Marvel’s Spider-Man: Miles Morales – Análise

A Insomniac Games, estúdio que ganhou notoriedade graças a jogos como Spyro the Dragon ou Ratchet & Clank, teve em 2018 o ponto alto da sua história, quando utilizando a experiência acumulada em Sunset Overdrive e o voto de confiança de Sony e Marvel, apresentou um dos melhores jogos do catálogo da PlayStation 4, Marvel’s Spider-Man.

O sucesso de vendas e aclamação crítica do exclusivo garantiu futuro para a franquia e para o aracnídeo, há muito que os fãs sonhavam com um videojogo competente do Homem-Aranha, mas contrariando todas as apostas, a Sony nunca anunciou uma sequela, decidindo-se antes por este Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, spinoff assente na mitologia fundada pelo jogo anterior, com um protagonista que os fãs da banda-desenhada bem conhecem.

conquistou o seu espaço e tem crescido ao lado dos “dinossauros” da Casa das Ideias.

Miles Gonzalo Morales não é Peter Parker, não tem a mesma dimensão cultural, no entanto, conquistou o seu espaço por direito próprio e tem crescido ao lado dos restantes “dinossauros” da Casa das Ideias. Criado por Brian Michael Bendis e Sara Pichelli no universo Ultimate, ganhou popularidade suficiente para transitar para a linha principal dos comics, foi uma escolha afirmativa da Insomniac para a história de Marvel’s Spider-Man e tem agora uma das maiores provas de fogo, à frente da campanha promocional da PlayStation 5 como um dos jogos de lançamento do sistema.

Não era tão fácil como podia parecer à partida, a Insomniac tinha de encontrar uma forma de oferecer frescura num setting que já conhecíamos, a cidade de Nova Iorque, ao mesmo tempo que se apoiava naquilo que o jogo anterior fez bem, desde o swing às missões secundárias e combate, até a um ponto que julgo central neste caso, que é a representação da fantasia de vestir a pele de um super-herói, numa história relacionada com o aproveitamento das vulnerabilidades da população de Harlem por uma mega corporação liderada por Simon Krieger, um egocêntrico com traços de super-vilão.

Felizmente, quem conhece Miles Morales sabe que apesar das aparentes semelhanças, o adolescente é bastante diferente de Parker, em personalidade e também nas capacidade que lhe foram concedidas pela aranha radioativa. Essa é uma das áreas onde se nota maior cuidado do estúdio, apesar de grande parte dos combos ser parecido, as animações distinguem os golpes de Miles, que tem ainda uma série de capacidades que informam todo o design do jogo, do combate até à resolução dos puzzles.

apesar das aparentes semelhanças, o adolescente é bastante diferente de Parker

Com direito a suporte em árvores de talentos estranhamente limitadas até ao desbloqueio da opção New Game+, Miles possui a habilidade de fundir-se com o ambiente tornando-se invisível, e tem ainda a capacidade para acumular uma enorme quantidade de energia, que depois usa para desencadear golpes “Venom”. Quando bem jogado isso resulta em momentos francamente gratificantes, é incrível o arsenal de opções que temos à disposição ao longo dos confrontos, por vezes encravava porque me passava aquela ideia peregrina pela cabeça “já não usas X há muito tempo”, um atestado da profundidade do sistema que tem sido desenvolvido ao longo dos anos para a série.

Inicialmente encarei o combate da mesma forma que fazia com Peter Parker, percebendo rapidamente que se tratava de um erro. Trocar socos contra oponentes fortemente armados é má ideia, quando é impossível fugir à pancada Miles é muito mais eficaz a alternar Takedowns com Venom Strikes, ativando a camuflagem quando as coisas saem do controlo. As áreas fortemente guardadas incentivam muito a abordagem stealth, até porque se formos detetados, podemos simplesmente desaparecer até que os inimigos se esqueçam da nossa existência. A principal questão aqui é a dicotomia entre uma abordagem que é mais caótica mas divertida, e outra mais eficaz mas demorada e enfadonha.


Continua…

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