Grid Legends – Análise

Grid Legends tinha tudo para ser um lançamento esquecido nos meses de março e fevereiro. Mas a Codemasters conseguiu criar um dos melhores títulos simcade de sempre, conjugando um novo estilo de apresentação da história, com a variedade de eventos e classe que conhecemos desde as origens da franquia.

Comecemos, aliás, pelas origens. Grid surge em 2008, como um sucessor espiritual da franquia TOCA, que se estendeu desde 1997 (com TOCA Touring Car Championship) a 2006 (com TOCA Race Driver 3). Os jogos TOCA Race Driver tinham um grande objetivo: dar ao condutor o maior número possível de veículos e classes com que competir. Quer fosse Fórmula 1, Nascar, OffRoad, 4X4 ou outro qualquer. Se tivesse quatro rodas e um motor, tinha de estar em TOCA.

Grid surgiu em 2008, como uma resposta da Codemasters às necessidades da nova geração. Em 2019, a série sofreu um pequeno reboot, com Grid (2019). Grid Legends vem dar continuidade a esse trabalho, embora traga elementos do passado da franquia – inclusive de TOCA.

Uma das grandes novidades desta edição é o Modo História, no qual tomamos controlo do Driver 22, um novato que se torna num dos pilotos da Seneca, uma pequena equipa de automóvel à procura do primeiro grande sucesso. Ao nosso lado, teremos a colega de equipa Yume Tanaka e o chefe de equipa Marcus Ado. Cabe-nos então vencer o campeonato na primeira época, numa história que faz lembrar Faísca McQueen, do filme da Pixar “Carros” (existem inúmeras referências automobilísticas que legitimariam muito mais esta análise perante os aficionados do asfalto, mas escolhi esta e vou seguir com ela).

Como não podia deixar de ser, temos rivais. Além de Valentin Manzi, uma personagem interpretada por Ncuti Gatwa de Sex Education, temos ainda Nathan McKane, o sobrinho de Ryan McKane, uma personagem cujo nome muitos poderão reconhecer dos antigos jogos de TOCA. Nathan, por sua vez, também é um condutor AI da franquia Grid.

  Nathan McKane, o principal (e desprezível) condutor da Ravenwest.

Finalmente podemos associar uma cara ao nome, numa rivalidade que se estende para lá da pista. No asfalto, porém, não é apenas com McKane e com a equipa Ravenwest que temos de nos preocupar. Isto porque, tal como o seu antecessor, Grid Legends tem o sistema Nemesis, através do qual certos condutores vão mostrar mais agressividade face ao nosso carro, se embatermos muitas vezes com eles.

Enquanto, anteriormente, o sistema era limitado à corrida em si, com o adversário a esquecer automaticamente todos os encontrões dados logo no evento seguinte, desta vez a inimizade transita entre corridas. Por isso mesmo, diria que houve momentos em que a minha preocupação não era tanto bater McKane, mas sim Popescu, o condutor do meio do pelotão que em diversas ocasiões fez questão de que eu conhecesse a barreira lateral.

Quanto ao Modo História, fiquei surpreendido: é apresentado com cutscenes FMV, ou seja, com os atores reais, num formato de documentário (um pouco como em F1: Drive to Survive). Os desempenhos não são propriamente dignos de um Óscar (existe um momento em que uma atriz fala português num sotaque dúbio, no mínimo), mas caminham a linha entre uma caricatura que não se leva demasiado a sério e momentos em que queria legitimamente saber do que acontecia a estas personagens. Até temos tempo para uma grande revelação final, mas esta análise não pode ter spoilers.


Continua…

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