Ghostwire Tokyo e a história da Tango Tango Gameworks

Hoje parte do conglomerado da ZeniMax Media, adquirido pela Microsoft em setembro de 2020, o Tango Gameworks é um estúdio de produção japonês fundado pelo veterano criador de Resident Evil, Shinji Mikami em 2010, na altura como Tango K. K..

Mikami quase dispensa apresentações para os fãs de videojogos. Depois de trabalhar na Capcom desde 1989, altura em que criou a famosa franquia de Terror de Sobrevivência e atirou o horror para o mainstream do gaming, o produtor decidiu que precisava de expandir a sua veia criativa, desenvolvendo jogos que usando princípios da mesma fórmula, se afastassem do horror.

Essa vontade viria a ser colocada em prática durante o tempo em que dirigiu Vanquish, para a Platinum Games, mas o horror voltaria a bater-lhe à porta na produção de Shadows of the Damned (Grasshopper Manufacture) e em todas as investidas da SEGA, que esteve muito tempo comprometida a convencer Mikami a produzir um jogo de terror com eles.

Em março de 2010, juntamente com um pequeno grupo de colegas, Shinji Mikami fundava o Tango K.K., um novo estúdio que em teoria, lhe permitiria desenvolver os próprios jogos e portanto, colocar em prática as ideias que tinha vindo a fermentar. Mas como quase tudo na vida, sobraram obstáculos. Não é claro porque os primeiros protótipos, em especial Noah, um jogo sci-fi em mundo aberto e inspirado em Dune (1984), acabaram cancelados, mas foi só com a entrada em cena da ZeniMax Media, que Mikami e a sua equipa puderam fazer as contratações que precisavam e avançar de facto para o desenvolvimento de The Evil Within, título de estreia do Tango, cuja análise vos convidamos a recordar.

Não foi desta que Mikami se “livrou” do horror, mas apesar de ter sido diretor do primeiro The Evil Within, na sequela esse cargo passou para John Johanas, ficando Mikami numa posição de supervisão geral da produção. Não sabemos se o objetivo era o de “ocidentalizar” The Evil Within 2 ou libertar o criador de Resident Evil para outro projeto, certo é que os anos passaram, e só agora, em 2022, vamos receber um novo jogo do Tango Gameworks

Apesar dos muitos elementos sobrenaturais e de aparente pavor, Ghostwire: Tokyo tem outros conceitos como nuclear, a nível narrativo e de gameplay, aproveitando a mesma fórmula de sucessivas secções de exploração de cenários não lineares, mas usando, ao que parece olhando para os materiais mostrados até aqui, um método diferente para forçar tensão, ingrediente chave do repertório Mikami.

Claro que o produtor já foi questionado sobre se é desta que se vai afastar do terror para explorar outras avenidas criativas. Quando lhe pediram para descrever o lado mais esotérico de Ghostwire: Tokyo, Mikami escolheu as palavras “intrigante” e “misterioso”, no lugar de “assustador” (via Gamerant).

“Misterioso seria a palavra certa para explicá-lo. Nunca usamos ‘assustador’ como palavra-chave. A nossa intenção foi não ter muitas situações assustadoras. Foi um pouco difícil no início. Não queríamos fazer um jogo de terror, e não queríamos fazer coisas engraçadas mas estranhas. Por vezes tentas fazer algo assustador, mas acaba por sair cómico. Não quisemos ir nessa direção.”

Kenji Kimura é o comandante em Ghostwire: Tokyo, mas como diretor do estúdio, há uma grande sombra de Mikami sobre o jogo da PlayStation 5. O Tango Gameworks quer provar que consegue fazer muito mais do que jogos de terror e por isso, o jogo será como uma prova de conceito para o estúdio no geral, e para Shinji Mikami em particular. É também, muito provavelmente, o último jogo que o estúdio desenvolve em exclusivo [consola] para uma PlayStation, marca onde nasceu Resident Evil e com ele, a carreira seminal de Mikami no terror.

Ghostwire: Tokyo vai ser lançado no PC e na PlayStation 5 já no próximo dia 25 de março. Os jogadores vão poder aproveitar um acesso antecipado de três dias com a Edição Deluxe, e para os subscritores do PlayStation Plus, está em voga um desconto de 10% nas pré-reservas, independentemente da edição escolhida na PlayStation Store.


Antigo residente de Azeroth, mudou-se para o mundo real para poder escrever sobre as coisas que o apaixonam. Desconfia-se sonhar ser super-vilão. Podes segui-lo em @Darthyo.

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