O Esquadrão Suicida (The Suicide Squad) – Análise

The Suicide Squad não é um reimaginar do filme de 2016, nem tão pouco uma sequela. Este é um filme que aproveita o melhor do original e oferece algo novo, com James Gunn a conduzir um esquadrão na sua maioria desconhecido do público, numa aventura que junta o melhor de Guardians of the Galaxy e Deadpool, mas na DC, uma união de ideias e elementos que há anos se tentam cruzar e que nunca havia funcionado deste lado do campo.

Bastam 10 minutos de filme para perceber que Gunn contou com carta branca, que os seus pedidos foram ordens, uma mensagem reforçada ao longo do resto do filme e que tão bem se encaixou com a mente tresloucada do realizador, com uma história simples que gira em torno de uma missão suicida para desmantelar um projeto de investigação em Corto Maltese, um objetivo banal que acaba por passar para plano secundário ao desvendarmos personagens ricas e relacionáveis.

Durantes 2 horas vamos conhecendo a essência deste caricato e desajustado grupo que na sua maioria, vai funcionando em duplas. As violentas e imaginativas mortes que surgem da competição entre Peacemaker de John Cena e Bloodsport de Idris Elba fizeram rir toda a sala e são um dos pontos fortes do filme, com os dois atores a exibirem uma excelente química, que resulta numa das melhores sequências de The Suicide Squad.

King Shark pela voz de Silvester Stalone e Daniela Melchior no papel de Ratcatcher 2 concedem-lhe o fio emocional, com a portuguesa a ser surpreendentemente o coração do filme. É uma estranha amizade que simplesmente funciona, com a solidão do mutante a ser preenchida pela inocência e boa disposição da atriz, com mensagens de valor que em nada soam a cliché, sempre com algum humor envolvido.

…a melhor Harley Quinn que vimos até à data, com momentos surpreendentes, reforçados pela direção e liberdade artística de James Gunn.

Margot Robbie é outro dos pontos altos de Suicide Squad, como já seria de esperar, numa interpretação que traz à tona a melhor Harley Quinn que vimos até à data, com momentos surpreendentes, reforçados pela direção e liberdade artística de James Gunn. Apesar de ser o elemento mais reconhecível do público, nunca se sente uma discrepância de atenções para com os outros membros da Task Force X, contando também ela com a sua dupla de ação com Rick Flag.

Seria impossível não mencionar Viola Davis que felizmente volta a dar vida a Amanda Waller. Tal como Robbie está para Harley e Hugh Jackman está para Wolverine, não consigo imaginar outra pessoa como a vil e dura responsável pela organização do esquadrão suicida, um papel que não conta com metade da atenção do grupo e que ainda assim, acaba sempre lembrado.

Muitos ficarão surpresos pelas boas interpretações, mas também pela direção artística e sobretudo a violência do filme. As cores, a seleção de músicas, a comédia, todos acertam em cheio, um filme quase perfeito para quem é fã do género, que nunca se torna enfadonho, utilizando com máxima força a classificação M16, sem medo de dar ao espetador aquilo que um filme com um bando de homicidas lunáticos, merece.

Se tivesse que apontar algo negativo seria o antagonista, um mal identificado em vários destes filmes, com a entrega a ficar aquém de tudo o resto. Peter Capaldi como Thinker não alcança a desejável ligação com o espetador, sendo descartável desde a sua introdução, muito por culpa das suas falas e background. Um vilão que nunca tem o seu momento de brilhar e acaba ofuscado por tudo o resto.

Ao longo dos últimos anos vimos inúmeras decisões questionáveis por parte da Warner e DC no que toca às suas adaptações para cinema. Replicar os elementos cómicos dos filmes da Marvel mas numa palete de cores muito própria, que forçosamente tentava relacionar pretos e cinzentos com rasgos de humor, nunca funcionou verdadeiramente… até agora. James Gunn volta a pegar num leque de personagens desconhecido num filme onde se vê que teve liberdade total, criando algo memorável, hilariante e extremamente violento. O melhor filme da DC desde The Dark Knight Rises.

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