Asus Rog Ally review – Uma nova rival para a Steam Deck?

É possível que, por esta altura, estejas a pensar no gigantesco atraso da nossa análise ao Asus Rog Ally mas, por motivos alheios ao Eurogamer Portugal, apenas conseguimos publicá-la agora; a unidade que nos foi enviada inicialmente tinha um qualquer problema, bloqueando sem razão aparente ou produzindo uns ruídos semelhantes a feedback que tornavam o seu uso absolutamente insuportável.

A Asus teve a gentileza de nos mandar uma segunda unidade mas, apesar de tudo aquilo referido no parágrafo anterior ter desaparecido ou diminuído consideravelmente, surgiu uma nova situação grave na parte final dos meus testes: o botão X parou subitamente de funcionar, impedindo-me de jogar uma boa percentagem de jogos. Não sei se se trata de extrema má sorte ou de uma qualquer maldição, mas tudo isto faz-me crer que o produto ainda está inacabado, com múltiplas arestas por limar para que funcione a 100%.

Vários jogos e plataformas num só local

Mas comecemos pelo início: tal como disse anteriormente, o Asus Rog Ally é um PC gaming portátil que te permite jogar jogos AAA em qualquer lugar; com uma GPU AMD Radeon Graphics e um processador AMD Ryzen Série Z1, o seu funcionamento e desempenho é ligeiramente superior à própria Steam Deck, da Valve, com a oferta da Asus a alicerçar-se no Windows 11 e permitindo instalar todo o tipo de plataformas de videojogos de forma rápida e conveniente.

De facto, esse é um dos grandes pontos a favor da “consola”; no mesmo dispositivo, instalei facilmente o Steam, a Epic Games Store e a Ubisoft Connect, sendo que tive ainda direito a 3 meses gratuitos de Xbox Game Pass! De facto, o Rog Ally é super intuitivo, sendo que vem instalado com um software denominado Armoury Crate SE que reúne todos os teus jogos num só local e permite um acesso rápido e fácil aos mesmos.

Ao longo dos meus testes, experimentei uma série de jogos e demos de diferentes “pesos”, para ver como o computador portátil se comportava nas mais diversas situações. As minhas conclusões resumem-se a uma: instabilidade. Como seria de esperar, jogos mais pequenos correm de forma imaculada, sem qualquer tipo de soluço, e pude verificar isso em títulos como Moving Out ou Inside.

Jogos mais pesados podem levar a consola ao limite

No que diz respeito a jogos maiores, os resultados podem variar: por exemplo, experimentei a demo de Lies of P e não tenho literalmente nada a apontar: para além de deslumbrante, o jogo corre suavemente no PC portátil da Asus; por sua vez, a demo de Resident Evil 4 Remake é perfeitamente jogável mas em determinadas ocasiões, é possível ouvir uns incomodativos sons de feedback.

Experimentei ainda Assassin’s Creed Unity e Watch Dogs 2 no PC e, novamente, a palavra-chave é instabilidade. No primeiro jogo, a minha experiência estava a correr lindamente até que, de um momento para o outro, o botão X parou de funcionar. Esta foi a primeira instância em que detetei este problema que, infelizmente, manteve-se presente até ao fim dos meus testes (e ainda agora perdura).

Quanto a Watch Dogs 2, só à terceira tentativa consegui realmente jogar o jogo; no preciso momento em que o gameplay ia começar, sabe-se lá por que motivo, a janela do jogo era fechada. Tentei perceber se eram atualizações pendentes, drivers por atualizar ou se as definições do jogo eram simplesmente demasiado altas para a “consola” aguentar mas não consegui chegar a uma conclusão concreta.

O último jogo que experimentei foi Death Stranding mas, com um botão a menos, não consegui progredir muito. Nos poucos minutos que passei com o jogo, fiquei agradado com o seu desempenho mas acabei por utilizar esse tempo para testar as colunas do dispositivo, cujo som é deveras poderoso e nítido.

Um dispositivo confortável e ergonómico

É sempre bom ter em mente que este não é um dispositivo “plug and play” e que, para além de alguns jogos precisarem de ser ajustados antes de serem jogados, outros poderão até ser demasiado pesados para o próprio dispositivo. A experiência pode mudar de jogo para jogo e é sempre bom estar ciente das especificações da máquina mas também dos requisitos dos jogos antes de comprá-los/iniciá-los. De qualquer das formas, quando o Rog Ally funciona devidamente, a experiência é francamente agradável e se tens tendência a jogar jogos mais pequenos, o seu desempenho é mais do que suficiente.

Numa nota positiva, o Asus Rog Ally é belo, imponente e confortável, com um belo ecrã HD LCD 1080p que torna as cores dos jogos imensamente vívidas. Admito que, para efeitos de comparação, apenas consigo fazê-lo com a Nintendo Switch normal (o que pode não ser inteiramente justo) mas o PC da Asus posiciona-se a léguas na dianteira. Com uma ergonomia exemplar, todos os botões estão a fácil alcance dos dedos e, apesar da aparência robusta, o dispositivo é leve e assenta perfeitamente na palma das mãos. As opções de controlo por toque do ecrã são também uma mais-valia e tornam o uso da consola mais rápido e prático.

O sobreaquecimento e bateria reduzida podem ser problemáticos

Ainda assim, existem algumas ressalvas que tenho obrigatoriamente de fazer a respeito do Asus Rog Ally: em primeiro lugar, o PC aquece muito. E quando digo “muito”, é ao ponto de pensar se a consola não vai começar a derreter. Mesmo jogando jogos menos pesados, o dispositivo torna-se insuportavelmente quente, especialmente na zona do ecrã, o que torna desconfortável o uso dos controlos por toque.

Em segundo lugar, é necessário mencionar a bateria do Rog Ally, que é ridiculamente baixa. Depois de jogar Tears of the Kingdom durante horas a fio na Switch, é um pouco estranho jogar Inside e, 50 minutos depois, receber um aviso de bateria fraca. Claro que a sua duração estará sempre dependente de múltiplos fatores – o peso do jogo, a luminosidade, o volume do som, apps abertas – mas, mesmo assim, não imagino os consumidores a usufruírem do PC a 100% fora de casa.

Por fim, o teclado do ecrã por vezes pode não aparecer quando clicas numa caixa de texto, obrigando-te a clicar nos botões traseiros e no botão superior do D-pad para forçá-lo a vir ao de cima. Nada tão grave como o referido anteriormente mas, em cadeia com os outros problemas, pode surtir alguma irritação.

Em teoria, o Asus Rog Ally tinha tudo para resultar

Todas estas falhas deterioram aquilo que, em teoria, era um produto absolutamente espetacular: múltiplos jogos de diferentes lojas instalados na mesma plataforma que podes jogar de forma portátil. No entanto, enquanto a Asus não corrigir todos estes problemas e suavizar ao máximo o desempenho da consola, os jogadores ficam mais bem servidos comprando um comando e jogando no seu próprio PC.

O Asus Rog Ally está à venda por 799,99€ e podes conferir mais informações e especificações no website da Asus.

Prós: Contras:
  • Jogos de várias plataformas num só local
  • Consola bonita e ergonómica
  • Som potente
  • Alguns jogos mais pesados podem dar problemas
  • Bateria curtíssima
  • Aquece demasiado
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