NBA 2K23 – Análise

Em grande medida, NBA 2K23 é um conto de duas metades e não de quatro quartos. Por um lado, é uma carta de amor ao basquetebol, à história da National Basketball Association e às glórias do passado. Por outro, é uma experiência cínica da produtora, com o objetivo de maximizar o lucro através de microtransações que, muitas vezes, prejudicam a capacidade de desfrutarmos do jogo.

Desde 2016 que NBA 2K tem dominado no court como um Kareem Abdul-Jabbar debaixo do cesto. Também ajuda que a concorrência de NBA Live se assemelhe mais a Cherokee Parks na sua capacidade de fazer frente ao gigante da 2K. Ainda assim, trata-se de uma franquia que, com mais ou menos brilhantismo, se tem mantido no topo com notável consistência.

Em NBA 2K23, as mudanças do modo MyNBA prometiam ser das mais entusiasmantes dos últimos anos, e assim se confirma. Em MyNBA, podemos jogar em quatro eras distintas da NBA (Magic VS Bird Era; Jordan Era; Kobe Era; Era Moderna). Em cada uma delas, somos brindados com os plantéis autênticos, aparências fidedignas de jogadores, grafismos e equipas de comentários próprios dessa era.

  Há quatro eras da NBA fielmente replicadas, com regras, plantéis e visuais autênticos.

E não se fica pelo visual. À medida que os anos passam, as regras da NBA também foi alterando em concordância com o que aconteceu na vida real. Por exemplo, iniciando na Jordan Era, começamos em 1991. Em 1994, houve uma mudança nas regras do jogo para que o shot clock apenas voltasse ao início se a bola tocasse no arco, e não no quadro do cesto. Ao jogar MyNBA Eras, esta mudança vai acontecer precisamente em 1994. O mesmo sucede com as equipas que se foram juntando e abandonando a Liga.

Recriamos um total de 15 momentos icónicos da carreira de Michael Jordan…

Não é possível sobrestimar o trabalho que isto implicou, e a beleza que é ver este tipo de conteúdo num jogo de desporto. As eras do MyNBA são a concretização de uma equipa apaixonada pela modalidade que quer representar – com o benefício, claro, de ser detentora das licenças da competição. Se tivesse uma crítica a apontar, seria esta: gostava de ver mais pessoas na bancada a usar roupas próprias da época. Se seleciono a Kobe Era (2002), quero ver um sujeito com calças de ganga, casaco de ganga e boina de ganga.

Os tempos idos em que se podia defender assim sem temer o risco de um inevitável ponto triplo… Steph Curry, o que nos fizeste.

Por falar em viagens no Tempo, os Jordan Challenges regressam pela primeira vez desde NBA 2K11. Conta com cutscenes entre episódios à lá The Last Dance, da Netflix, mas o destaque continua a recair sobre o que acontece no court, que começa logo em 1982, nas finais dos Campeonatos Universitários entre North Carolina e Georgetown. Recriamos um total de 15 momentos icónicos da carreira de Michael Jordan, com vários desafios para completar em cada jogo (número de pontos, número de ressaltos, etc,). É um modo do qual esperava apenas um curto mini-jogo, mas que valeu várias horas de gameplay e me colocaram ainda mais no espírito de experimentar o resto de NBA 2K23.

A juntar a isto tudo, a jogabilidade no court está melhor que nunca, com a introdução de uma mecânica de três bursts de energia que limitam o número de dribles que se pode fazer com sucesso. É uma forma de evitar o spam excessivo de habilidades, até porque na vida real dificilmente veremos um basquetebolista a transformar-se num Beyblade contorcionista. A juntar a isto, os jogadores parecem ter um movimento mais realista e pesado, especialmente quando comparado com NBA 2K21 e 22. Continuamos a ter as tenebrosas animações predefinidas e impossíveis de travar, mas quase tudo o que acontece no court é realista e equilibrado.


Continua…

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