Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin – Análise

Reinvenção: quatro sílabas que definem a reformulação ou recriação de algo já existente. Talvez a Team Ninja procurasse fazer isto com Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin, ou talvez procurasse apenas dar o seu cunho no gameplay enquanto trazia as personagens icónicos do primeiro Final Fantasy para 3D e alta definição. O que é certo é que a reputação deste título já o persegue desde o primeiro trailer, que ficou caracterizado por uma interpretação peculiar dos atores de voz. Afinal, o que é que se pode esperar de Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin?

Stranger of Paradise age como uma prequela do primeiro Final Fantasy. Esse mesmo, que foi lançado em 1987 e contava como Garland como o principal vilão, a encarnação do Chaos. Seguimos Jack Garland, um dos Warriors of Light enviados para travar Chaos. No entanto, como sabemos, ele tornar-se-á no próprio vilão que tanto quer travar (afinal de contas, Jack diz algo como “tenho de parar o Chaos” e variantes cerca de três vezes em cada cinco frases). Com este enredo, descobrimos o que levou Jack a virar-se para a escuridão. Juntamente com ele, temos Ash, Neon, Jed e Sophia, o grupo de personagens secundárias com visuais extravagantes, mas que ficam sobretudo na retina, sem nunca se alojarem na memória.

Para um enredo trágico de um guerreiro com boas intenções que vira para o lado negro, Stranger of Paradise consegue ter uma história muito pouco cativante. Durante os primeiros dois terços, saltamos de localização em localização e de cutscene em cutscene, sem perceber exatamente o que se está a passar. As personagens trocam meia dúzia de palavras, existe um fade to black e quando volta, estamos no local da próxima missão.

Um exemplo prático disto: Jack, Jed e Ash lutam contra Neon da primeira vez que a conhecem e descobrem de seguida que ela é a quarta Warrior of Light. Neon explica que também quer encontrar Chaos, Jack diz-lhe Bullshit, coloca fones nos ouvidos e mete música Rock a tocar enquanto vira as costas. A esta revelação segue-se e um fade to black no ecrã. Quando voltamos, estão no exterior do castelo onde lutaram e Neon está aparentemente com o grupo. Jack para a música Rock, vira-se para trás e decide acolher Neon no grupo, ao que se segue um cumprimento entre os quatro Warriors of Light.

O vídeo, que deixo aqui em cima para comparação direta com a descrição, é um exemplo do quão bizarra e desconjunta a narrativa de Stranger of Paradise pode ser. A juntar a isto, temos o voice acting questionável dos atores de voz ingleses, que já foi extensivamente discutido e amplificado pelas redes sociais fora. Os memes e sátiras podem hiperbolizar, mas não deixa de se tratar de uma interpretação que retira mais do que acrescenta a estas personagens, distraindo-nos de uma trama que, por si só, é difícil de acompanhar.

O que há a saber é que Jack não gosta de Chaos. Nada mesmo, aliás, e faz questão de o vincar. Os quatro Warriors of Light partem em busca do vilão principal, mas uma série de macabras revelações levam estes supostos heróis por caminhos inesperados. Como alguém que apreciou o companheirismo entre Noctis, Prompto, Ignis e Gladiolus, saltar para este grupo unidimensional foi um choque.


Continua…

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