Demon’s Souls – Análise

Onze anos se passaram desde que comecei a aventura pelas obras de Miyazaki, um amor apaixonante que viria a prender-me até aos dias de hoje. Moldou os meus gostos e interesses de hoje, com a emoção e êxtase na conquista de um boss a encher-me a alma como nenhum jogo havia feito, e desde então, a série Souls anda ao meu lado como um pendente que uso orgulhosamente.

Demon’s Souls desafiou o facilitismo de outrora, criando uma legião de fãs que entre si formaram um autêntico culto, e mais importante, o início de um novo subgénero. Foi com alegria que os fãs receberam o anúncio de que a Bluepoint Games estaria responsável pelo Remake deste clássico, fazendo-nos acreditar num nível de detalhe e dedicação semelhante ao que vimos em Shadow of Colossus (2018).

o reencontro com uma das melhores histórias nos jogos da série Souls…

O regresso a Boletaria dita o reencontro com uma das melhores histórias nos jogos da série Souls, e também a mais fácil de acompanhar. Boletaria serve de palco à aventura, repartindo-se por 5 Archstones, cada uma com um cenário diferente e com diversos Bosses e demónios mortíferos, na tentativa de pôr fim à espessa névoa negra que cobre todo o reino.

A descrição dos itens e conversas com os NPC’s darão a conhecer um pouco mais daquilo que se mantem escondido a olho nu a todos aqueles que desejam saber mais do enredo, algo facilitado pelo regresso do elenco original e das melhoradas expressões faciais, um dos vários elementos técnicos que a Bluepoint fez questão de apresentar e içar neste remake.

O estúdio texano fez magia, elevando todos os parâmetros técnicos da série Souls, estabelecendo um novo padrão para a própria indústria, e ainda só estamos no começo da geração. Comecemos pelo mais simples e mais claro: Graficamente, Demon’s Souls é o mais belo título que alguma vez joguei. As texturas dos murais de pedra, o movimento da água turva a cada pisada, a densa poeira deambulando pelo ar, o radiante magma capaz de iluminar a mais negra das cavernas, tudo isto a 60FPS estáveis. Abismal, puramente abismal, traçando um novo teto máximo daquilo que é capaz de oferecer-se nas consolas.

Cada ambiente foi pensado ao pormenor, nunca destruindo a base, apenas adjudicando. Cada folha e raio de luz dá vida ao cenário, envolvendo-nos com os perigos obscuros e mediáveis que nos acompanham nesta epopeia. Tudo isto não soa a um jogo pensado para o lançamento de uma geração, e sendo, nem quero imaginar naquilo que nos espera nos anos que se avizinham.

Não esperem um remake à semelhança de Resident Evil 2 ou Final Fantasy 7, sem descorar os seus méritos. Uma vez mais a Bluepoint prova que é a melhor naquilo que faz, trazendo-nos uma cópia fidedigna, num autêntico golpe de nostalgia que salienta o melhor do jogo, oferecendo pequenas melhorias gerais, como 8 eixos direcionais no roll da personagem, a possibilidade de enviar itens que não consigamos carregar diretamente para a storage, e melhor que tudo, a remoção do limite de ervas de cura que podemos possuir. Um remake tão fiel, a um extremo que o pode prejudicar.

Não vou levantar-me e exigir introdução da lendária sexta Archstone ou de um combate diferente face ao Dragon God, mas sendo este um jogo com 11 anos, era inevitável a idade fazer-se sentir. Todas as melhorias adicionadas em Dark Souls são descartadas, continuando esta a ser uma experiência mais dura e crua do género. Uma área que nitidamente a Bluepoint poderia tocar e abrilhantar, mas preferiu não se aventurar.


Continua…

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