Far Cry 6 – Análise

Desde o seu lançamento em 2004 que Far Cry elevou os jogos de mundo aberto para um novo patamar, estabelecendo um sólido padrão de qualidade, que foi sendo refinado jogo a jogo. Desde então, o nome Far Cry tornou-se sinónimo de gigantes mapas abertos, gameplay emergente, liberdade e vilões inesquecíveis. O sexto jogo da série principal não é exceção à fórmula, redobrando a aposta nos pontos mais caraterísticos de Far Cry.

Numa das cenas mais marcantes de Far Cry 3, tido por muitos como o melhor da série, Vaas Montenegro pergunta se sabemos qual é a definição de insanidade – “Fazer exatamente a mesma coisa e esperar resultados diferentes,” enquanto se prepara para nos atirar de uma ravina abaixo com um bloco de cimento atado aos pés. A Ubisoft mostrou-se atenta ao conselho do lunático vilão e embora à primeira vista pareça ter repetido a fórmula, a verdade é que melhorou bastante os vários ingredientes de Far Cry 6, introduzindo novos elementos de gameplay que ainda assim, não o libertou de algumas consequências negativas.

Far Cry 6 coloca-nos na pele de um guerrilheiro ou guerrilheira que luta pela liberdade da ilha paradisíaca de Yara e num delicioso toque de ironia, é provavelmente a entrada da série que mais liberdade nos dá para enfrentar os seus desafios. Assim que terminei o tutorial do jogo e deixei para trás a zona inicial, fiquei com todo o mapa aberto para explorar à minha vontade e com todas as ferramentas necessárias para o fazer.

Na base do grupo Libertad posso pedir um barco, ou um avião, helicóptero, cavalo ou carro para me fazer à aventura e embora no início apenas tenha opções básicas, é muito fácil expandir a garagem do grup. Ao contrário dos jogos anteriores, nenhuma zona do mapa está limitada pela progressão na história principal e não há nada que nos impeça de o explorar à vontade.

Um postal do paraíso

O passeio turístico pela ilha de Yara vale a pena, não só é um mapa massivo, como variado. Dividido em 5 regiões, cada uma delas apresenta uma geografia única, desde as quintas e ranchos de Madrugada à floresta densa de El Este. No meio temos as montanhas e vales de Valle del Oro e finalmente, a capital da ilha Esperanza, onde se encontra a cadeira de poder de Antón Castillo.

Espalhados pela ilha temos um sem fim de itens para colecionar como há todo um leque de atividades para participar, como já vem sendo tradição em Far Cry. Desde corridas de carros, caças a tesouros ao estilo de Indiana Jones, bases militares para assaltar, pontos de controlo – perdi o número de vezes de que me afastei da minha missão principal para explorar as várias atividades que Yara oferece, sem nunca ter sentido que sou forçado a fazê-lo. De facto, rebentei com várias baterias antiaéreas casualmente, tudo porque passei perto delas por acaso. Uma dinamite lançada por cima do ombro, enquanto seguia montado numa moto-quatro e voilá, tornei os céus seguros para voar e fazer skydive.

Yara respira vida, como se não bastassem todas as atividades e coisas para descobrir e há sempre uma surpresa ao virar da esquina. Às vezes era uma carrinha de transporte de prisioneiros que suplicava por ser intercetada, outras vezes escaramuças entre guerrilheiros e soldados, ou uma execução sumária para impedir. E claro não podiam faltar os animais selvagens. Alguns conselhos: Os crocodilos são particularmente fãs de pântanos e rias e os coiotes estão particularmente ativos ao final do dia. Posso ter soltado um ou dois gritos de surpresa da primeira vez que um crocodilo me atacou por trás, mas fiquem a saber que um lança granadas é particularmente eficaz contra estes répteis. Ou coiotes. Ou qualquer coisa que se mexa, para dizer a verdade.

A tudo isto, junta-se a beleza gráfica de Far Cry 6, que dá a pincelada final no quadro que é Yara. Entre praias paradisíacas, montanhas envoltas em florestas, a cidade de Esperanza, a densa selva de El Este, acredito que não vão faltar aos fãs da fotografia digital razões para criarem postais de visita de Yara. Neste departamento, também posso dizer que mesmo sem Ray Tracing, a performance do jogo na Xbox Series X é assinalável, com uma framerate constante, mesmo nas situações mais intensas, com campos de tabaco a arder, helicópteros a explodir e um pequeno exército de soldados à minha volta.

A ferramenta certa para o trabalho

Tipicamente, quando pensamos em táticas de guerrilha, pensamos em ataques e retiradas rápidas, em duas forças assimétricas que se opõem, numa espécie de David contra Golias. Far Cry 6 não coloca de parte esta ideia, mas também nos dá opções para fazer as coisas à bruta. Com um sistema de equipamento robusto, podemos escolher as melhores ferramentas para encarar os desafios à nossa frente.

Se a missão é assassinar um general, podemos equipar roupas com benefícios para movimentações furtivas, armas com silenciadores e granadas que detetam os inimigos, uma abordagem razoável, face ao número de inimigos que temos de enfrentar. Claro que, se forem como eu, vai-vos faltar alguma paciência de vez em quando para estes ataques cirúrgicos. Nada melhor então do que pegar num tanque, entrar pelo portão da frente da base e rebentar com tudo. Para quê empregar a delicadeza quando podemos ser um exército de um homem ou mulher?

(…) sem qualquer sombra de dúvidas – explodir mer$%s é francamente divertido.

Se há coisa que não faltam são ferramentas de combate e a maior novidede de Far Cry 6 são os Supremos, mochilas que conferem aquilo que pode ser resumido a uma habilidade Ultimate. Pensem em League of Legends ou Overwatch – os Supremos são habilidades devastadores, que vão desde um salvo de mísseis teleguiados, explosões de fogo ou de gás venenoso, ou de energia eletromagnética. Embora favoreçam um estilo de jogo mais agressivo devido ao seu cooldown que pode ser reduzido com abates de inimigos, são uma ferramenta indispensável e divertida nas mãos de qualquer guerrilheiro.


…Continua

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