Marvel’s Eternals (Eternos) – Análise

Passaram-se mais de três anos desde que a ideia de produzir uma adaptação live action de Eternals, o grupo de entidades geneticamente modificadas criada nos anos 70 por Jack Kirby, começou a fazer manchetes. Estávamos à entrada da reta final da Saga Infinity e começava-se a explorar o tipo de problemáticas, e vilões, que podiam suceder a Thanos.

Estamos hoje no início da Fase 4, o UCM é composto por mais do que os habituais 2-3 filmes de estreia anual, temos as séries do Disney+ a ajudar a compor uma malha que no final do dia, terá de caminhar numa única direção. Não necessariamente como aconteceu com as Infinity Stones, mas os adeptos dos comics estão habituados a desfrutar de extensos arcos que englobam uma série de micro-histórias independentes. Foi isso que fez, em parte, o sucesso da primeira década dos Marvel Studios, e como dizem no futebol, “em equipa [ou estratégia] que ganha, não se mexe.”

Em tão pouco tempo as série e filmes da Fase 4 apresentaram-nos uma série de novas figuras, heroicas e antagónicas, ao mesmo tempo que abraçaram conceitos tão ambiciosos como a magia, linhas temporais paralelas e o multiverso, que une universos cinemáticos inteiros. O elemento cósmico não é propriamente novo, o UCM brincou com ele a espaços, mas aquilo que faz o filme da realizadora Chloé Zhao, que tem estreia agendada para o próximo dia 4 de novembro, vai muito além do tínhamos vimos até aqui.

O primeiro filme a incorporar uma componente criacionista no UCM…

Fui propositadamente cauteloso para não elevar em demasia a expectativa para Marvel’s Eternals, mas estava secretamente preparado para ver um filme que 1. ou deixava poucas pontas por atar, ou 2. me surpreendia introduzindo [ainda] mais complexidade ao todo global da Fase 4, juntamente com uma série de novos personagens que claro, vamos rever eventualmente.

O resultado foi uma combinação das duas, é o primeiro filme a incorporar uma componente criacionista no UCM, a explicação para a existência das galáxias e dos diferentes elementos que a compõem, mas também da própria vida na Terra e eventos que fizeram a história da humanidade. Remete-nos a algo que o próprio Kevin Feige questionou em 2018 a propósito da versão original dos Eternals, de Jack Kirby, “eles existem há mesmo muito tempo. Há esta noção de todos os mitos e lendas que conhecemos de tempos ancestrais, foram eles inspirados pelos Eternals?”

Há mais de 7000 anos atrás, o grupo de Eternals composto por Ikaris (Richard Madden), Sersi (Gemma Chan), Kingo (Kumail Nanjiani), Sprite (Lia McHugh), Phastos (Brian Tyree Henry), Makkari (Lauren Ridloff), Druig (Barry Keoghan), Gilgamesh (Don Lee), Ajak (Salma Hayek) e Thena (Angelina Jolie) são enviados pelo Prime Celestial Arishem, que nos comics conhecemos como “O Juiz”, para a Terra com o objetivo de defender a vida inteligente do planeta contra os Deviants, uma espécie alienígena de ‘Apex Predators’. São tomadas algumas liberdades na representação destes últimos, em comparação com a banda-desenhada, mas tal como no material original, a sua criação é também um “erro” da responsabilidade dos Celestials.

Somos transportados para diferentes eras da humanidade, mergulhados em civilizações históricas, onde se estima terem nascido as sementes impulsionadoras do progresso da espécie humana. Essa é a principal tarefa dos Eternals, garantir que existem condições para que o intelecto humano se desenvolva, ao mesmo tempo que impedem que os Deviants o travem.


Continua…

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