir carros. E o GT Café mostra-nos isso mesmo.

Estes momentos em GT Café são uma forma fantástica de ficar a conhecer mais sobre a história automóvel.

É um modo que, apesar de louvável, se pode tornar repetitivo. Faz as corridas, coleciona os carros, recebe as recompensas, repete. Ocasionalmente, temos a hipótese de participar em Campeonatos, embora para isso seja necessário adquirir as Licenças de Condução – estão de volta também, e têm de ser completadas para aceder a algumas partes de GT World.

Acelerar muito e travar dentro da marca: a epítome de Gran Turismo.

A ideia de GT Café parece ser, acima de tudo, a de servir como rampa de lançamento para o resto da experiência. É possível terminá-la na primeira semana de jogo, e os jogadores têm assim a oportunidade de conduzir praticamente todos os tipos de carros e familiarizar-se com as opções de personalização e afinação do carro. Quando cheguei ao endgame de GT Café, já tinha uma série de veículos ao meu dispor e vários Créditos disponíveis para entrar na Brand Central – o centro de automóveis de luxo – como uma criança numa loja de doces.

Brand Central – o centro de automóveis de luxo – [senti-me] como uma criança numa loja de doces.

O final do GT Café não significa o final da experiência offline, claro está. É possível continuar a desfrutar de Gran Turismo 7 através do modo Arcada e das Missões (cenários específicos nos quais o jogador terá, por exemplo, de recuperar três posições em apenas duas curvas).

Existe ainda o Music Rally. Apesar de o diretor Kazunori Yamauchi nos ter garantido que este seria um modo de relaxamento, no qual o jogador podia simplesmente conduzir ao som da música, não consegui evitar sentir o stress induzido pela contagem regressiva das batidas enquanto procurava o próximo checkpoint. O Music Rally, aliás, é uma das opções no menu principal de GT7, e confesso que acho a escolha bizarra. É um modo interessante, mas que deveria ser apenas um no vasto leque, e não um destaque desta edição.

Na dificuldade mais elevada, os condutores AI (há três níveis, para já) parecem seguir sempre a mesma tendência: até ao 3º classificado é muito fácil ganhar posições, mas os três carros da frente colocam um desafio legitimamente difícil, mesmo que estejamos ao volante de um veículo mais potente. A agressividade deixa um pouco a desejar: não tentam cortar a linha de corrida ou fazer uma curva por dentro para se protegerem. Parece que a Polyphony está à espera para introduzir a revolucionária tecnologia Sophy, que chegará numa atualização, para criar o desafio supremo aos condutores virtuais.

GT7 é simplesmente a melhor experiência de condução de Gran Turismo até à data. Apesar de o volante continuar a ser a melhor forma de jogar GT, a incorporação do DualSense traz uma nova dimensão. Sentimos os altos quando passamos pelo corretor, o gatilho do acelerador encrava se a transmissão encravar, etc. Apesar de ter sido polémico entre os fãs, fica também claro que Gran Turismo Sport deu à Polyphony as bases para construir uma boa condução, e cada carro tem uma sensação diferente, cada ajuste altera o manuseamento do automóvel – ou isso, ou estava a ser alvo de um tremendo efeito de placebo, o que parece pouco provável.


Continua…

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