Football Manager 2023 – Análise

NOTA: Ao longo da última semana, jogámos a versão beta de Football Manager 2023, que já contém todas as novas funcionalidades e adições, embora algum do texto in-game ainda não tenha sido traduzido para português, pelo que vários screenshots apresentam texto inglês. A análise foi feita tendo em conta que isto estará corrigido na versão final, tal como aconteceu em outros anos.


Football Manager 2023 é um jogo bom. É um jogo muito bom, na verdade. Isto é ponto assente, como tem sido apanágio da última década deste simulador de gestão futebolística. Esta edição, porém, parece expor algumas rachas na redoma da Sports Interactive.

E que redoma é esta? É uma redoma de absoluto controlo do mercado de simuladores futebolísticos – considerando que não disputa o mesmo mercado que FIFA e eFootball. A Sports Interactive criou esta redoma por mérito próprio, e disso não pode haver dúvidas. Criou-a através de uma consistência e inovação únicas, com cada nova edição a fazer-se valer pelas melhorias de interface e autenticidade, e não por uma ou outra nova licença que a editora tentava desesperadamente promover como revolucionária.

Parece que a estratégia este ano mudou, porque o grande destaque dos trailers e ações promocionais de FM23 foi precisamente uma nova licença. Neste caso, tratou-se da introdução das três principais competições de clubes da UEFA: Liga das Confederações, Liga Europa e Liga dos Campeões. Todas com grafismos próprios, sorteios personalizados e placards publicitários autênticos. As novas funcionalidades, essas, ocuparam uma posição secundária.

  O sorteio das competições europeias ocupa agora grande destaque no calendário da época.

Tudo isto contribuiu para um ponto de partida interessante ao começar a jogar a beta de Football Manager 2023. Ainda assim, quis deixar o cinismo de parte, e fui prontamente recompensado por isso. Salvo alguns excertos de texto que ainda não tinham sido devidamente localizados para a língua portuguesa, o jogo correu de forma estável, sem bugs ou crashes ao longo de mais de 20 horas.

Começando com o Real Betis, de Espanha, pude participar na Liga Europa, fazendo usufruto da nova licença da Sports Interactive. A produtora esforçou-se para mostrar que não se trata apenas de uma nova skin para o jogo, mas é difícil dissipar essa ideia. Temos os sorteios, que agora têm a apresentação autêntica, bem como marcadores e placards publicitários alusivos às competições da vida real. Tudo isto é bem-vindo, mas na prática trata-se mesmo de uma skin. Uma boa skin, diga-se, mas uma skin na mesma.

  Quinta-feira à noite não é a altura mais glamorosa da semana, mas deu para sentir aquele nervoso miúdinho na mesma.

Na prática, não há novos elementos: os sorteios já existiam, apenas têm outro aspeto; os marcadores e a entrada das equipas no relvado já existiam, mas agora estão mais autênticos. O problema é que isto nunca foi algo fundamental na experiência de Football Manager. A autenticidade, a ideia de realismo e role-play da franquia, veio dos sistemas intrínsecos de gestão de plantel, equipa técnica e da quantidade absurda de clubes e ligas à disposição. O que esta licença proporciona, no final de contas, é menos uma pasta no logopack que tantos jogadores vão descarregar.

O foco nas licenças parece ter deixado outros setores de parte, mas antes vamos falar do que está, efetivamente, diferente (e para melhor). A diferença que mais jogadores deverão utilizar nesta edição é o novo sistema de recrutamento, com a possibilidade de criar tarefas mais específicas, recebendo recomendações de acordo com vários parâmetros (idade, posição, altura, situação de transferência, capacidade potencial, habilidade, etc.). É essencialmente uma simplificação de um sistema que já existia (tarefas de olheiro), mas está mais acessível que nunca.


Continua…

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